Mais de dez Fundamentais do Progressivo e com cada artigo, maior fica a colecção do fã de rock progressivo. “Sinto-me na obrigação” de vos apresentar um álbum que não teve a aceitação que deveria com o álbum de City Boy, e um outro álbum da lendária banda Procol Harum que apresenta em 1970 um dos melhores trabalhos da sua discografia.
City Boy – 1979 – The Day The Earth Caught Fire
City Boy não podem ser retratados como um símbolo do rock progressivo, nem de perto nem de longe, nem sequer a sua imagem e a forma como se apresentavam em palco correspondia à típica imagem de uma banda de rock progressivo. O grupo britânico iniciou as suas actividades em 1973 e “encerrou portas” em 1982 muito devido à falta de apoio administrativo e de sucesso comercial significativo.
A banda conseguiu destacar-se por um som bastante melódico e por vezes a pender para o pop, mas a grande maioria dos seus discos deve ser classificada como rock/pop. No entanto este lançamento de 1979, The Day The Earth Caught Fire, apanhou uma grande parte dos seus fãs de surpresa, apresentando um som bastante mais “rockeiro” e bem mais complexo do que qualquer um dos seus álbuns anteriores, o grupo tem neste disco o único trabalho na sua discografia que se pode classificar como rock progressivo.
Lista de faixas para The Day The Earth Caught Fire:
01. The Day The Earth Caught Fire
02. It’s Only The End Of The World
03. Interrupted Melody
04. Modern Love Affair
05. New York Times
06. Up in the Eighties
07. Machines
08. Ambition
Apesar de ser um disco demarcado pelo som progressivo e com uma forte componente técnica, apresenta ainda assim faixas bastante melódicas como é o caso de “Modern Love Affair”, “Up in the Eighties” ou “Interrupted Melody” que contrastam claramente com o som progressivo de “The Day The Earth Caught Fire”, “Machines” ou a épica faixa com mais de 13 minutos “Ambition”. Para além dos seis elementos da banda funcionarem na perfeição, a produção deste disco destaca-se pela positiva, quando comparado com a restante discografia da banda.
Considero City Boy como uma banda subvalorizada e que apesar de apresentar um som muito melódica para a década de 70, conseguiam ainda assim apresentar um rock/pop de excelente qualidade. Surgiram numa altura em que o heavy metal dominava e City Boy pareciam um tanto deslocados da realidade. Mesmo assim tiveram 9 anos de actividade e lançaram sete discos de estúdio, para além de uma série “singles” de sucesso comercial moderado como “5.7.0.5”, “The Hap-ki-do Kid” e “Heads Are Rolling”, por exemplo.
Procol Harum – 1970 – Home
Mais uma das minhas bandas preferidas, sem qualquer dúvida, guiada pela mestria e extraordinária capacidade técnica e vocal de Gary Brooker. O grupo britânico já foi aqui apresentado com o seu álbum de estreia lançado em 1967 intitulado Procol Harum, que foi sem dúvida um dos pioneiros do rock progressivo e sinfónico. Durante dez anos lançaram álbuns todos os anos e tiveram tours bastante bem sucedidas, mas em 1977 decidem parar temporariamente para regressar, em 1991, com The Prodigal Stranger que apesar de ser um disco de muito boa qualidade não é nem de perto nem longe um álbum de rock progressivo.
Com mais de 40 anos de história Procol Harum é uma das lendas vivas da música e tem neste trabalho intitulado Home não só a sua obra mais psicadélica e progressiva, mas também das mais emocionais alguma vez criadas pelos mestres.
Lista de faixas para Home:
01. Whiskey Train
02. The Dead Man’s Dream
03. Still There’ll Be More
04. Nothing That I Didn’t Know
05. About to Die
06. Barnyard Story
07. Piggy Pig Pig
08. Whaling Stories
09. Your Own Choice
Apesar de muitas vezes Procol Harum não ser considerado como o grande representante do rock progressivo, muito devido à originalidade de juntar um piano com uma guitarra eléctrica de uma forma até hoje nunca vista, talvez injustamente a banda é muitas vezes deixada de lado. Admito que o grupo toca um rock progressivo bastante diferente do que normalmente é tocado, bem mais melódico e muitas vezes sofisticado. As faixas progressivas: “Whiskey Train”, “Still There’ll Be More” e “Whaling Stories” a juntar às emocionais “The Dead Man’s Dream”, “Barnyard Story” e “Nothing That I Didn’t Know” fazem deste álbum um dos mais completos e ricos discos alguma vez compostos pela banda.
Procol Harum – Home (álbum na integra)
// João Braga