Dez concertos para ver no Vodafone Paredes de Coura 2025

O Vodafone Paredes de Coura, um dos mais incontornáveis festivais do país, regressa de 13 a 16 de Agosto ao seu cenário de sempre. O anfiteatro natural junto à Praia Fluvial do Taboão continua a combinar a música nova e a alternativa com a frescura das águas do rio Coura, servindo não só como um certame de melodias mas também como destino idílico de férias.

Ao pegar nos dois nomes maiores por dia (aqueles que fecham o Palco Vodafone), já dá para ter uma noção da expressão musical proposta para este ano. A 13 de Agosto o Vodafone Paredes de Coura destaca o regresso do indie de Vampire Weekend a Portugal com o aclamado álbum Only God Was Above Us lançado no ano passado, enquanto a jovem Zaho de Sagazan traz consigo os argumentos da nova canção francesa e da synthpop que a circunda. Num dos raros concertos dados na Europa este ano, os Portugal. The Man surgem no topo do alinhamento para dia 14 de Agosto para recordar porque são um dos nomes queridos por cá da cena indie pop. Já a britânica Lola Young vai fazer a sua estreia nacional para se elevarem os telemóveis ao som de “Messy”.

No dia 15 de Agosto o festival destaca dois comprimentos de onda distintos no que toca à musica de cantautor. Mk.gee vive do neo-psicadelismo e da pop sofisticada como registado no álbum de estreia Two Star & the Dream Police, enquanto o já experiente King Krule carrega as suas faixas com algum slowcore, art rock e post-punk como em álbuns como 6 Feet Beneath the Moon, The Ooz ou o mais recente Space Heavy. A fechar o palco principal do Vodafone Paredes de Coura vão estar os já veteranos do indie rock Franz Ferdinand, no que promete ser um desfile de riffs orelhudos que marcaram a cena no início do milénio, mas sem antes se deslumbrarem à influência dos franceses AIR e da sua combo downtempo e trip-hop desde o lançamento de Moon Safari.

O festival este ano conta com o já habitual warm-up através do Sobe à Vila, onde vários concertos e DJ sets vão entreter os que marcarem presença mais cedo pela zona. Haverá também um after especial na zona do campismo, no dia a seguir ao festival, para que se possa despedir da azáfama de tendas com algum pé de dança.

Excluímos os nomes já mencionados para compilar uma lista de outros dez nomes a considerar nesta edição.

#01 Lambrini Girls

O ímpeto punk serve como pano de fundo para as palavras raivosas de Lambrini Girls (na foto). A banda originária de Brighton, a sul de Londres, é composta pela dupla Phoebe Lunny e Selin Macieira-Boşgelmez e há muito que se aguardava o álbum de estreia, lançado finalmente este ano. Em 2023 já haviam dado boas indicações com o EP You’re Welcome e com os rasgados elogios da referência Iggy Pop, pelo quando Who Let the Dogs Out saiu já se suspeitava o que aí vinha: foi gravado por Daniel Fox de Gilla Band e misturado por Seth Manchester, responsável pela produção de bandas como Battles ou Model/Actriz. A estreia nacional vai acontecer no Palco BacanaPlay do Vodafone Paredes de Coura a 15 de Agosto.

#02 Sharon Van Etten & The Attachment Theory

Dificilmente o nome de Sharon Van Etten será uma novidade no circuito indie quando álbuns tão marcantes na cena como Epic, Tramp e Are We There já celebraram os seus décimos aniversários. No entanto, a artista norte-americana regressa a Portugal com um motivo bastante diferenciador das suas visitas anteriores: traz consigo o primeiro álbum totalmente escrito e gravado com uma banda, os The Attachment Theory compostos por Devra Hoff, Jorge Castellano e Kristina Lieberson. Dessa forma é provável que o alinhamento passe em grande escala por esse novo disco, mas também por faixas já icónicas da sua carreira como “Comeback Kid”, “Every Time the Sun Comes Up”, “Tarifa” ou “Seventeen”. O concerto vai ser no Palco Vodafone no dia 16 de Agosto.

#03 Black Country, New Road

Outrora uma força ascendente do post-punk e do rock experimental, os Black Country, New Road percorrem desde a saída do vocalista e guitarrista Isaac Wood uma via musical distinta. Fundindo elementos de pop barroca, folk e indie rock, o colectivo de Cambridge lançou finalmente o passo seguinte no que toca a longa-durações. Forever Howlong é um disco muito diferente do anterior estrondo Ants From Up There, mas continua a revelar as capacidades de composição do sexteto. Entre Georgia Ellery, Tyler Hyde e May Kershaw há agora três vocalistas em vez de um e o saxofone de Lewis Evans também acaba por preencher mais espaço. Será um concerto a não perder no Palco Vodafone a 15 de Agosto.

#04 Ela Minus

A produtora e multi-instrumentista colombiana Ela Minus, após três EPs de produção própria, lançou o seu álbum de estreia em 2020 com o selo da Domino. Acts of Rebellion foi um disco que surpreendeu pelo tacto electrónico que se estendeu timidamente à música latina e ao jazz, mas cinco anos depois regressou às edições com DÍA. Cerimónias postas de lado, Ela Minus garante agora uma selecção de faixas extrovertidas de fazer ferver qualquer pista alternativa. No festival vai acontecer a 15 de Agosto no Palco BacanaPlay.

#05 Being Dead

Os Being Dead têm a responsabilidade de dar o primeiro de todos os concertos dentro do recinto do Vodafone Paredes de Coura, no Palco BacanaPlay no dia 13 de Agosto. A banda texana de indie rock surpreendeu no ano passado com o lançamento de EELS, produzido por John Congleton, como um dos melhores álbuns do género dos últimos anos. Há ali garage e rock psicadélico q.b. para viajar e fazer movimentar corpos entre faixas rápidas e eloquentes. Vai valer a pena entrar cedo no festival. Pelo menos nós avisámos.

#06 DIIV

Cada vez mais um dos grandes nomes do shoegaze não-revivalista, os DIIV de Zachary Cole Smith regressam a Portugal com o quarto álbum Frog in Boiling Water ainda a cintilar nos ouvidos apesar de lançado há mais de um ano. Depois de fazer as primeiras partes de Depeche Mode nos Estados Unidos, a banda de Nova Iorque vive um novo pico de popularidade apesar de há muito estar nas bocas dos fãs do género graças a álbuns como Is the Is Are e Deceiver. Em Paredes de Coura actuam no Palco Vodafone FM no dia 16 de Agosto.

#07 Nilüfer Yanya

Sucessivos lançamentos aclamados por público e crítica fazem de Nilüfer Yanya uma das jóias actuais da cena indie britânica. My Method Actor, álbum lançado no ano passado, mantém alta a fasquia elevada nos anteriores Miss Universe e Painless, mas nem assim a artista londrina se deixa encostar, trazendo já consigo também um novo EP recentemente editado e intitulado Dancing Shoes. É para a sua voz e guitarra que se deverão centrar as atenções a 13 de Agosto, com aplausos guardados para faixas como “Like I Say (I runaway)”, “stabilise”, “Call It Love”, “midnight sun” e, se tivermos sorte, para a versão de “Rid of Me” de PJ Harvey que tem figurado nos seus alinhamentos.

#08 Fat Dog

Finalmente o fenómeno Fat Dog vai chegar a Portugal a 14 de Agosto, para concerto no Palco BacanaPlay. Finalmente, sim, mesmo quando o álbum de estreia WOOF foi lançado há um ano. Apesar da banda ter sido formada durante a pandemia em 2020, acontece que três anos depois já era considerada pela NME como a live band mais selvagem do ano. Nesse mesmo ano assinaram com a Domino, lançaram o primeiro single “King of the Slugs” (esse tour de force de rock e techno, ou simplesmente dance punk) e fizeram a primeira parte para bandas como Viagra Boys e Yard Act. Os dados estavam lançados para o sucesso, somando depois outras faixas viciantes como “All the Same”, “Running” ou “I Am the King”. Não consolados, já dão vislumbres para o futuro com a “Peace Song”.

#09 Cassandra Jenkins

A norte-americana Cassandra Jenkins pode não ser o nome mais sonante quando o foco do festival é o rock mais imediato. O brilho da sua pop folk ambiental já convence desde 2021, ano em que lançou o apreciado segundo álbum An Overview on Phenomenal Nature, mas no ano passado voltou a dar nota positiva com My Light, My Destroyer. Este novo disco, o primeiro lançado pela Dead Oceans, figurou nas listas de final de ano e coloca a música de Jenkins num novo patamar: aquele que já merecia há uns anos pelo menos. A sensibilidade e a complexidade do arranjo das suas canções pode ser testemunhado no Palco BacanaPlay no dia 15 de Agosto.

#10 Soft Play

Para terminar a lista voltamos ao rock mais rijo. Reconhecido até 2022 como Slaves, o duo formado por Isaac Holman e Laurie Vincent potenciam as suas maiores influências para um som mais moderno. Há elementos de The Clash, Gang of Four, Ramones, Rancid e até Talking Heads para se conseguir bailar o punk rock de Heavy Jelly, o álbum mais rápido e pesado da banda até à data. Ainda assim deve dar tempo para curtas passagens pelos álbuns Are You Satisfied? e Take Control, assim como o primeiríssimo registo, o EP Sugar Coated Bitter Truth. Mãos ao alto no dia 14 de Agosto no Palco BacanaPlay.

Para além dos dez nomes escolhidos e os mencionados no topo do cartaz, o Vodafone Paredes de Coura 2025 conta ainda com as presenças de Ana Frango Elétrico, bar italia, Capicua, Cass McCombs, Chastity Belt, Geordie Greep, Gurriers, Hinds, Joey Valence & Brae, LA LOM, Linda Martini, Maruja, MJ Lenderman & The Wind, Perfume Genius, Terno Rei ou Warmduscher num cartaz de luxo.

Autor: Nuno Bernardo