Rush são uma banda que ainda tem a capacidade de se renovar mesmo após mais de 40 anos de história. A prova disso são os seus últimos álbuns, Snakes & Arrows e Clockwork Angels, que são do melhor no campo do rock progressivo nos últimos 20 anos. Apesar do grupo canadiano ter uma das melhores e mais completas discografias de todos os tempos, é possível ainda assim eleger os dois mais importantes para a história do rock progressivo. De seguida apresento os dois álbuns que mais me surpreendem, mas ressalvando o facto de que maior parte dos seus discos poderia ser eleita para qualquer lista dos mais importantes do rock progressivo.
Rush – 1976 – 2112
Este é considerado por muitos como um álbum conceptual apesar de “2112” de facto contar uma narrativa ocorrida no ano 2112, eu não o vejo como um verdadeiro álbum conceptual à moda de The Lamb Lies Down On Broadway ou Operation: Mindcrime entre outros, mas mesmo assim compreendo o facto de ser considerado como conceptual já que “2112” ocupa mais de metade do álbum em termos de duração, com mais de vinte minutos.
Lista de faixas para 2112:
01. 2112
1 – Overture
2 – The Temples Of Syrinx
3 – Discovery
4 – Presentation
5 – Oracle: The Dream
6 – Soliloquy
7 – Grand Finale
02. A Passage To Bangkok
03. The Twilight Zone
04. Lessons
05. Tears
06. Something For Nothing
“2112” conta a história de um mundo, em 2112, controlado por sacerdotes nos templos de Syrinx (“The Temples Of Syrinx”) que controlam tudo o que existe, dominando o mundo de forma déspota. As restantes faixas do álbum nada têm a ver com a épica faixa de abertura. Apesar de não terem a mesma qualidade de “2112” são mesmo assim faixas em que impera a excelente qualidade composicional e instrumental do grupo, com as rápidas “A Passage To Bangkok” e “Something For Nothing”, a enigmática “The Twilight Zone” e as emocionais “Lessons” e “Tears”.
Rush – 2112 (álbum na íntegra)
Rush – 1977 – A Farewell To Kings
Apesar de não ter um conceito e de não contar uma história como acontece em “2112”, A Farewell To Kings presta mais atenção ao poder musical e à complexidade instrumental que sempre os caracterizou. A década de 70 foi, de facto, marcante para o grupo apresentando discos de extrema importância para o rock.
Neste álbum, Rush preocupa-se mais em demonstrar as qualidades exibicionais com faixas como “A Farewell To Kings” que contém a típica vertente melódica do grupo juntamente com a pesada bateria de Neil Peart, os poderosos riffs de Alex Lifeson e a mestria de Geddy Lee tanto na voz como no baixo.
Lista de faixas para A Farewell To Kings:
01. A Farewell To Kings
02. Xanadu
03. Closer To The Heart
04. Cinderella Man
05. Madrigal
06. Cygnus X-1
Como disse na introdução, Rush sempre teve a capacidade de se renovar e se transformar, já na década de 70 era assim com a introdução de novos instrumentos e de novas técnicas. As épicas “Xanadu” e “Cygnus X-1 Book I: The Voyage” são exemplo da inovação musical que a banda fazia nos seus discos. Ambas são conceptuais, a primeira tem mais de dez minutos e é inspirada no poema Kubla Khan que fala de imortalidade; já a segunda, é a última faixa do álbum, e é a primeira parte de Cygnus X-1, relata a história de um viajante que é sugado para um buraco negro (Cygnus X-1). A segunda parte, “Cygnus X-1 Book II: Hemispheres” é a primeira faixa de Hemispheres, lançado em 1978. Para além de conter estas obras-primas do progressivo, A Farewell To Kings é bastante diverso em termos musicais, à semelhança de 2112, apresentando as emocionais e quase comerciais “Closer to the Heart” e “Cinderella Man” e a bastante suave e curta “Madrigal”.
Rush – A Farewell To Kings (álbum na íntegra)
// João Braga