ARJEN A. LUCASSEN em discurso directo na RUÍDO SONORO

ENTREVISTA A ARJEN ANTHONY LUCASSEN, mentor de projectos como AYREON, STAR ONE, GUILT MACHINE, entre outros.

Arjen lançou recentemente ‘Victims Of The Modern Age’, novo album de STAR ONE. E é sobre este álbum e sobre a sua carreira no geral que temos o prazer de apresentar no nosso espaço, Arjen Lucassen em discurso directo!

Desde já, os meus parabéns e do restante staff da ruidosonoro.com, por mais um excelente trabalho. É com muito gosto e prazer, que nós na RUÍDO SONORO desenvolvemos esta entrevista e também a pensar nos teus fãs em Portugal, que são muitos. Algumas destas perguntas foram feitas com base nas ideias dos visitantes do nosso site, mais propriamente the_passenger e Patrícia G., agradecimento especial à Cláudia que elaborou toda a tradução. Muito obrigado a ambos.

RS. Passado um mês do lançamento de ‘Victims Of The Modern Age’, já deves ter uma noção da aceitação do público a este novo álbum. Qual o feedback?

AAL – As vendas são fantásticas: o álbum entrou para os charts na Holanda e Alemanha, as reviews são todas boas e tenho recebido todos os dias muitos mails positivos de fãs… portanto não me posso queixar!

RS. Mais um álbum cheio de história e enredo. Não me estou a referir somente a Star One e à ligação por exemplo a séries e filmes que foram êxitos no mundo, refiro-me também aos cenários transcendentes de Guilt Machine e à cena Sci-Fi de Ayreon. Queres desvendar onde vais buscar tanta inspiração?

AAL -Se eu soubesse, iria lá sempre que me falta inspiração! Hmm… Eu penso que tudo o que me faz sentir bem me inspira. Claro que pode ser boa música mas também um bom filme. Ou uma boa corrida, ou uma saborosa refeição, ou uma boa…eh…bem, pode ser mesmo qualquer coisa . Quando me sinto bem, sinto-me com vontade de criar. O contrário de um artista de blues suponho, que está sempre a queixar-se!

RS. Sentes que este álbum é a continuação dos Star One e não o seu fim?

AAL – Eu nunca termino nada, mas também nunca faço planos futuros. Planear apenas me limita no processo criativo. Assim, vejo-o simplesmente como o 2º capítulo da saga de Star One. Um, mais moderno, mais escuro e mais pesado, seguimento do primeiro.

RS. Tendo em conta todos estes anos a fazer boa música, achas que a tua música tem sido também uma ‘vítima da idade moderna’?

AAL – Eu espero que não, acho que as outras pessoas é que podem dizer. De qualquer maneira, eu faço os possíveis para não ficar dependente da tecnologia. Eu quis que o ultimo álbum de Star One soasse muito orgânico e espero ter conseguido. Sim, eu agora trabalho maioritariamente com computadores, mas ainda consigo fazer com que eles trabalhem para mim e não ao contrário. Mas sim, eu também me tornei uma vítima da idade moderna em muitos sentidos… se a minha internet falhar eu entro em pânico!

RS. Trabalhas e trabalhaste com um excelente grupo de músicos. É fácil para eles saberem o que desejas para essa certa faixa? Sabendo que são todos excelentes músicos, aceitas sugestões e críticas dos teus convidados?

AAL – É claro que eu encorajo e agradeço sugestões. Eles são os melhores músicos no mundo, por isso mesmo é que os convidei. Iria ser uma perda se eles não pudessem contribuir no processo criativo. Todos eles recebem os meus guias, mas até lhes digo para não os ouvirem muitas vezes, para poderem ser espontâneos e adicionar o seu toque pessoal.

RS. Conta-nos um pouco, como é trabalhar com tão bons intérpretes?

AAL – É a melhor coisa que pode haver! É uma sensação maravilhosa quando estou a escrever as músicas, saber que todos os músicos juntos irão fazer as músicas ainda melhores do que tenho na minha cabeça. É uma luxúria total. Acho que me tornei muito mimado 🙂

RS. Há algum vocalista/músico com o qual gostasses de trabalhar mas cuja oportunidade ainda não se proporcionou?

AAL – Oh sim, a lista é interminável. Principalmente todos aqueles grandes artistas que me inspiraram enquanto crescia. Como Robert Plant, David Gilmour, Geddy Lee, Alice Cooper, etc. Mas é muito difícil entrar em contacto com eles. E hoje em dia eles ouvem um tipo de música diferente, as raízes deles são bem diferentes das minhas. Infelizmente, prog e metal ainda são palavras sujas para muitos. É por isso que é tão difícil conseguir músicos de fora do reino do prog e do metal.

RS. Acompanhas o panorama musical certo, que crítica fazes à gestão da música a nível mundial? Tens conhecimento/preferência por alguma (s) banda (s) Portuguesa?

AAL – Eu acho que muitas bandas preocupam-se demasiado com as técnicas e muito pouco em transportar as suas emoções. Agora existe muita música que me parece muito fria, comparando com a música aventureira dos anos 60 e 70. Haha, devo parecer um velhote, “tudo era muito melhor antigamente”, haha! Mas falando a sério, há muito boa música a ser feita hoje em dia, o negócio da música está muito aberto agora, comparando com os anos 80 e 90, quando muitos estilos de música eram restritos por determinadas regras

RS. Existe alguma hipótese, por mais remota que seja, de alguma vez assistir a um espectáculo de um dos teus projectos em solo português?

AAL – Tocar ao vivo já não é a minha paixão, tornei-me muito mais um compositor/produtor que um artista de actuação. Além de mais, iria ser muito difícil, demorado e dispendioso, juntar estes 10 músicos de todas as partes do mundo, os quais têm as suas próprias bandas e projectos, para fazer ensaios e uma tour.

RS. Já podes revelar o que se segue, qual será o próximo álbum e de que projecto? Mesmo que não tenhas nada definido, já pensas nisso?

AAL – Agora vou finalmente gravar o meu álbum a solo que tenho vindo a planear nos últimos 10 anos. Ainda não sei como vai soar, mas estou desejoso de trabalhar nele! E é um novo desafio… conseguirei fazer isto sem todos aqueles excelentes músicos e cantores convidados? Deseja-me sorte 🙂

Muito obrigado pela disponibilidade!
Espero que a próxima entrevista seja em solo Português, no início ou no final de um concerto teu. Continuação de bom trabalho!

== Vou dar o meu melhor, obrigado pelo teu interesse no meu trabalho!

Cheers,
Arjen

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