O Baú Perdido do Rock e Heavy Metal: Gracious

Gracious ou Gracious! foi uma banda de rock progressivo britânica formada no período em que quase todas as bandas promissoras e lendárias surgiram, seja de heavy metal, hard rock ou rock progressivo. O grupo britânico iniciou as suas actividades em 1967 e apesar de bastante talentosa e de ter lançado dois excelentes álbuns de estúdio logo a abrir a década de 70, acabou por ter uma carreira muito curta, não conseguindo acompanhar as carreiras de bandas como Procol Harum, King Crimson, Deep Purple, Pink Floyd, Rush ou Genesis, isto só para mencionar algumas.

GraciousFoi um grupo que demorou a definir-se musicalmente, basta verificar o álbum de estreia, Gracious!, que alterna entre o fantasioso e o alegórico com as referências ao Paraíso, “Heaven”, e ao Inferno, “Hell”, apesar da inclusão da pesadíssima e complexa, “Introduction”, que abre o disco. Esta última bastante diferente do restante álbum que, apesar de apresentar uma ideologia de rock progressivo quase psicadélico, acaba por apresentar uma banda em processo de evolução e formação. O alinhamento mais ‘famoso’ é Alan Cowderoy (guitarra), Paul Davis (voz e guitarra), Martin Kitcat (teclas), Robert Lipson (bateria) and Tim Wheatley (baixo), que estiveram nos dois álbuns de estreia. Os cinco tinham, no início, o objectivo de compor músicas muito longas e complexas, reflectindo-se na duração dos álbuns e concertos. Gracious!, com quase 45 minutos, apenas apresenta cinco músicas, em que a mais curta tem 5 minutos de duração, incluindo, ainda, a épica faixa de 17 minutos, “The Dream”, uma faixa bastante ‘caótica’ em termos estruturais.

A necessidade de mudança passou pela introdução do Mellotron nas músicas do grupo. Martin Kitcat ficou impressionado com o som que King Crimson produzia, e com a forma como o grupo apresentava e incluía este instrumento na sua música. Foi a partir daí que o som de Gracious se tornou mais progressivo e directo, com o grupo a produzir músicas não tão longas e mais tóxicas, por vezes. Após o lançamento, em 1970, do álbum homónimo que não foi um sucesso comercial, o grupo lança o seu melhor disco, em 1971 via Phillips.

Lista de faixas para This is…Gracious!!:
01. Supernovathis is...gracious
02. C.B.S.
03. What’s Come To Be
04. Blue Skies and Alibis
05. Hold Me Down

“Supernova” é o álbum! É uma épica faixa de 25 minutos inspirada em fantasmas.

“the last man alive on earth was sitting at home when suddenly there was a tap at the window” (trad: “o último homem vivo na Terra estava sentado em casa quando, de repente, houve uma pancada na janela”)

O grupo consegue compor uma excelente faixa conceptual, muito sombria e bastante bem produzida para a época. Ao longo da música vão sendo apresentados diversos efeitos de som e existe uma excelente combinação instrumental sendo, “Supernova”, a mais complexa e pesada do álbum, apenas comparada com “C.B.S.”. “What’s Come To Be”, apesar de ser uma boa balada sobre tristeza e depressão com uma boa performance de Paul Davis, não deixa de ser uma faixa relativamente vazia, quando comparada com as duas anteriores. O mesmo se pode dizer das seguintes que, mesmo apresentando bons elementos, acabam por desfigurar o álbum, em termos globais.

Sobre o segundo álbum, Alan Cowderoy explica:

“Vertigo (produtora) não estava tendo muito sucesso com os grupos progressivos, e ele não foi considerado comercial o suficiente para ser lançado. Ele foi posteriormente lançado pelo selo internacional da Philips (produtora) como parte da série de baixo preço ‘This Is…’. A execução no segundo álbum foi muito melhor, mas ele foi lançado após a separação da banda, então não houve qualquer tipo de publicidade, e, portanto, nenhuma atenção da mídia”

Gracious – This is…Gracious!! (álbum na íntegra)

Frustrados com o insucesso comercial, o grupo separa-se, em 1971. A banda regressa em 1995, para lançar, em 1996, Echo, o terceiro e, para já, último disco de estúdio do grupo britânico. À falta de mais informações sobre o encerramento definitivo das actividades da banda, continua a julgar-se que a banda continua activa.

Apesar de conter vários elementos essenciais para serem grandes no mundo da música, e de terem surgido numa das melhores décadas da indústria musical, Gracious não teve sorte com os seus promotores acabando por falhar comercialmente.

Gracious – Gracious (álbum na íntegra)

// João Braga