Passavam pouco mais de vinte minutos após a hora marcada para o inicio do concerto quando as “portas” para a cave do Lux Frágil abriram. A ansiedade do público era notória, pois não é qualquer dia que podemos presenciar de tão perto aquele que é um dos maiores nomes da art pop actual.
Depois de uma passagem há dois anos pelo Vodafone Mexefest – na altura ainda com o acabadinho de editar Apocalypse, girl -, Jenny Hval regressou a Lisboa no passado dia 30 de Abril para a festa de encerramento da BoCA Bienal, desta vez com Blood Bitch, o seu mais recente álbum, editado a Setembro do ano passado.
Imediatamente à entrada e antes sequer de pensar em começar a tocar, Jenny cumprimentou-nos com algumas palavras de agradecimento. Ela, que pouco está habituada a tocar para uma sala tão composta especialmente num país que tão raramente visita, mostrou-se surpreendida, fazendo alusões a tours passadas em que tocava para pouco mais de vinte pessoas. Foi essa a forma que encontrou para quebrar o gelo, para um público que se mostrou silencioso mas sorridente e que aguardou pacientemente pelo início do concerto.
E convenhamos, a norueguesa não desapontou nesse aspeto. Mostrando-se bastante comunicativa durante todo o concerto, Jenny presenteou-nos logo de inicio com temas como “Lorna”, que serviu de introdução, “Secret Touch” e “Period Piece”, ambas do seu mais recente álbum – que aliás foi o foco principal da noite – conseguindo ainda arranjar tempo para viajar um pouco atrás para tocar algo como “That Battle Is Over”, do anteriormente mencionado Apocalypse, girl.
Foi no entanto com “Female Vampire” que a festa em si começou. Despidos de qualquer vergonha e medo, o público dançou ao ritmo da batida e acompanhou Jenny na letra, enquanto esta saltitava em palco, qual bailarina, com uma réplica em almofada dos seus intestinos. Sim, leram bem, dos intestinos. Pode parecer estranho ao leitor mais distraído, mas quem conhece a norueguesa sabe bem que convencional e ortodoxo não são palavras no dicionário da cantora, algo que também se faz notar no seu estilo musical e lírico.
Já perto do fim do concerto houve ainda tempo para “The Great Undressing” e “Conceptual Romance”, esta última a terminar o concerto da melhor maneira. Despedidas feitas, agradecimentos dados, a norueguesa desce de palco, dando término a um concerto que rondou os 50 minutos. Pareceu pouco tempo, mas para alguém com a capacidade de Jenny é o tempo suficiente para deixar uma marca no público. Por cá, apenas desejamos que volte depressa para mais um passinho de dança. À sua maneira.
Texto: Filipe Silva
Fotografia: Nuno Bernardo