Bem-vindos à selva musical – os Guns N’ Roses abanaram Algés

Um dos mais esperados concertos deste ano aconteceu no passado dia 2 de Junho, com os gigantes (e velhinhos) Guns N’ Roses a abrir a época de grandes espetáculos de verão nacionais, esgotando o ventoso e empoeirado Passeio Marítimo de Algés no âmbito da sua digressão “Not In This Lifetime”. Esta tour, que tem vindo a lotar diversos espaços desde o seu início, prossegue agora por terras europeias e terminará no continente americano, com diversas datas agendadas.

Com a abertura de portas às 16h00 e mesmo com o inicio dos concertos apenas três horas mais tarde, foi necessário apenas pouco mais de 60 minutos para que a circulação nas imediações fosse praticamente impossível. Coube a Tyler Bryant & The Shakedown introduzirem suavemente os primeiros acordes rock abrindo espaço para Mark Lanegan, de regresso ao nosso país, desta vez para estender a passadeira a Axl, Slash e Duff.

De um alinhamento que tem vindo a ser alvo de poucas modificações, foi entre os seus maiores clássicos como “Welcome To The Jungle”, “Sweet Child O’ Mine”, “Nightrain” ou “Civil Wars”, que o público se rendeu. Como esperado, gentes mais crescidas, de negro, vindas de toda a parte do mundo, a recordar “November Rain” com Axl ao piano e o tributo a Chris Cornell com “Black Hole Sun”, dos Soundgarden, entoado pelas cerca de 60 mil pessoas presentes.

No entanto, e devido à pouca interação verbal de Axl, para muitos foi o solo de Slash e os acordes de “Wish You Were Here”, numa vénia a Pink Floyd, que partilhou com o companheiro Duff que iluminaram a noite. O grande êxito de “Knockin’ On Heavens Door”, também esta uma versão cuja original pertence ao Nobel Bob Dylan, fez o público dançar num estilo perto do ska, tendo sido a faixa que ocupou mais tempo.

No meio de um espectáculo de pirotecnia, foi a melancólica entrada de “Patience” na setlist a substituir “Don’t Cry” que deixou um gosto agridoce àqueles que a esperavam e a quem estas músicas tanto transmite. No final, após “Paradise City”, difícil mesmo foi abandonar o recinto, não porque a música continuasse a tocar mas porque mesmo uma hora após o término do concerto, inúmeras pessoas tentavam ainda sair pelo pórtico disponível.

Apesar das melhorias no reforço das medidas de segurança e esquemas de saída devidamente identificados e facultados ao publico face a anteriores eventos, são ainda evidentes as dificuldades na evacuação do espaço. A afluência a um concerto desta dimensão e um tão desejado regresso de Axl Rose, Slash e Duff McKagan juntos a Portugal mereciam mais.

Texto: Ana Margarida Dâmaso
Fotografia: Everything Is New