Graveyard no LAV. A agitada paz do blues sueco

Texto: Bruno Correia | Fotografia: Fábio Caeiro

Passava ligeiramente da hora prevista quando as as portas se abriram finalmente e o público começou a entrar. Dentro da Sala 1 do LAV, os The Quartet of Woah!, que por esta altura já dispensam qualquer apresentação, iam tratando dos últimos pormenores para dar início à noite. Quase como que nos apanhando de surpresa, foi curioso ver a linha ténue com que o soundcheck acabou e o concerto começou; atenções imediatamente viradas para o palco e corpos preparados para vibrar com este quarteto.

«Somos os Quartet of Woah e fazemos o que pudermos», dizia Rui Guerra antes do concerto seguir com “Master Lever Had A Dream”, tema de abertura de Ultrabomb que, custa a acreditar, conta com já mais de uma década desde o seu lançamento.

O tempo passa rápido quando nos estamos a divertir (assim como também eles em cima de palco pareciam estar) e ao aviso de que tinham mais dois temas seguiu-se “Arcadian Revenge”, com um início singular que rapidamente se transforma em mais um dos épicos habituais da banda, ao qual se sucedeu a última música da noite.

 

O efeito Graveyard é um fenómeno tão curioso como é poderoso. Em si, conseguem fazer convergir fãs de diferentes géneros, ponto provado pelas t-shirts tão diversas que nos era possível encontrar no LAV, das quais eram exemplo Eyehategod, 1000mods, Gojira ou Epica.

Não sendo uma presença incomum no nosso país, a última visita datava já de um tempo pré-pandemia e era, como habitualmente, uma moldura humana de boas proporções a que voltava a receber a banda sueca por cá, desta vez em Lisboa.

Sem lançamentos discográficos desde então (Peace acabara mesmo de celebrar cinco anos uns dias antes), a mais de uma hora de concerto foi aproveitada para tocar ao vivo alguns dos favoritos desse mesmo último álbum, bem como para voltar a 2011 e ao obrigatório Hisingen Blues, marco incontornável da carreira dos suecos e ao qual não demoraram a chegar, com “No Good, Mr. Holden” a suceder a “Hard Times Lovin’” (uma das que representou Lights Out, de 2012, nesta noite) para dar início ao espetáculo.

Com uma interpretação sempre habitualmente diferente da que ouvimos em disco, Joakim Nilsson, acompanhado pela sua Gibson 330, vai, tema após tema, conduzindo os seus Graveyard e levando o público ao passado e a alguns dos maiores destaques da carreira da banda. “The Siren”, já perto do fim, conseguiu, logo aos primeiros acordes, uma das maiores ovações da noite.

A saída de palco não deixava dúvidas que o fim estava próximo. O tempo não tinha esgotado, contudo, e o encore manteve alto o nível de energia, com uma interpretação incrível e inesquecível de “Walk On”, que antecedeu a “Ain’t Fit to Live Here”, que dava por terminada a festa.