Fotografia: Ana Ribeiro | Texto: Margarida Dâmaso
Fazendo jus ao seu slogan «O melhor cartaz. Sempre.», este ano parece que o mote do NOS Alive passou mesmo por destrunfar os seus semelhantes, tendo reunido no mesmo espaço nomes que dariam até para dois ou três festivais.
No entanto diz-se que «quem tudo quer, tudo perde» e quando se tem um cartaz exemplar, quem perde geralmente são mesmo os festivaleiros que não conseguem assistir a todos os momentos de relevo para a história do evento. As críticas da nossa equipa seguem neste sentido, uma vez que ao considerar nomes como Unknown Mortal Orchestra, Parcels ou AURORA, tornam pequeníssimo o Palco Heineken. Verdade seja dita que quem lá consegue chegar atempadamente (eventualmente por ter abdicado de outra excelente opção), consegue aproveitar momentos mágicos e emblemáticos do mundo dos festivais.
11 de Julho
Para arranque, pelas 17h50, os Unknown Mortal Orchestra foram os primeiros a captar a atenção do público do Palco Heineken, pois vinte minutos antes do início o espaço que restava já era pouco. Foi tempo para uma banda já conhecida pelos festivaleiros e que, sem dúvida, merecia um lugar no palco principal. Não é preciso sermos nós a dizê-lo, caso seja preciso relembrar os aplausos e gritos vibrantes da plateia quando a banda entrou em palco. A aclamar o cruzamento perfeito entre uma voz melancólica e suave com um instrumental mais arrojado, o grupo de Ruban Nielson passou por temas como “From the Sun” e “Necessary Evil” numa primeira parte, aproveitando-se “Nadja” para se apresentar a banda. “So Good at Being in Trouble”, “Waves of Confidence”, “Layla” e “Multi-Love” foram guardadas para a segunda metade do concerto, sendo “Hunnybee” e “Can’t Keep Checking My Phone” as mais dançadas e cantadas antes da recente “That Life”. Com raras interrupções e ténues pontes entre músicas, o concerto foi coeso mas as múltiplas sobreposições entre faixas afastou a ligação ao público.
Pouco depois, os simpáticos Nothing But Thieves subiram ao Palco NOS, onde satisfizeram os seus fãs com temas como “Impossible” e “Sorry” mas decidimos, no entanto, permanecer no palco secundário e assistir a Kenya Grace. Apesar do sucesso em Portugal, provavelmente remetido para nichos, a pouca audiência pôde justificar-se pela sua apresentação com mesa de mistura logo ao início da tarde, com músicas que lembram hits de dança dos 90s e 00s. Quem esteve presente foi agraciado com “After Lover” e “Paris”, entre outros singles. Em simultâneo, no Palco WTF Clubbing, o nortenho Conjunto Corona viu este espaço demasiado pequeno para a quantidade de pessoas que desejaram provar a sua oferta de hidromel e entoar «Gondomar!», entre falas do Norte pouco ajustadas ao horário num festival com um quê de familiar e várias crianças a perfilarem-se para jantar.
Contrastando com a melancolia esperada de Benjamin Clementine, seriam vinte horas em ponto quando este humilde senhor, já conhecido e amado dos portugueses, subiu ao Palco NOS, o principal do evento. Sorridente e discreto, como habitual, apresentou-se desta vez acompanhado de vários músicos, que entre teclas e cordas preencheram o palco. Num estilo mais digital, afastando-se do seu registo intimista e solitário ao piano, apresentou novas músicas a Algés no arranque do alinhamento. Depois de várias passagens pelo país, realçou a felicidade por estar de regresso e relembrou momentos significativos em Portugal, tentando em “Condolence” cantar um excerto do refrão na língua portuguesa com ajuda do público.
“Jupiter”, “Phantom of Aleppoville”, “Adios”, “Nemesis”, “I Won’t Complain” e “Cornerstone” fizeram parte da setlist de um concerto em que se falou sobre a vida e as dificuldades de se estar apaixonado. No entanto o artista afastou-se do seu lado mais emocional nos momentos de entrega, como nos tinha acostumado em palcos e ambientes mais acolhedores, e isso pode ter danificado a imagem que alguns ali criavam pela primeira vez.
Mais uma vez a tenda aka Palco Heineken foi pequena para quem quis assistir a Black Pumas. Tanto a sua dimensão como os concertos concorrentes no horário não deram para conter a afluência para a qualidade musical que ali se reuniu. É, de facto, agradável saudar um festival pelos bons nomes que consegue agarrar, mas fica cada vez mais complicado para quem procura uma experiência em pleno sem ter de abdicar de muitos grandes nomes para ver outros num palco secundário. Apesar do elevado número de espectadores, a circulação no recinto decorreu sem grandes problemas, sob um solo agora todo protegido com tapetes de relva.
Já a noite havia caído e foi a vez de uns tais The Smashing Pumpkins, também repetentes, ocuparem o lugar principal no Palco NOS. Contrariamente à última passagem pelo festival, a banda desta vez cumpriu com as expectativas e mostrou que um mau exemplar não retira todo o esplendor do histórico grupo de Billy Corgan. Foi-se viajando no tempo por êxitos maiores como “Today”, “Tonight, Tonight” e “Disarm” e foi através de algumas algumas palavras trocadas em português que viram renovados os seus votos com o público. Apesar da voz característica dos anos de juventude nas canções que marcaram a primeira metade dos 90s, as palavras fazem-se conotar de uma certa maturidade. Apesar disso sabemos que neste festival não há muito tempo para parar, sobretudo se quisermos fazer render as horas no recinto.
Foi entre correrias e apostas certeiras que assistimos ao concerto mais lotado do primeiro dia, com Parcels no Palco Heineken – já dissemos que é demasiado pequeno para certas bandas ou artistas? – bem preenchido muito antes do seu início, com um público mais novo que já abdicou de “1979” no palco principal. Foram os assobios ensurdecedores confirmam que «os Beatles da nova geração» (como se escutou entre a audiência) foram os mais aguardados até ao momento e têm, sem dúvida, lugar mais que garantido nos palcos principais e um destaque na nossa reportagem.
Entre poucas palavras mas com um grande deslumbramento no olhar, os putos australianos partilharam o seu ponto de vista: «Que raio! Vocês são incríveis! Sempre que vimos a Lisboa, e a Portugal, é incrível. Há algo na água…»”. O resto da sessão foi para fazer tudo bem ou melhor ainda, pois assumindo o seu formato original (menos digital ou ‘electrizado’), do mais antigo ou mais recente, percorreram tudo aquilo que se queria escutar da ainda curta carreira. A envolvência dos jovens no concerto foi tal que passaram a fazer parte integrante da própria cena, entre jogos de luz e sombra no fundo, ou deitados no chão a tocar. Deixaram “Tieduprightnow” e “Overnight” para a parte final e foi possível sentir o chão estremecer.
O encerramento do Palco NOS neste primeiro dia ficou a cargo de Arcade Fire. Por ser tarde num dia de semana, em que alguns adultos ainda têm de acordar cedo para trabalhar no dia seguinte e em que as crianças esgotam rapidamente as suas baterias, o público não demorou a dispersar. Foi uma plateia mais reduzida que assistiu muitos dos sucessos desta banda que, apesar de ter cativado portugueses ao longo das duas últimas décadas, eventualmente deixou-os mais desiludidos nos últimos anos.
Cumprindo com a setlist da tour, subiram a palco com “Sound and Vision” de David Bowie. Tal como o vocalista Win Butler, o público foi-se aproximando e entoou alguns versos de punho no ar, como um movimento de força e identificação com as palavras. As primeiras filas foram aquelas mais empolgadas e a certo ponto pareceu que o concerto foi construído só para quem estava mais próximo, notando-se algum aborrecimento em quem decidiu ficar a uma certa distância.
Nesta noite dividida em três actos, o concerto arrancou a recordar os 20 anos de Funeral com quatro faixas consecutivas desse disco de estreia. Seguiram-se “Age of Anxiety II (Rabbit Hole)”, “Reflektor” e “Afterlife”, com esta última a piscar o olho a New Order e aos próprios Smashing Pumpkins. Já na recta final visitou-se The Suburbs com a faixa-título, “Ready to Start” e “Sprawl II (Mountains Beyond Mountains)”, com a apoteose final de “Everything Now” e “Wake Up”. Entre vários agradecimentos em português, escutou-se que «chegar a Lisboa é como chegar a casa» antes da explosão de confetti e de uma saída calorosa ao ritmo de “Stand by Me” de Ben E. King.
Um dos concertos de destaque e exclusivo desta edição esteve guardado para as 01h30 no Palco Heineken: Jessie Ware abriu a danceteria e trouxe consigo e com os seus bailarinos a sensualidade e brilho, captando sobretudo a atenção da comunidade queer daquele dia, que marcou presença sem qualquer problema de acompanhar as suas letras e coreografias. Entre as faixas do seu último trabalho, That! Feels Good!, apresentou ainda a sua recente colaboração com Romy “Lift You Up”, uma versão de “Believe” (Cher) e encerrou a noite com um mote aos prazeres da vida com “Free Yourself”.
12 de Julho
Ao segundo dia houve mais vento, calor e… casais apaixonados. Entre nuances do recinto que promovem uma experiência rica – os cheiros, as comidas, a proximidade entre os palcos, o tapete de relva artificial, a limpeza e a acessibilidade – este 12 de Julho foi dia da cabeça-de-cartaz cuja música liderou as publicidades do evento deste ano e o público diversificou-se de acordo. Havia um público mais jovem e com maior carga de purpurinas, sendo também habitual avistar pais e filhos. Também houve um ambiente mais LGBT+ friendly, convidativo à liberdade de expressão, de quem se é e do como queremos que nos vejam. Tudo alinhado para receber a Dua Lipa em Algés, mas lá iremos.
Já após dos The Heavy terem arrancado o dia no Palco Heineken, o Palco WTF Clubbing viu passar Diana Lima que, em português, contou algumas histórias aos seus seguidores nas primeiras filas, incluindo “Tu sabes”, tema que partilha com Murta. Daí se passou a Larkin Poe, jovens de Nashville que vestiram a sua melhor ganga e trouxeram ao Palco Heineken um misto de grunge com country rock, cativando o público com as maneiras peculiares de tocar guitarra.
Um pouco depois coube a T-Rex aproveitar o seu lugar de destaque no Palco NOS para evidenciar o privilégio que tem ao fazer o que faz em língua portuguesa. Além de temas como “Pra mim” e “Volta”, no final do alinhamento e com o Sol a pôr-se nas suas costas, passou por “Tempo”, que partilha com Bispo, FRANKIEONTHEGUITAR e Lon3r Johny. De regresso ao WTF Clubbing encontrámos uma das bandas mais aguardadas deste cenário: Sea Girls. A banda britânica, que antes da hora já amealhava muitos festivaleiros à sua espera, podia ter sido acomodada no Palco Heineken. Fizeram questão de ter contacto próximo com o público, prometeram muito e entregaram ainda mais.
Pelas 20 horas assistimos à aterragem de um ser místico no Palco NOS. Ashnikko conduziu-nos a um mundo feminino, numa mistura de puerilidade e sexualidade representado pelas suas bailarinas abonecadas. Provocante e pervertida, questionou o público efusivo – «Do you know this song, baby? Then prove it!». Apesar de ter estado recentemente doente, referiu estar muito feliz por se estrear em Portugal, enquanto distribuiu um alinhamento impróprio para crianças com “You Make Me Sick!”, “STUPID”, “Working Bitch” e a mais aguardada “Slumber Party”.
Enquanto JÜRA preenchia o Palco WTF Clubbing, um dos concertos mais lotados (aka o segundo grande erro) deste festival começava no Palco Heineken. Apesar da captação de imagens, foi impossível aproximarmo-nos do concerto de AURORA para assistir com maior detalhe. Quem lá esteve, transmitiu a noção de um lugar mágico, inclusivo e gracioso dentro do próprio festival.
De regresso ao palco principal, constatamos que uma substituição nunca foi tão bem recebida. Arlo Parks suplantou Tyla para, com a sua fofura sentimental, continuar a onda de conforto desta noite. Entre “Weightless” e “Blades” mostrou o deslumbramento ao afirmar que esta seria a maior audiência para quem iria tocar. Não puderam faltar “Carolina”, “Eugene” e, para finalizar, “Softly” junto à sua banda. Para a despedida elevou a bandeira LGBT colada com a frase «Protect trans kids». Ainda num ambiente tranquilo, seguiu-se no Palco Heineken a música de Michael Kiwanuka, que mesmo em festival consegue derreter os corações mais frios com a sua voz quente.
A estrela mais aguardada da noite (e quiçá do festival) subiu ao Palco NOS pelas 23h45. Para muitos, sem dúvida, o “concerto” desta edição. A introdução serviu-se com “Gym Tonic”, de Bob Sinclair e antes de Dua Lipa se mostrar, o público já gritava pelo seu nome. Instantaneamente um mar de telemóveis inundou o Passeio Marítimo de Algés, iluminando o receinto enquanto a cantoria e a dança tomaram as prioridades com as letras todas bem decoradas. Foi debaixo de uma chuva de confetti que os sucessos – e já há tantos na carreira desta jovem foram entoados, como “Training Season”, “One Kiss”, “Illusion”, “Break My Heart” e “Levitating” a fazerem-se desfilar logo ao arranque. O encore foi feito ao som de “Physical”, “Don’t Start Now” e o fogo-de-artifício da apoteótica “Houdini”.
No seguimento desta festa, quem ainda permaneceu no recinto correu para o Palco Heineken para a “Serenata da GG”. A drag queen Gloria Groove, já depois da 1 da manhã, trouxe o samba e vários bailarinos. “BRUXARIA 3000”, “Nosso Primeiro Beijo” e “A QUEDA”, “LEILÃO” fizeram parte do alinhamento desta festa queer, bem como passagens por Carmen Miranda, Alcione e Pabllo Vittar. Antes de encerrar, com “BONEKINHA ” e “VERMELHO”, a fadista Sara Correia subiu a palco para um dueto de “Chelas”.
13 de Julho
Com mais pessoas no recinto, também as filas aumentaram. Mas houve também mais Sol, menos vento e isso resultou num ambiente tranquilo com várias famílias à vista. Mas ao contrário das cores do dia anterior, a mancha do dia é negra e condizente com o rock e o merchandise da banda cabeça-de-cartaz do dia.
Cedo, pelas 17 horas, subiram ao Palco Heineken a banda vencedora do concurso anual: Objeto Quase para apresentar o seu EP Falsa Partida. O nervosismo, apesar da pouca experiência, assumiu um lugar bem mais seguro do que muitos outros. É notória a influência de Ornatos Violeta e dos próprios Pearl Jam, não só no instrumental mas também na voz e nas palavras declamadas.
Por sua vez, coube aos já não tão jovens Blasted Mechanism abrir o principal Palco NOS. «Trinta anos de amor e música», disseram a Algés. Ainda assim, a banda portuguesa mesmo no seu país de origem preferiu comunicar em inglês com o público. Consigo trouxeram “Start to Move”, “New Militia” e alguns clássicos mais vincados como “Blasted Empire”, “Battle of Tribes”, “Sun Goes Down” e a final “Karkov”.
Ao contrário dos dois primeiros dias, em que a maior parte das pessoas se movimentou livremente pelo Passeio Marítimo de Algés antes dos últimos concertos, este é o dia em que a maior parte escolheu permanecer junto do palco principal desde cedo. Mas havia mais para se ver: Black Honey, ou a «capuchinho vermelho dos tempos modernos», no Palco Heineken e as influentes The Breeders, no Palco NOS, foram preparando o terreno e ambientando os festivaleiros.
Foi no entanto no secundário Palco Heineken que o concerto ‘fofinho’ do dia se deu com Alec Benjamin. Comparativamente a outras ocasiões nos dias anteriores a tenda não estava lotada, mas quem lá estava sabia bem ao que ia. Com a sua voz característica de agudo anasalado, entre o rap e a indie pop, Alec falou-nos sobre as suas experiências pessoais, começando por “I Sent My Therapist To Therapy”. Partilhou de início que estava «num dos seus sítios favoritos na Terra» antes de arriscar um «amo-te» (ou seria um «te amo») em português, mas acabou por entregar com melhor dicção no seu idioma materno. Deu-nos “If We Have Each Other”, “The Way You Felt”, “Devil Doesn’t Bargain” na primeira metade do concerto, enquanto “Mind Is a Prison” foi o mote para a entrada da bandeira de Portugal em palco, colocada na bateria. Momento seguido pela nova “Pick Me”. Já “Jesus in LA” foi tocada só com a sua guitarra e com a ajuda do público no refrão, deixando a mais esperada “Let Me Down Slowly” para a despedida.
Os old school kids, como quem diz Sum 41, subiram ao Palco NOS com canhões de fogo e mantiveram a noite quente aos sons de uma juventude ali encenada. Da versão de “TNT”, dos AC/DC, às passagens por “Landmines” e “Walking Disaster”, reviveram cedo com o seu público os tempos de outrora com a energia que lhes é, e sempre foi, característica.
Os “old school kids”, Sum 41, subiram a um palco com canhões de fogo e mantiveram a noite quente, ao sons de uma juventude ali encenada.
Com arranque ao som de “TNT” (cover de AC/DC) e passagens por “Landmines” e “Walking Disaster”, reviveram com o seu público tempos de outrora com a energia que lhes é, e sempre, foi característica.
Mais tarde mas numa dimensão mais recente, e em contraste com o cenário infernal de Sum 41, os magníficos Khruangbin levaram-nos até ao alto, com uma vista panorâmica dos céus, tipo algodão doce, e janela aberta para as nuvens. Com bastante público no Palco Heineken mas sem convencer os permanentes do Palco NOS a arredar pé, o trio mostrou que era competente para lhes ser dado o palco principal. Ao contrário do semblante sério que usualmente apresentam, desta vez distanciaram-se das personagens e convidaram a dançar. Divertiram-se e, entre o tocar e os passos de dança, passaram por uma mistura de banda jazz a salão dos tempos de rock’n’roll ou até disco. “So We Won’t Forget”, “Pelota”, “Evan Finds The Third Room” e “Time (You And I)” foram alguns dos temas ouvidos e aplaudidos.
Havia chegado o concerto mais aguardado e que, definitivamente, fez esgotar o dia. Os Pearl Jam não perderam tempo e começaram, para um mar de gente, com “Daughter”, percebendo-se logo que a qualidade de som não estava a fazer jus à banda, apresentando-se algo abafado e pouco nítido. Eddie Vedder, que durante a tarde esteve a assistir ao concerto de The Breeders na lateral do palco, trouxe umas anotações e proclamou-as num português arcaico, meio desengonçado e inocente, como ele próprio. «Boa noite, olá a todos… assim é que se faz um festival. Nós somos apenas uma banda de Seattle mas vocês são mágicos. Então faço um brinde a todos vocês nesta última noite deste lindo festival», com resposta da plateia ao elevar uma imensidão de copos no receinto.
Tratou-se do último concerto da digressão europeia, mas nem nessa ocasião especial Vedder desistiu de destacar as bandas que anteriormente passaram pelo palco antes de avançar com o seu concerto. Entre mais recentes e antigas, houve “Elderly Woman Behind the Counter in a Small Town”, “Wreckage” e “Why Go”, com o público a saltar, esbracejar e a entoar outras como “Jeremy”, “Wishlist” e “Even Flow”. Entre a voz e simpatia do frontman e as acrobacias do guitarrista Mike McCready, capaz de tocar uma música com o instrumento atrás da nuca, houve muito para se agarrar o público. O palco foi percorrido a tocar e a correr, as guitarras foram entoadas e até um cachecol de Portugal acabou por ser adereço.
Antes das últimas faixas do alinhamento, Eddie Vedder voltou a proferir mais umas palavras na língua de Camões, destacando a beleza deste idioma e contrastando com a sua falta de aptidão, apesar do esforço. Depois de uma esperançosa versão de “Imagine”, de John Lennon, ouvimos “Black” e finalmente “Alive”, esse hino que dá nome ao festival e que colocou o vocalista de joelhos e em posição de vénia. Foram ainda seguidas por uma ode à música e à liberdade via “Rockin’ in the Free World”, de Neil Young, ficando o adeus final nas notas de “Yellow Ledbetter”.
Após os gigantes do rock, a noite a música continuaram com The Cat Empire já no Palco Heineken, antes da romaria final para se sair de Algés. O festival regressa em 2025 nos dias 10, 11 e 12 de Julho.