FUNDAMENTAIS DO PROGRESSIVO: Damnation, Ghost Reveries e Watershed

Opeth são considerados como uma das bandas mais influentes dos últimos 20 anos, e uma das mais respeitadas. Para além de serem tecnicamente exímios, conseguiram mudar a sua direcção musical, nos últimos 10 anos, e mesmo assim manter uma qualidade irrepreensível. Começaram com o death metal, death metal progressivo para avançarem para um rock/metal progressivo com bastante requinte e apesar das críticas que têm sido alvo, não me parece que a qualidade dos seus álbuns tenha variado significativamente. Gostaria de me focar, apenas, nos discos de 2003, 2005 e 2008, para incluir na nossa lista.

Opeth – 2003 – Damnation

Este é o disco de viragem para os Opeth, após o lançamento do pesado, intenso e complexo Deliverance, em 2002, Mikael Åkerfeldt e companhia lembra-se de compor esta obra-prima acústica repleta de rock progressivo e muita emoção. É, sem dúvida alguma, um dos melhores álbuns desde 1990, e um dos mais arriscados e desafiantes. A mudança foi total e apesar das diferenças, com o álbum anterior por exemplo, o público e crítica recebeu-o de ‘braços abertos’ colocando a banda numa posição quase icónica na indústria musical.

Lista de faixas para Damnation:
01. WindowpaneDamnation_cover
02. In My Time Of Need
03. Death Whispered A Lullaby
04. Closure
05. Hope Leaves
06. To Rid The Disease
07. Ending Credits
08. Weakness

O disco é, principalmente, acústico mas com uma forte componente de rock progressivo presente nos complexos arranjos de guitarra, longa duração das faixas e temas sombrios das faixas.  O complexo conceito das faixas, quase formando um álbum conceptual, centradas no sofrimento humano, dão um grau de sofisticação e inteligência que a banda nunca tinha alcançado, nos álbuns, principalmente, guturais com um ‘tempo’ rapidíssimo e um instrumental quase caótico. A produção é altamente bem conseguida, digo perfeita, para ser mais correcto, típica de um excelente álbum de rock progressivo. Damnation consegue ser um dos álbuns mais emocionais e um dos mais bem conseguidos desde 1990, para além de ser um lançamento extremamente difícil de se ouvir devido à sua forte carga emocional.

Opeth –  Damnation (álbum na íntegra)

Opeth – 2005 – Ghost Reveries

 Aqui Opeth regressa um pouco ao estilo de Deliverance, apesar de não ser tão intenso e apresentar alguns elementos acústicos, Ghost Reveries consegue, ainda assim, ser um dos discos mais bem sucedidos do grupo sueco. Basta ouvir a gutural e fortíssima “The Baying of the Hounds” e a acústica e quase depressiva “Hours of Wealth”, para verificar o quão forte este lançamento pode ser, mas também o quão emocional e calmo consegue ser. É, provavelmente, o melhor lançamento de estúdio dos Opeth desde o excelente Damnation.

Lista de faixas para Ghost Reveries:
01. Ghost Of PerditionGhost_Reveries_(Opeth)_album_cover
02. The Baying Of The Hounds
03. Beneath The Mire
04. Atonement
05. Reverie/Harlequin Forest
06. Hours Of Wealth
07. The Grand Conjuration
08. Isolation Years
09. Soldier Of Fortune (Deep Purple cover)

Recentemente, os guturais desapareceram quase por completo dos discos da banda. Neste álbum os vocais são, maioritariamente, limpos com a inclusão em duas ou três faixas de pequenas secções de vocais guturais. “Ghost Of Perdition” é um grande exemplo da mistura de direcções musicais, com a inspiração no death metal e no metal progressivo. “Beneath The Mire”, “Atonement”, “Hours Of Wealth”  e “Isolation Years” destoam do death metal progressivo, são as faixas que indicam a intenção da banda em mudar a sua direcção musical, que fica confirmada no álbum seguinte, Watershed.

Opeth – Ghost Reveries (álbum na íntegra)

Opeth – 2008 – Watershed

Watershed segue o caminho musical do antecessor, só que com menos qualidade. Apesar de conter faixas com enorme sucesso comercial e de excelente qualidade, Watershed ‘falha’ quando comparado com Ghost Reveries, que é um dos melhores álbuns da discografia da banda sueca liderada por Mikael Åkerfeldt. “Heir Apparent”, “The Lotus Eater”, “Burden”, “Porcelain Hart” e “Hessian Peel” são as grandes faixas deste disco, que confirma, claramente, a mudança de direcção musical para o rock e metal progressivo.

Lista de faixas para Watershed:
01. CoilOpeth_-_Watershed
02. Heir Apparent
03. The Lotus Eater
04. Burden
05. Porcelain Heart
06. Hessian Peel
07. Hex Omega
08. Derelict Herds (bonus)
09. Mellotron Heart (bonus)

Novamente gostaria de referir o contraste de estilos, quando comparamos “Coil” com “Heir Apparent”, a primeira bastante dramática e a segunda com um instrumental bastante forte e rápido, tornando-a numa das faixas mais pesadas do disco. É este o estilo que o grupo tem tentado implementar na sua música e, verdade seja dita, tem conseguido. A diversificação de estilos poderá agradar a uns e desagradar a outros. Os fãs mais acérrimos do death metal poderão não simpatizar com o grupo actualmente, devido à grande alteração de estilos. O que é certo é que Watershed e os dois discos anteriores são boas demonstrações de metal progressivo, claro que com uma mistura, aqui e ali, de death metal mas ainda assim, excelentes demonstrações da nova direcção musical dos Opeth.

Opeth – Watershed (álbum na íntegra)

// João Braga