A propósito da sua última passagem por Portugal no Moita Metal Fest, a Ruído Sonoro esteve à conversa com Beleth, vocalista e membro fundador da banda de blackened death metal espanhola Noctem.
Ruído Sonoro: O vosso álbum mais recente, Oblivion [2011], tem recebido grandes críticas, não só por toda a Europa, mas também nos Estados Unidos. Estavam à espera desta reacção?
Beleth: Nem por isso. Trabalhámos muito para criar um dos nossos melhores álbuns, mas não tínhamos a certeza de qual seria a resposta dos fãs e da imprensa. Foi um grande passo para os Noctem. Estamos muito contentes com a recepção, com as congratulações e com os prémios que recebemos do álbum. É muito satisfatório ser recompensado pelo trabalho duro.
RS: Quais são as principais diferenças deste álbum, quando comparado com o Divinity [2009]? O que é que podemos esperar deste último trabalho?
B: Com Oblivion reunimos todos os nossos esforços para fazer o álbum que sempre quisemos fazer. Desta vez as gravadoras não interferiram no nosso trabalho e assim pudemos partilhar com o mundo o nosso metal extremo e a aquilo que temos dentro de nós há tanto tempo a apodrecer-nos por dentro.
RS: Apesar da banda ter sido formada em 2001, o vosso primeiro álbum foi apenas lançado em 2008. Porque é que demoraram todo este tempo?
B: Em 2007, eu e o Exo tomamos o controlo dos Noctem. Mudámos a line up toda e começámos a trabalhar mesmo a sério, com novo material e quebrando com tudo aquilo que definia os antigos Noctem. Tivemos grandes problemas no passado ao tentar guiar os Noctem por um caminho mais sério, o que não é fácil quando tens 4 membros na tua banda e ninguém quer sair ou trabalhar. Mas pronto, como disse, isso foi há 5 anos atrás e agora os Noctem são comandados pelo Exo e por mim e iremos continuar a trabalhar desta forma séria, de modo a oferecer o melhor metal que conseguirmos.
RS: Entretanto, o nome Noctem cresceu e no último ano estiveram em digressão com bandas como Gorgoroth, Samael, etc. Como é que encaram tudo isto?
B: Os últimos anos foram difíceis e cheios de grandes experiências. Foi fantástico para nós partilhar o palco com algumas grandes bandas. Gostei muito dessas tours pela Europa. Este ano estamos em digressão sozinhos, tocando em alguns concertos e festivais europeus. A banda tem recebido algumas ofertas de digressão para Setembro e Outubro. Voltaremos à estrada brevemente, para uma última tour de promoção do Oblivion, antes de entrarmos em estúdio novamente para gravarmos o nosso próximo álbum.
RS: Não existem muitas bandas do vosso género no vosso país. Como é que vocês se sentem em relação à cena musical espanhola, e que opinião têm da mesma?
B: A cena espanhola é como a portuguesa, penso, pequena e extrema e underground. Em Espanha o metal não é o estilo predominante; as bandas espanholas de rock e pop rock dominam a cena musical, mas para nós isso não é um grande problema. Continuamos a caminhar pelo nosso caminho e a trabalhar. Apenas investimos mais na Europa e nos EUA do que em Espanha.
RS: Vocês têm uma relação muito próxima com Portugal, e já visitaram o nosso país por diversas vezes (mais recentemente no Moita Metal Fest). O que é que recordam desses concertos?
B: Dizemos sempre que Portugal é a nossa segunda casa. É engraçado, porque uma vez quando estávamos em tour pela Europa, um promotor cometeu um erro e disse que os Noctem eram uma banda portuguesa, e toda a gente nessa tour achava que éramos de Portugal e não de Espanha, mas isso não foi um problema para nós. Actualmente ainda algumas pessoas pela Europa fora nos dizem “ahh, Noctem de Portugal, certo?” [risos]. Mas não faz mal, muitas das vezes recebemos mais apoio aqui do que no nosso próprio país.
Os metaleiros portugueses são absolutamente incríveis, completamente doidos. Temos muitos amigos aí desde há muitos anos, que conhecemos quando estávamos em digressão, e eles vão a todos os concertos, apoiar-nos e ajudar-nos na promoção, como o Rupa da Nekronos Promotion ou o Pastilha e o Felix. Ficamos muito contentes quando vamos a Portugal, e divertimo-nos sempre muito.
RS: Que planos têm para o futuro? Já começaram a trabalhar num novo álbum?
B: Sim, o Exo e eu temos falado sobre o novo álbum e estamos a preparar novas ideias, e começaremos a compor nas próximas semanas. Falámos com o Hugo e com o Pardal dos Switchense e estaremos nos Ultra Sound Studios II outra vez em Dezembro deste ano para começarmos a gravar o nosso novo álbum.
RS: Onde e quando serão os vossos próximos concertos?
B: Tocámos recentemente num festival de metal em Ostend (Bélgica), o Huggins Awakening Fest. Os nossos próximos concertos serão na República Checa, no Czech Death Fest, Jam Rock Fest e ainda noutra data em Praha.
RS: Gostavas de deixar alguma mensagem para os vossos fãs portugueses?
B: Siiiiimmm!!! Um grande abraço para todos os fãs portugueses de metal extremo! Os melhores cumprimentos para todos os nossos amigos e fãs. Voltaremos a Portugal para espalhar o nosso melhor metal extremo e para curtir as melhores noites portuguesas. Obrigada por tudo, vocês são absolutamente fantásticos!! !
Entrevista por Rita Cipriano.