Dez concertos para ver no Vodafone Paredes de Coura 2024

O Vodafone Paredes de Coura regressa ao habitat natural da música, a Praia Fluvial do Taboão, já entre os dias 14 e 17 de Agosto. O cenário idílico e o seu anfiteatro têm até, como habitual, dias de música que os antecipam. O denominado Festival Sobe à Vila acontece entre os dias 11 e 13 de Agosto e haverá música por Paredes de Coura ao longo de toda uma semana.

Já ‘dentro de portas’, o primeiro de quatro dias desta edição tem no topo do cartaz as rimas afiadas de Killer Mike, rapper e activista de Atlanta com Michael na bagagem, e a neo soul alternativa de Sampha, este último com o recente Lahal para apresentar. No dia seguinte o hip-hop e o R&B permanecem presentes através do fenómeno nacional Slow J, enquanto os franceses L’Impératrice regressam a um festival que os fez muito felizes para agora mostrar os temas de Pulsar.

No dia 16 de Agosto tanto há rock e veia punk ao som de TANGK dos britânicos IDLES, também de regresso ao festival, enquanto a jovem norueguesa Girl In Red mostrará I’m Doing It Again Baby!, álbum que sucede ao aclamado disco de estreia. Já o último dia destaca no topo do cartaz os irlandeses Fontaines D.C., com o novo álbum Romance prestes a ser lançado, e uma das bandas que mais os inspirou, os escoceses The Jesus and Mary Chain com Glasgow Eyes.

Para lá destes oito que encabeçam o festival em 2024, destacamos outros dez para considerar ver de 14 a 17 de Agosto (e, spoiler, quase todos no secundário Palco Yorn):

#01 Model/Actriz

O festival Primavera Sound Barcelona já os destacou como pioneiros a trazer referências homo-eróticas para um estilo musical pouco ligado a essa temática. Logo no dia inaugural, a 14 de Agosto, o noise rock e o post-punk dos norte-americanos Model/Actriz (na foto) promete agitar o público a altas horas. Os autores de Dogsbody destacam-se em estúdio, com um dos melhores discos lançados em 2023, mas em palco a fasquia fica ainda mais elevada com a presença carismática do frontman Cole Haden.

#02 Destroy Boys

O garage punk de Destroy Boys chega a Paredes de Coura à boleia de Funeral Soundtrack #4, quarto álbum da carreira, para musicar as últimas horas do festival a 17 de Agosto. As influências de Operation Ivy, Misfits, Dog Party ou até Sleater-Kinney (também presentes no festival) e The Distillers dão para ter uma ideia do espectro sonoro instrumental, mas Alexia Roditis, na voz, admite que as suas principais inspirações vêm de Siouxsie, Brooks Nielsen (The Growlers) e Ezra Koenig (Vampire Weekend). Uma amálgama tão diversa quanto a música da banda californiana.

#03 Protomartyr

O quarteto de Detroit, no estado de Michigan, é facilmente uma das bandas de bandeira do novo post-punk de veia mais artística. Os Protomartyr já transportam seis álbuns na bagagem, mas será o mais recente Formal Growth In The Desert o motivo de alguns concertos pela Europa neste Verão. Actuam no Minho a 15 de Agosto e a presença marcante de Joe Casey deverá ser motivo de falatório, dando uma voz poética a um conjunto que se estende à cristalina guitarra de Greg Ahee, o baixo pendular de Scott Davidson e a inspiração percussiva de Alex Leonard.

#04 Bar Italia

Reconhecemos o nome de uma faixa dos Pulp, mas os londrinos Bar Italia, formados em 2019, têm tido uma das evoluções mais vertiginosas da cena indie rock a escala global. Depois de Quarrel e Bedhead, discos que motivaram visita ao OUT.FEST no Barreiro, o trio composto por Nina Cristante, Sam Fenton e Jezmi Tarik Fehmi assinou pela gigante Matador Records e editou dois belos discos no ano passado, Tracey Denim e The Twits. É um dos poucos casos desta lista que actua no Palco Vodafone e não no Palco Yorn, fazendo-o a 14 de Agosto.

#05 Deeper

Para além dos Protomartyr, também os Deeper são um dos nomes sonantes do novo post-punk do outro lado do Atlântico. O quarteto de Chicago começou por ser uma banda de surf e dream pop em 2014, mas no ano seguinte houve uma mudança sónica que culminou com o lançamento do álbum de estreia apenas em 2018. O trabalho homónimo ainda se arriscou muito nos campos do indie rock, mas com o passar dos anos a aposta foi cada vez mais o post-punk, motivo pela qual lançaram o recente Careful! já com o selo da Sub Pop. O concerto no festival é a 15 de Agosto.

#06 Glass Beams

Ainda não têm um disco de longa-duração lançado, mas os australianos Glass Beams convenceram logo com o primeiro EP Mirage, em 2021. O trio de Melbourne esconde-se por trás de máscaras de ouro e vidro, cobrindo de mistério a sua música psicadélica instrumental e dançante, notando-se bastante a influência indiana e do sudeste asiático na fusão com o rock ocidental. Já este ano lançaram um segundo EP, Mahal, com o carimbo da Ninja Tune. Antes de voos ainda maiores, há concerto a 14 de Agosto no festival minhoto. Não digam que não avisámos.

#07 Sextile

Também no primeiro dia do festival, de onde já destacámos Model/Actriz, Bar Italia e Glass Beams, há batida synth-punk dos californianos Sextile. A banda até vai actuar uma semana depois em Leiria no contexto do Extramuralhas, mas nem por isso a passagem do trio por Paredes de Coura terá de passar despercebida. Especialmente se considerarmos o peso industrial de Push, álbum lançado no ano passado, que nos coloca algures entre a EBM e o darkwave facilmente associado à noite berlinense.

#08 Los Bitchos

A banda pancontinental sediada em Londres assume-se como responsável por recuperar parte das memórias da cumbia dos anos 70 e 80 para as novas linguagens do rock psicadélico, estendendo a sua inspiração ao rock da Anatólia e ao período de “La Isla Bonita” de Madonna, segundo a guitarrista Serra Petale. Gravaram o álbum de estreia Let The Festivities Begin! com Alex Kapranos (Franz Ferdinand) e actuam no Vodafone Paredes de Coura a 15 de Agosto com o novo Talkie Talkie.

#09 Mdou Moctar

O talentoso guitarrista Mahamadou Souleymane utiliza o nome Mdou Moctar para mostrar porque é que o takamba e o assouf são estilos que têm lugar numa expansão da música tuaregue aos outros continentes. A partir de Agadez, no Níger, o rock ferve as cordas das guitarras com múltiplos discos desde 2008, mas só apenas em 2021 o mundo reconheceu Afrique Victime já com edição da Matador. No dia 16 de Agosto, Mdou Moctar e a sua banda trazem ao norte de Portugal os temas de Funeral For Justice, lançado em Maio último.

#10 Slowdive

A última das dez recomendações ou concertos a ter em conta no roteiro do festival é uma repetição. Já junto ao rio Coura se avistou os influentes Slowdive, um dos nomes maiores do shoegaze e da dream pop, mas desta vez visitam-nos com um novo e belo disco, Everything Is Alive. Trata-se do segundo álbum editado desde a reunião da banda, palmilhando um novo capítulo depois daquele tríptico bestial composto por Just For A Day, Souvlaki e Pygmalion na primeira metade da década de 90. A sua música passará pelo Palco Vodafone a 17 de Agosto, o último dos quatro dias que fazem esta edição do evento.

Para além dos nomes já mencionados, o Vodafone Paredes de Coura 2024 destaca também no seu cartaz as presenças de Allah-Las, André 3000, Baxter Dury, Beach Fossils, Cat Power, Dorian Concept, Gilsons, Hotline TNT, Hurray For The Riff Raff, Joy (Anonymous), Nouvelle Vague, Sababa 5, Sleater-Kinney, Sprints, Still Corners, Superchunk, Tramhaus ou Wednesday, entre outros.

Autor: Nuno Bernardo