Os belgas Oathbreaker há algum tempo que deixaram de preencher o line-up de uma matiné de hardcore. O EP de estreia, jogado aos leões em 2008, potenciou a força bruta da voz de Caro Tanghe aos riffs violentos e rápidos de Lennart Bossu, e partilhando a cidade de Ghent da Flandres oriental, instantaneamente se associou a banda ao culto Church Of Ra liderado pelos Amenra. Mas a curta duração do EP e a fúria associada deu o estatuto de promessa aos Oathbreaker.
Quando em 2011 registam Mælstrøm, já com o selo Deathwish Inc., o distanciamento do hardcore começou a ganhar forma. Não através da label, é claro, mas existiu aqui uma certa orientação veiculada a par de Roads To Judah de Deafheaven. As suas formas de black metal, com os norte-americanos mais perceptíveis que os belgas, acabaram por ter as suas formações nos registos seguintes. O agrupamento de relâmpagos punk (“Origin”) e de odes tumultuosas (“Glimpse Of The Unseen”) acreditou o álbum de estreia como um estranho híbrido confortável em todos os seus campos. No entanto foi Eros|Anteros, em 2013, que fundamentou a tendência.
Ao segundo álbum os Oathbreaker já não pareceram tão furiosos, mas os riffs escureceram. E na mesma proporção que Eros|Anteros nos deu o negrume, deu-nos também a luz. As vozes limpas de Caro evidenciaram-se nas suas faixas mais longas, “The Abyss Looks Into Me” e “Clair Obscur”, e tonificaram o potencial titã finalmente apontado em Rheia, o terceiro álbum, editado em 2016.
Rheia é precisamente o nome da titã-mãe de todos os deuses do Olimpo. E os deuses devem estar loucos: as faixas longas estão bem presentes e isso evidencia-se nos mais de 60 minutos de álbum. Mas fora as durações, o contraste é maior. Quando Rheia mostra a luz, nunca essa luz foi tão brilhante. E quando o oposto acontece, também as trevas nunca foram tão escuras.
Os Oathbreaker preparam-se agora para apresentar este mesmo Rheia em Portugal depois do gosto que deixaram no Amplifest em Agosto último. A dose dupla dos belgas acontece já no próximo sábado, 26 de Novembro, no Musicbox em Lisboa, e domingo no Cave 45, no Porto, novamente pelas mãos da Amplificasom. A primeira parte de ambas as datas estará a cargo de WIFE, furor electrónico de James Kelly (em entrevista, aqui).
Para antecipar essas datas, deixamos em baixo cinco faixas de Oathbreaker onde são capturadas as essências descritas: