Fotografia: Filipe Silva | Texto: Bruno Correia
A noite fria em plena depressão meteorológica fazia antecipar ainda mais o serão de sexta-feira no qual nos dirigimos ao Capitólio para receber de volta o Omar Souleyman, presença já frequente no nosso país. Entrada rápida e com uma sala ainda a compor-se (e que nunca chegaria a encher) as projeções em tons de areia nas paredes juntamente com a banda sonora nas colunas começaram a levar-nos até ao Médio Oriente e a ajudar-nos a aquecer o corpo e a alma, missão que Souleyman trataria de concretizar depois.
Apresentou-se como o tinha feito na última passagem por cá (no Festival Ponte D’Lima, em 2024): MacBook em cima de uma mesa na parte de trás e Omar Souleyman à sua frente, sem telcados. Sempre sem grandes efusões, deixou a sua música e voz falarem por si e caminhou pelo palco sem pressas e com o microfone na mão que põe debaixo do braço a espaços para bater palmas ao longo de alguns dos momentos em que não canta. Frequentemente reactivo ao que vê nas filas da frente, o sorriso tímido foi aparecendo a espaços e deliciou os que com ele vão tentando comunicar do lado de cá.
De poucas palavras além das cantadas, só o agradecimento entre músicas ouvimos de cima de um palco no qual, deve ser dito, não nos importaríamos de ter mais para onde olhar. Era mais do que suficiente, contudo, para nos absorvermos nos temas e estarmos agarrados do início ao fim numa dança praticamente contínua que, sozinhos ou de mão dada a desconhecidos, durou todo o concerto.
Se uns até falam a língua e percebem as letras, à maioria restou focar-se na música e sentir no corpo os ritmos e batidas incessantes de uma celebração sem fronteiras que durou cerca de uma hora até à saída de palco. O público ainda se manteve firme e gritou por mais mas o regresso acabou por não se concretizar.