DITZ no Musicbox. Estreia estrondosa em nome próprio

Fotografia: Nuno Bernardo | Texto: Bruno Correia

A quebra da rotina a meio da semana fez-se esta noite no Musicbox com o regresso dos DITZ a Portugal para o seu primeiro concerto em Lisboa e a estreia em nome próprio.

Poucos minutos a faltar para a hora marcada, luz apagou-se e “Cheira a Lisboa” fez-se ouvir nas colunas da sala. Uma talvez pouco expectável referência à «rainha Amália», assim mesmo referida por Cal Francis, vocalista da banda inglesa que mostrava vir com vontade de criar empatia com o público lisboeta numa sala que, de início, tinha mais espaço livre do que esperaríamos.

As músicas novas não podiam estar mais frescas – o bastante antecipado Never Exhale foi lançado nem duas semana antes – e foi a elas que o grupo de Brighton se lançou desde o início e ao longo da primeira meia dúzia de temas apresentados. Com disco tão novo e uma mini tour bem recente de celebração do seu lançamento por várias lojas de discos em Inglaterra, as notas, ritmos e batidas pareciam estar na ponta dos dedos e começaram a soltar um público que demorou a parecer totalmente entregue à causa.

Cal Francis continou a sentir-se em casa no Musicbox e foi saltando cá para baixo, agitando-nos e causando a comoção necessária para equilibrar a energia deste lado com a que a banda foi fazendo passar lá de cima. Tendo-os visto em palcos bem maiores aquando de uma das últimas passagens pelo Porto enquanto banda de abertura dos IDLES, não há como negar que as dimensões mais reduzidas do cenário desta noite se parecem ainda mais feitas à medida da comunhão e proximidade que os DITZ se esforçam para conseguir com o público.

Sempre de microfone atrás, shot pedido no bar e devidamente bebido, “Senor Siniestro” foi a primeira a ser cantada no meio do público por Francis. Voltou mais tarde e pegou no já famoso sapo Mickey, presença frequente em concertos, antes de subir com ele até ao primeiro andar e o colocar com vista privilegiada. Cá de baixo, foi a nós que as pernas começaram a tremer com a força da introdução de “hehe”, um dos primeiros regressos ao álbum de estreia, The Great Regression (2022), que Francis começou a cantar em cima do balcão do bar.

O esforço (de quem parecia fazer por gosto, diga-se) foi compensando e, dúvidas tivesse havido, teve depois toda a sala na mão e já não a largaria até ao final. Perguntou-nos sobre algumas particularidades da rua cor-de-rosa antes de “The Body as a Structure” e disse-nos «Vamos tocar mais uma nova antes de voltar a alguns bangers mais antigo» antecedendo “Britney”, uma das poucas pausas para respirar.

A mão cheia de temas do primeiro disco guardados para a despedida culminou com “Ded Würst” e “No Thanks, I’m Full” num final completamente demolidor e uma despedida que, apesar das frequentes visitas da banda a Portugal nos últimos anos, nos deixou imediatamente com saudades e vontade de um regresso breve.