Snakes & Arrows, Clockwork Angels e futuro (2007-2016)
2007 é um ano fulgurante, iniciando uma das melhores eras da carreira da banda, apesar da idade avançada dos membros do grupo e dos anos de experiência. Tanto a nível comercial como criativo, os Rush conseguem ter nesta era um dos melhores resultados da sua longa e frutífera carreira. O grupo prova que é como o vinho do Porto, quanto mais velho melhor. A maturidade da banda provou ser um activo precioso, produzindo álbuns de facto complexos e com conceito muito apurado e muito acima do que seria expectável, neste momento, de uma banda de rock progressiva, ainda por cima com o arcaboiço dos Rush.
Snakes & Arrows sai para as lojas e mostra ser um dos mais dinâmicos e criativos produtos de rock progressivo da década. Apresenta tudo o que se requer de um disco dos canadianos com muitos elementos clássicos, mas sempre com a intenção de inovar e mostrar algo de diferente em cada lançamento. O álbum contém muita da magia técnica que clássicos como 2112 e Hemispheres têm, apesar de não possuir a força conceptual dos álbuns mencionados, no entanto o facto de serem discos muito guiados por componentes melódicas que demarcaram os seus álbuns iniciais, contrastando com Vapor Trails, mais guiado pela componente técnica e pela guitarra de Alex Lifeson. Existe um maior esforço conjunto, em termos de composição instrumental. Como sempre, Neil Peart dominou a escrita do álbum, debruçando-se sobre temas pessoais e pela longa viagem de mota que fez após a morte de filha e esposa.
Rush – Snakes & Arrows (álbum na íntegra)
Comercialmente, o grupo passa nesta altura uma das suas melhores fases, aparecendo em programas de televisão e no grande ecrã. A tour que apoia o lançamento de Snakes & Arrows prova isso mesmo, conseguindo datas com lotação esgotada em grande parte das arenas. Eventualmente, o álbum foi premiado pela Classic Rock como um dos dez essenciais do rock progressivo desta década.
Antes da saída do excelentíssimo álbum, Clockwork Angels, lançado em 2012, a banda ainda teve mais de um ano na estrada, numa das suas maiores tours. Apesar de terem uma idade avançada, o grupo nunca se impediu de dar aos fãs o que sempre quiseram, fornecendo-lhes concertos com mais de duas horas e bastante teatrais, sempre com uma ligação muito forte aos seus álbuns. A Time Machine Tour foi uma das mais rentáveis da história da banda, tendo conseguido atingir um recorde de audiências, para essa tour, com 88550 pessoas a assistir ao concerto no Quebeque, Canadá. A banda quis também tocar faixas do que seria o seu próximo álbum de originais, Clockwork Angels, um dos lançamentos mais bem-sucedidos para o grupo canadiano.
Em 2012, sai Clockwork Angels para as lojas numa das melhores fases da carreira do grupo, tanto técnico como comercial. Não só consegue compor um dos melhores discos conceptuais da década, como consegue proliferar o respeito dos críticos e a adulação dos fãs que vêem uma das melhores bandas de todos os tempos a renovar-se, constantemente, nunca vivendo dos clássicos, ao contrário de outras bandas.
O álbum é tão criativo e rico, conceptualmente, que um livro sobre o conceito foi lançado em Setembro do ano de lançamento do disco. O álbum centra-se na história de um jovem que parte à conquista de aventuras e de novos mundos, guiado pelos seus sonhos, mas que encontra diversos obstáculos na sua jornada, incluindo o terrível ‘Watchmaker’ que existe perfeição em tudo. Ao contrário dos últimos dois originais, Clockwork Angels é mais fantasioso e desligado da realidade, com pouca imposição pessoal ou inspirado em factos da vida vividos pelos músicos. Consegue ser melhor que o anterior, apesar de não ser uma diferença qualitativa significativa.
Em 2013, os Rush são finalmente introduzidos no Rock and Roll Hall of Fame, foto acima. Apesar da política que o evento está envolto, ele não deixa de ser uma referência na música e um marco importante para qualquer banda que vê como um privilégio o facto de entrar nele. Em 2015, inicia-se mais uma tour longa, que marca o quadragésimo aniversário da banda com esta formação. Esta tour não foi das mais longas e pode ter sido uma das últimas, muito devido à saúde de Neil Peart que pode anunciar a sua reforma. Por esse e outros motivos, os Rush poderão deixar de fazer tours mundiais, estando em cima da mesa a hipótese de o grupo poder suspender actividades. No entanto, até isso acontecer há rumores do lançamento de um último disco de estúdio.
Rush são daquelas bandas inesquecíveis que se tornaram, ao longo dos anos, cruciais na indústria musical pela sua influência no mundo da música. É uma banda que não vive dos seus clássicos e que tenta recriar-se constantemente, em cada álbum. É uma das minhas bandas preferidas e uma enorme referência no rock progressivo como uma das mais importantes e influentes de todos os tempos.
Outros álbuns e essenciais:
Rush – Snakes & Arrows Live (concerto na íntegra)
Rush – Time Machine Tour (álbum na íntegra)
Rush – Clockwork Angels Tour (concerto na íntegra)
Autor: João Braga