Dois anos de interregno e, portanto, três anos depois, o NOS Primavera Sound volta ao Parque da Cidade do Porto de 9 a 11 de Junho. Tal como o fizemos em edições anteriores do festival, apontamos alguns concertos a considerar. Fugimos aos headliners óbvios – Nick Cave and The Bad Seeds, Gorillaz, Pavement, Beck, Interpol ou Tame Impala – e destacamos outros concertos que poderão despertar a curiosidade.
A lista de dez nomes que apontámos tem potencial para complicar as contas, especialmente tendo em conta as sobreposições horárias, mas não deixamos de dar o nosso selo.
Sim, Shellac é um dos dez nomes. Claro.
#01 black midi
Se são rock, jazz, punk ou outra coisa qualquer pouco importa. São ruído, frenéticos, caóticos e labirínticos. Os londrinos fazem a capa deste artigo e são também um dos nomes que mais questão fazemos de destacar pela sua distinção sónica, seja por Schlagenheim, Cavalcade ou até de Hellfire, caso decidam presentear o público português com temas do álbum que vão lançar a 15 de Julho. A locomotiva potenciada pelo trio Geordie Greep, Cameron Picton e Morgan Simpson, acompanhados em palco por Seth Evans e Kaidi Akinnibi, faz paragem no Palco Binance às 22h30 de 9 de Junho.
#02 Dry Cleaning
Também de Londres, os Dry Cleaning são outra banda saída da “nova vaga” (com muitas aspas) de post-punk. Comparados a Wire, Magazine ou Joy Division, mas provavelmente com alguma da sensibilidade Sonic Youth e The Fall, desmarcam-se pela spoken word de Florence Shaw e pelas suas letras pouco convencionais. O álbum de estreia New Long Leg, editado em 2021, funciona como um portal entre os dias que correm e os late 80’s. No calendário apontem-se as 17h de 11 de Junho, no Palco Cupra.
#03 Rina Sawayama
Reconheça-se um novo ícone pop quando se ouve uma estreia tão auspiciosa e aclamada como Sawayama, editada em 2020, confirmando as credenciais apresentadas no EP Rina de 2017. A artista nascida no Japão une fortes elementos de nu metal, rock, R&B e pop vanguardista na sua música, antecipando-se já o seu segundo álbum, Hold the Girl, a lançar no dia 2 de Setembro. Para já fica a oportunidade de a testemunhar ao vivo, no Palco Cupra às 19h de 10 de Junho.
#04 Khruangbin
Este trio texano é um fenómeno recente. Depois de The Universe Smiles Upon You, álbum lançado em 2015, a popularidade da banda disparou finalmente em Con Todo el Mundo, em 2018. As influências globais, desde a América Latina ao Sudeste Asiático, aliadas ao surf rock psicadélico, ao funk, ao dub e à soul fazem da música de Khruangbin, maioritariamente instrumental, uma banda sonora ideal para um clássico de Quentin Tarantino. Dia 11 de Junho no Palco Cupra, às 19h, vai haver nova chance de ver em Portugal a guitarra melódica de Mark Speer, as linhas de baixo aguçadas de Laura Lee e a precisão ridícula percussiva de Donald “DJ” Johnson.
#05 Little Simz
Depois de Dry Cleaning e Khruangbin ambos no Palco Cupra a 11 de Junho, que tal ficar para mais um concerto, mais precisamente às 21h20? A rapper londrina é um talento nato aclamado pela crítica e pelo público. Sometimes I Might Be Introvert, álbum lançado no ano passado, valeu várias nomeações nas listas de melhores álbuns do ano, conquistando o 1º lugar na Exclaim! e na BBC Radio 6 Music, conquistando ainda o Brit Award for Best New Artist em 2022.
#06 Squid
Continuando a senda da representação britânica, o quinteto Squid, de Brighton, confirmou no álbum de estreia todas as ideias lançadas nos EPs Town Centre (2019) e Natural Resources (2020). Bright Green Field foi produzido por Dan Carey, nome associado à explosão de bandas como black midi, Fontaines D.C. e Black Country, New Road, e revela um equilíbrio constante entre o post-punk, o krautrock e o new wave. A não perder um concerto que promete inquietação, às 00h45 de 11 de Junho no Palco Binance.
#07 María José Llergo
A andaluz María José Llergo ainda não lançou o seu primeiro álbum, mas os temas que reúne no EP Sanación de 2020 já fazem cartão-de-visita suficiente para entender que o flamenco está de mãos dadas com as novas tendências. Entre as cordas quentes da guitarra espanhola e a reverberação fria da voz há uma batida mínima que eleva a atmosfera de faixas como “El Péndulo” ou “Me Miras Pero No Me Ves”. Mais recentemente lançou “Que Tú Me Quieras” e “Te Espera El Mar”, mas mais novidades só, provavelmente, em palco. A 10 de Junho no Palco Super Bock pelas 19h.
#08 Shellac
Ah, claro. Shellac. Quantos amigos foram ao NOS Primavera Sound e discutiram entre si sobre este tema? “Mais um ano que vieste e não viste Shellac?” ou então “Então mas vês Shellac todos os anos?” são duas perguntas que podem ser atiradas entre conversa, mas não dá para contornar que a banda residente do festival é sempre um ponto de passagem obrigatório. A raridade dos seus concertos e apenas o som da guitarra de Steve Albini são argumentos suficientes, mas depois há ainda a âncora hipnotizante de Bob Weston e Todd Trainer para garantir momentos memoráveis. Desta vez será a 10 de Junho às 20h10 no Palco Binance.
#09 Dinosaur Jr.
Ao fim de quatro décadas e depois de tantos álbuns, os Dinosaur Jr. continuam uma força do rock alternativo. À boleia da guitarra afiada de J Mascis e com o som sempre bem elevado, os feedbacks são constantes e somos de certa forma transportados para a intensidade e a distorção do rock dos anos 70. Lou Barlow no baixo e Murph na bateria completam o trio que apresentará no Porto os seus clássicos ao lado dos temas do recente Sweep It Into Space, às 20h10 de 11 de Junho no Palco NOS.
#10 Caroline Polachek
Há uns anos Caroline Polachek pisou o palco principal do NOS Primavera Sound ao lado de Patrick Wimberly nos seus Chairlift. Terminada a banda em 2017 e apesar de ao longo dos anos ter feito projectos a solo (enquanto Ramona Lisa e CEP), só em 2019 é que Polachek lançou o primeiro álbum em nome próprio. O aclamado Pang aguarda sucessor, mas há sinais no single “Billions”. No Porto invocará a sua pop alternativa e outros novos temas, a 9 de Junho e às 00h45 no Palco Binance.
Para além dos headliners e dos dez nomes mencionados, no NOS Primavera Sound 2022 vão ainda actuar Slowdive, King Krule, Earl Sweatshirt, DIIV, Cigarettes After Sex, 100 gecs, Kim Gordon, Sky Ferreira, Jehnny Beth, Helado Negro, Pabllo Vittar, Rolling Blackouts Coastal Fever ou Jamila Woods, entre muitos outros.
Autor: Nuno Bernardo