São 10 anos, tempo suficiente para um culto se formar. Os Linda Martini entraram na história da música portuguesa com uma ‘espontaneidade’ notável, imprimindo sempre uma qualidade generalizada em tudo o que conseguiram fazer até aqui, quer em composição musical, quer em espectáculos ao vivo, e é neste último ponto que uma banda destas nunca desilude.
A Sala Tejo (MEO Arena) teve a recepção que os Linda Martini esperavam, estavam em Lisboa, e Lisboa teve o que esperava deles. Custou a encher um recinto, que de si, estava sedento que lhe fosse ‘tirado o pó’, por uma banda e por um público que o merecesse.
O intuito: ‘Turbo Lento‘. Foi muito mais! A banda trazia na bagagem o novo álbum, recentemente editado, mas este espectáculo não podia ficar por aqui. ‘Turbo Lento’ soa intensamente bem ao vivo (‘Juárez’ rebenta com a escala). ‘Ninguém Tropeça Nos Dias’ deu o mote de início ao espectáculo, seguem-se ‘Juárez’ e ‘Panteão’.
Tudo soa bem até então, mas dá para tirar uma rápida conclusão, a banda está mais sólida ao vivo, do que nunca, existe uma harmonia latente entre todos os membros quando estão em palco, que faz pensar que estamos presentes a uma das melhores bandas portuguesas dos tempos recentes, e estamos mesmo.
Quando toda esta mistura se faz com os temas mais épicos de ‘Olhos de Mongol’ e ‘Causa Ocupada’, arma-se a barraca entre as hostes. Houve um ‘Belarmino’ muito bem acolhido, mas houve um ‘Cem Metros Sereia’ que foi o fim do rastilho que ardia desde bem cedo (conta-se que foi acendido por público que às 13 horas já marcava presença à porta do recinto).
‘O Amor É Não Haver Polícia’ e ‘Dá-me a Tua Melhor Faca’ encerram a noite e fazem o pleno. Não há muito mais para contar, é mais Linda Martini, mais apurado, mais arrumado, com uma fórmula e uma mística que continuam a resultar, para nosso gáudio.
Texto: Ricardo Raimundo
Fotografia: Diogo Oliveira