Dez concertos para ver no Super Bock Super Rock 2023

O Super Bock Super Rock regressa ao Meco de 13 a 15 de Julho para celebrar a sua 27ª edição. O histórico festival continua a apostar nas novas tendências ao mesmo tempo que respeita o legado e a importância de outros artistas.

É dessa forma que o festival este ano é encabeçado por The Offspring e Wu-Tang Clan, incontornáveis na narrativa do punk rock e do hiphop respectivamente, mas também por The 1975 e Steve Lacy, dois nomes que marcam uma geração mais recente de artistas que não dispensam as guitarras.

Indo além destes quatro nomes maiores do alinhamento, damos outras dez sugestões para ter em conta ao fazer o plano de concertos para os três dias no Meco:

#01 Black Country, New Road

O colectivo Black Country, New Road (na capa do artigo) é, sem contornos, uma das mais interessantes bandas novas. O conjunto de instrumentação permite vaguear entre o post-punk, o jazz, a spoken-word e o rock, entre outros estilos, com a responsabilidade das vozes a ficar agora mais dispersa após a saída do vocalista e guitarrista Isaac Wood. A banda, que lançou dois discos bastante aclamados – For The First Time em 2021 e Ants From Up There em 2022, não perdeu ainda assim a sua criatividade mesmo não tocando ao vivo nenhum dos temas que nos fizeram gostar tanto desses álbuns. Em vez disso, a banda coloca os olhos no futuro e tem outras canções para mostrar, já lançadas no Live At Bush Hall este ano, como é o caso de “Turbines/Pigs”, “The Boy” ou “Dancers”.

#02 Nile Rodgers & CHIC

Num festival em que é normal os nomes mais populares ganharem outro tipo de destaque, pode-se por vezes não dar o devido mérito e atenção a verdadeiras lendas da música. Nile Rodgers é isso. Uma lenda enquanto compositor, produtor e guitarrista, responsável pelos CHIC que co-fundou e por canções que “deu” a artistas como Diana Ross (“Upside Down”), David Bowie (“Let’s Dance”), Madonna (“Like a Virgin”) ou Daft Punk (“Get Lucky”). Colaborou ainda com Lady Gaga, Sam Smith, Disclosure, Keith Urban ou Avicii recentemente, mas é por esses temas icónicos e pelo funk dos discos C’est Chic de 1978 ou Risqué de 1979 que Nile Rodgers é uma referência impossível de ignorar. De referir “Good Times” para um festival que há já vários anos destaca nomes de hiphop, não fosse essa a música uma peça central para “Rapper’s Delight”, de Sugarhill Gang, considerada a música que introduziu o género ao grande público.

#03 L’Impératrice

Este sexteto é um dos casos mais recentes do movimento nu disco, forma conjugal de pop, funk e electrónica dos parisienses. Formados por Charles de Boisseguin, os L’Impératrice desafiam algumas fórmulas do género desde o primeiro EP, homónimo e editado em 2012. Seguiram-se Sonate Pacifique (2014) e Odyssée (2015), mas a expansão a longa-duração só chegou em 2018 com Matahari, confirmando-se todos os créditos dos trabalhos anteriores: baixo groovy e flutuante, sintetizadores nostálgicos e uma sensibilidade dançável à boa moda francesa. Já em 2021 editaram Tako Tsubo, disco mais focado na melancolia e que arranca verdadeiras ovações ao vivo.

#04 Caroline Polachek

É uma tarefa árdua andar pelos campos alternativos da música, pop ou não, e nunca se ter cruzado com o nome Caroline Polachek. Ou então Ramona Lisa e CEP, a título singular com outra assinatura, ou eventualmente a banda da qual fez parte, Chairlift. O que é certo é que a artista nova-iorquina já navegou pelos campos do punk, do indie rock e da pop caleidoscópica, somando colaborações com Blood Orange, SBTRKT, Charlie XCX ou Oneohtrix Point Never. A partir de 2019 passou a assinar discos a solo com nome próprio, editando o aclamado Pang que deu singles como “So Hot You’re Hurting My Feelings” ou “Door”. Depois de muita antecipação – e mais singles, “Sunset”, “Billions” e “Welcome To My Island”, chegou finalmente um novo disco em 2023: Desire, I Want To Turn Into You é o motivo da visita ao Super Bock Super Rock.

#05 Róisín Murphy

É preciso recuar a 2005 para recordarmos o primeiro álbum a solo da irlandesa Róisín Murphy, Ruby Blue, mas só faz sentido começar a história em 1994 com a formação de Moloko, dupla que fez com Mark Brydon durante dez anos. Desse capítulo recordamos “Sing It Back”, “The Time Is Now” e “Familiar Feeling” como faixas mais óbvias, mas foi a irreverência e a presença de Róisín a solo que a tornou numa artista de culto e num símbolo do eclectismo musical. Overpowered, álbum lançado em 2007, aproximou-a da pop mais mainstream, mas continuou à procura de fazer a diferença. Oito anos de hiato depois, Hairless Toys trouxe-a de volta para a ribalta, sendo este disco nomeado para o Mercury Music Prize. Seguiram-se Take Her Up To Monto (2016) e Róisín Machine (2020), mas para o Super Bock Super Rock os olhos já estão postos em Hit Parade, álbum com data de lançamento marcada para Setembro e do qual já se conhece “CooCool”, “The Universe” e “Fader”.

#06 Charlotte de Witte

A DJ e produtora belga chega ao Meco como um dos expoentes mais altos da música techno da actualidade. As pistas de dança não se acendem sozinhas e Charlotte de Witte carrega muita pólvora comprovada em registos como The Healer (2018) e Selected (2019), trabalhos que a cimentaram na cena internacional após alguns anos a carregar o alter-ego Raving George. Hoje em dia já assina com a sua própria label, a KNTXT, e foi assim que editou o mais recente EP, Apollo. Ao vivo, para além de passagens pelas suas criações, a artista faz ainda uma selecção convincente de batidas ousadas e sons hipnóticos. Atenção aos graves. Nós avisámos.

#07 Parov Stelar

O austríaco Marcus Füreder é reconhecido pelo seu electroswing e pelas actuações contagiantes, em que se torna quase impossível não dançar. A sua envergadura enquanto produtor e DJ também chega aos campos do jazz, house, hiphop e pop, ficando a liderar uma orquestra de discoteca vocalizada por Elena Karafizi e Anduze. No ano passado editou o disco mais recente, Moonlight Love Affair, que guarda os temas “AKH Odessa”, “Toxic Lover”, “FIRE” e “Candy Girl”, que mantêm acesa a chama provocada por álbuns icónicos como Seven and Storm (2005), Coco (2009) ou The Princess (2012).

#08 Franz Ferdinand

Perto de celebrar os vinte anos do álbum de estreia homónimo, os escoceses Franz Ferdinand liderados por Alex Kapranos continuam a convencer pelos seus concertos energéticos. No Super Bock Super Rock não se espera ouvir menos do que “Take Me Out”, “This Fire” ou “Michael”, desse primeiro disco, mas também outras guitarradas óbvias do indie rock como as de “Walk Away”, “Do You Want To”, “No You Girls” e “Love Illumination”. Não importam quantas vezes passem por cá se os hits continuam a incendiar plateias e a relembrar que o rock do virar do milénio marcou toda uma geração.

#09 Ezra Collective

De regresso ao festival depois de passagem algo despercebida em 2019, o quinteto londrino de jazz, hiphop e afrobeat traz a Portugal as canções do mais recente disco Where I’m Mean To Be. Este novo trabalho parte da herança do jazz e deixa que a maturidade das suas composições some diversas vozes para colaborações, como Kojey Radical, Emeli Sandé, Nao e Sampa The Great (que também estará no festival).  A abertura do palco principal no último dia do festival não podia estar melhor entregue num dia em que as batidas se enleiam com a instrumentação mais ‘tradicional’ do rock.

#10 Surma

Com a responsabilidade de abrir o festival a 15 de Julho, o previsível calor do Meco não deverá travar Débora Umbelino de ser Surma e de se servir da ocasião para apresentar o mais recente álbum alla. A electrónica e o jazz q.b. vão estar de mãos dadas com a atmosfera mais fria e introspectiva do álbum de estreia Antwerpen para amenizar a temperatura. Em palco a apresentação será feita em formato trio, com a artista a contar com os cúmplices João Hasselberg e Pedro Melo Alves.

Para além dos headliners e dos dez nomes sugeridos, no Super Bock Super Rock 2023 vão ainda actuar outros como Kaytranada, Father John Misty, Sampa The Great, DJ Premier, The Legendary Tigerman, Kaleo, Biig Piig, Benny Sings, Noiserv, 070 Shake, PinkPantheress, Glockenwise ou Moullinex & GPU Panic.

Autor: Nuno Bernardo