As Festas de São Pedro em Porto de Mós terminaram no primeiro domingo do mês, dia 3 de Julho, com um concerto memorável dos Amor Electro. Com apenas 5 anos de existência, este fenómeno do pop/rock nacional não parece ter fronteiras na sua ascensão meteórica, fruto de composições cativantes, letras marcantes e vocalizações hipnotizantes da Marisa Liz.
Subindo a palco 42 minutos depois das dez da noite, o quarteto lisboeta começou pela despedida, num Adeus (à) Tristeza; tinha chegado a hora de acabar com a espera da multidão. Depois de Fernando Tordo, foi a vez da Simone de Oliveira ser interpretada, No Teu Poema. Duas versões a abrir, reflectindo o passado da banda, que se manteve na sombra até chegar o seu momento, o sorridente presente, no qual espalham o seu Amor Maior pela música e pelos fãs.
Depois do trio de temas de entrada nos ter dado um gostinho do que aí vinha, foi a vez da banda temperar o espectáculo com Mar Salgado, o primeiro numa viagem de cinco temas originais praticamente consecutivos que são já clássicos da banda. Na música que deu título a uma novela da SIC, o público entoou o refrão e aprendeu que juntos eram mais fortes; é verdade, Juntos Somos Mais Fortes, o primeiro single do novo álbum da banda tem sido um dos temas mais ouvidos neste início de verão, servindo de pretexto para apoiar os (agora) campeões europeus.
Mais uma música, mais uma versão; desta feita, Capitão Romance dos Ornatos Violeta. Logo a seguir, a Marisa viu e agarrou o público com A Nossa Casa, um dos melhores originais da banda. A Máquina que são os Amor Electro resulta bem ao vivo, com músicos competentes e divertidos em palco, mas a chave da engrenagem é a Marisa. Eu sei, Só É Fogo Se Queimar, mas de que outra forma descrever a irrequieta vocalista? Ela em palco é fogo, é chama, é voz que aquece o coração sem falhas, doce e intensa.
A viagem continuou com Sete Mares dos Sétima Legião, uma das (ah, quase!) seis versões do concerto, com direito a beijo no final. Contando a sua história enquanto banda num discurso motivacional para quem está a começar no agreste mundo da música, seguiu-se Foram Cardos, Foram Prosas, no qual toda a banda se mostrou mais interactiva. Precedida de uma divertida intromissão da pantera cor-de-rosa, vivida na guitarra de Tiago Pais Dias, a flor maior da banda desabrochou em Rosa Sangue.
A viagem terminou num Barco Negro, de Amália Rodrigues, numa noite de todas as cores. Deixando o público pouco tempo à deriva, a banda voltou para no encore nos relembrar que Juntos Somos Mais Fortes. 100 minutos de concerto, sem falhas, com um profissionalismo apenas igualado pela paixão por aquilo que fazem; que toquem por mais 100 anos, “100 Medos”, porque a energia parece não se esgotar mas antes se renovar a cada concerto!
Fotografia: Marina Silva
Texto: David Matos