Do passado hardcore – desde as fundações do grupo hardcore/punk oriundo de Philadelphia Leather, passando pelo background juvenil de Biohazard ou Kid rock, até ao actual crescimento no universo do novo hip-hop, Antwon faz o que bem lhe apetece, sem medos e meios-termos. Desde o lançamento da mixtape “End of Earth” em 2012, como já é hábito incluindo uma série de colaborações com diversos produtores (já se contam Salem, Lil Ugly Mane, Clams Casino, e mais), que o combo entre o groove nostálgico dos anos 90, os toques electrónicos e as letras abrasivas foram crescendo e assentado nos ouvidos do público. Cerca de meia casa estava pronta e empolgada para o receber, acompanhado do seu DJ.
As canções do rapper californiano trazem um pouco de todas essas identidades: sons joviais, arranhados de baixa-fidelidade, vocais agressivos e letras hiper-sexualizadas e destemidas, de onde às tantas ressai o eterno romântico — «Put that pillow on your pussy, then I eat you out / Bitches suck my dick when i’m chilling at the Bacardi house» conjugam-se com «Once gave a girl my heart / Now she on the streets and she wilding» em ‘Sittin’ in Hell’, como que em jeito de abrandamento do discurso no meio de um drumkick básico sobre um loop de teclas. “Living Every Dream”, também retirada de “End of Earth“, traz a imagética dos anos 80, o groove dos anos 90 por entre coros secundários femininos. Pela rapidez inerente às canções, passou-se por vários pontos do já sólido material – “Dying in the Pussy”, “40 BAG” e “Helicopter” a representar “Fantasy Beds” de 2011; “Stop” ou “KLF ELF” do mais recente “Heavy Hearted in Doldrums” (2014) a desbravar um campo próximo do synth-pop com os teclados melódicos em fundo; ou ainda a ríspida/desconstruída “Boomerang” de “In Dark Denim“.
E porque um bom espírito desgarrado faz o que bem entende, no final e para, provavelmente, admiração generalizada, o final teve-se caótico, dançante e em grande, ao som do hino eurodance “Better Off Alone” de Alice DeeJay.
Fotografia e Texto: Telma Correia