Omie Wise – To Know Thyself

Os Omie Wise são uma banda desconhecida que promete romper esse anonimato com um som intimista e um rock progressivo e psicadélico ímpar na indústria musical portuguesa. Naturais de Braga, fundados em 2017, o ainda muito jovem quinteto bracarense teve em 1808 o seu primeiro lançamento oficial, um EP que abalou o tecido musical e que surpreendeu a crítica. Agora, em 2019, os Omie Wise preparam-se para tomar de assalto o panorama musical português, com uma sonoridade que varia do melancólico ao esperançoso, do psicadélico ao progressivo, do suave ao ríspido, To Know Thyself tem tudo isso, contendo aqui ou ali elementos conceptuais que enriquecem um longa-duração que, desde a introdução, promete prender os ouvintes.

Apesar da juventude, não se deixem enganar pelos escassos anos de actividade. Os dois anos de existência são já riquíssimos em talento conseguindo, num álbum de estreia, cativar e atrair para a sua sonoridade os elementos mais interessantes do rock progressivo e do alternativo, com variações instrumentais muito cativantes, um conceito inteligente e faixas realmente trabalhadas.

Por de mais, o experimentalismo tem também aqui um dedo importante, sobretudo nas faixas “Umbra” e a mais comercial “Make a Knot” . No entanto, – e de forma muito inteligente – o tema de introdução “One, No One and One Hundred Thousand” lança o mote para reintroduzir a melancolia num álbum que será emocionalmente mais negativo do que positivo. O ‘press-release’ do grupo descreve o álbum como “uma viagem ao nosso lado mais frágil, onde a permuta de insegurança e incerteza se mascara e se concebe numa sala de máquinas que pauta um ritmo mecanizado, nem por isso, menos humano.” Nada poderia descrever melhor este lançamento, desde “Dead Wings Fly Higher Pt.1” até “Dead Wings Fly Higher Pt.2”, o disco centra-se num conflito essencialmente de emoções numa viagem fundamental humana e de dúvida sobre o nosso destino. “To Know Thyself”, a faixa homónima e último tema deste embate, é a única música que nos dá alguma esperança e que pode dar uma resposta, muito existencial, sobre um futuro que se inicia em “One, No One and One Hundred Thousand”.

Existe um potencial conceptual muito grande neste longa-duração de estreia de uma das formações portuguesas mais promissoras do seu tempo. São donos de uma sonoridade ímpar e pouco ouvida em solo nacional. “To Know Thyself” é fundamentalmente um álbum introspectivo e emotivo que nos apresenta uma resposta conceptual que deixa tudo em aberto e que pode representar um caminho mais sôfrego e sombrio para atingir um fim mais esperançoso. Não se deixem enganar pela juventude de uma banda que está apenas a começar.

Autor: João Braga

Álbum. AMP Studios. 27/09/19

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