Judeline no Musicbox. Ascensão andaluza de olhos postos no futuro

Texto: Ana Rodrigues | Fotografia: Nuno Bernardo

Judeline estreou-se em Lisboa numa amena sexta-feira, dia 12 de Abril, onde foi muito bem recebida num Musicbox esgotado. Notou-se de logo uma mistura de línguas na sala, no qual o espanhol predominou. Alguns olhares curiosos e conhecidos do panorama musical português juntaram-se para dar as boas-vindas à cantora andaluza em ascensão.

«Cuandro abras las puertas del cielo, allí es que me quiero morir», ouviu-se em uníssono com o público. Quiçá esta frase pudesse ser uma figura de estilo para se referir ao palco, pois a gaditana entregou-se completamente desde o primeiro momento que o pisou. O registo dançante continuou com a carismática “La pestaña que soplé” e “Nueva em la Ciudad”, colaboração com Oddliquor e Tuiste. Os ritmos urbanos ecoaram na sala onde a artista pediu um “Senãl”, seguindo-se da “Trafalgar”, a intro que dá mote ao seu EP de la luz. Não só se ouviu o som da bateria pela primeira vez em “Otro Lugar – despertar”, como foi aqui que, sem recurso a efeitos de voz, Judeline abraçou o flamenco e mostrou o grande poder das suas nuances vocais. Não foi em vão que Rosalía abraçou este tema para a sua playlist no Spotify, intitulada MotomamiSS$$.

Depois de uma breve pausa para tirar uma selfie num telemóvel alheio e agradecer gentilmente ao público, entrou numa onda de covers começando com “La Tortura”, grande êxito de Shakira que não deixou ninguém sem cantar, seguida da “Soy el único”, gravada também para o Spotify Singles. De seguida, presenteou-nos com a “Tonada” em acapella, mas numa versão muito sua e distinta da original do venezuelano Simón Diaz, música que revelou costumar cantar em pequena com o seu pai.

Após este momento muito especial onde explorou intensamente as suas raízes, tocou o seu mais recente single “Mangata”, uma canção que mistura clubbing com feitiçaria, deixando o mistério entoar em volta do seu futuro álbum de estreia. Apostou encerrar o espetáculo com os aguardados hits de reggaeton “2+1” e “CANIJO”, não esquecendo a melódica “TÁNGER” e a apaixonante “ZAHARA”.

Conseguiu entender-se exactamente o porquê da artista de Jerez de La Frontera andar nas bocas do mundo. Não só foi convidada para fazer a primeira parte da tour europeia de J Balvin, com passagem em Algés a 1 de Junho, como anda a colaborar com artistas de renome na indústria musical. Claramente a «reina», como se ouviu algumas vezes gritar nos intervalos das canções, está a cozinhar uma carreira que vai dar muito que falar.