Vem aí fim-de-semana em grande no Sabotage Club

Só os mais desatentos não sabem o que se passa no Sabotage Club, bem ali no centro da noite do Cais do Sodré, em Lisboa. Ponto obrigatório de passagem para uns ou local de referência na agenda para outros, a sala inclui na sua programação regular alguns picos de interesse maior. Nos próximos dias, de quarta até sábado, acontece um desses.

Já no dia 24, os dinamarqueses Tales Of Murder And Dust colocam em Lisboa a cinemática do seu psych/post-punk cortante, culminando a sua evolução mais hipnótica para um som mais negro e reverberante com The Flow In Between, disco lançado em 2016 pela Fuzz Club.

No dia seguinte, quinta-feira, o Sabotage Club recebe um membro-integrante do “burburinho” que tem sido o Colectivo Casa Amarela, merecedor das atenções da The Wire daquilo que tem sido feito com origem na Madeira. Rui P. Andrade procura, uma vez mais nas suas performances, quebrar a quarta barreira pela materialização e fiscalidade do som, utilizando o amplificador como arma e All Lovers Go To Heaven como veículo para o seu maior trilho em oito anos de experimentação. Uma carta aberta ao amor que terá a companhia de Adrian Bang, baterista e artista visual que tem no seu currículo colaborações com Tangerine Dream, Telescopes ou Aqua Nebula Oscillator.

À sexta-feira o Sabotage Club recebe uma das duas datas de Scott Kelly & John Judkins em solo português. Antes de rumar ao Porto, Scott Kelly provará novamente que as suas insígnias não se limitam ao percurso como fundador, vocalista, guitarrista e compositor dos Neurosis. É na sua roupagem a solo, de folk soturna, crua e minimalista, que a sua redenção está mais exposta. Estará então acompanhado em palco por John Judkins, multi-instrumentista reconhecido por projectos como Rwake ou Today Is The Day, e apresentará temas de The Wake, The Forgiven Ghost In Me e temas inéditos.

A fechar uma sequência de sonoridades distintas dar-se-á uma “Soirée Aleatória” no Sabotage. Ao comando da noite estará Iguana Garcia (na foto), a provocar uma ementa de ritmos electrónicos de cadência tropical que resultou em Cabaret Aleatório, o seu disco de estreia a solo. Convergência hollywoodesca, sofisticação funk, lo-fi e sujidade de distorção são alguns dos pratos servidos por Iguana Garcia em nova apresentação do seu trabalho, contando com os Môrus de Alexandre Moniz (Galgo) e Jorge Barata na primeira parte para mostrar o seu anfíbio de folk português e progressivo nórdico a balançar-se entre os calores baianos e africanos.