Deafheaven no Hard Club. Regresso poderoso, mais rápido e negro

Formou-se, no passado dia 5 de Março, o ambiente negro mas amigável a que a Amplificasom já nos habituou nos seus eventos. Entrámos no Hard Club, no Porto, para aquela que foi a estreia da “jovem” Myrkur a abrir para aqueles que marcaram a sua já terceira presença em terras lusitanas. Com o intuito de apresentar o seu mais recente trabalho New Bermuda, falamos dos polémicos Deafheaven.

Myrkur, enquanto banda em palco, começaram de maneira extremamente calma, quase sinfónica, tendo despertado a atenção de toda a gente com os seus riffs repentinamente estrondosos. Uma excelente combinação de voz melódica com os berros infernais característicos do black metal, no qual também tem bem assente a cultura musical folk proveniente da Dinamarca, tanto em termos vocais como de instrumental. Um show de pouco movimento por parte dos artistas em palco, mas com muita intensidade, chegando até a momentos de um estado quase hipnótico proporcionado pela voz graciosa de Amalie Bruun. Terminaram da mesma maneira que começaram, calmamente, apresentando a sua versão de “Song To Hall Up High”, da referência no género Bathory.

Começando o concerto da mesma forma que o seu álbum mais recente, com “Brought To The Water”, os Deafheaven deram assim início ao seu espectáculo sem grandes introduções. Seguindo “Luna” e “Baby Blue”, os californianos mostraram uma grande empatia com o público já seu conhecido, diversificado de aspecto, mas ali juntos pela mesma causa. Música rápida e com momentos de aparente introspecção musical, mas que de repente nos acorda com um berro alucinante – assim se faz uma definição pessoal do post-black metal de Deafheaven. George Clarke torna-se sempre uma peça interessante ao olho, tanto quando dá voz como quando dança nas partes instrumentais das faixas, sempre com passos novos e cada vez mais semelhantes aos do já falecido e icónico Ian Curtis. Apresentado New Bermuda na íntegra, seguiram para o sucesso maior, o antecessor Sunbather, coisa feita em formato de encore. Integrados no alinhamento os seus hits principais, a faixa-título “Sunbather” e a inicial “Dream House”, acabando da maneira que começaram o seu último concerto no Porto, no Amplifest de 2014. Sem dúvida um bom regresso, bem mais poderoso, mais rápido e mais negro, tudo características presentes no novo álbum.

Fotografia: Carolina Neves
Texto: Artur Basto