Apocalyptica e Epica no Coliseu de Lisboa. Um Valentim sinfónico

Texto: Hugo Oliveira | Fotografia: Rute Pascoal

No passado dia 14 de Fevereiro o Coliseu de Lisboa foi palco de um São Valentim diferente. A “The Epic Apocalypse Tour” juntou os finlandeses Apocalyptica e os neerlandeses Epica para uma noite pautada pelo heavy metal sinfónico.

Aos finlandeses Wheel coube a tarefa de abrir a noite, num concerto bastante curto mas que serviu para animar a multidão que ia enchendo a plateia. Seguimos para um curto intervalo, emoldurado por uma projecção do mapa de Portugal no pano de fundo, como que já a preparar-nos para o espectáculo visual que se adivinhava. Foi ao som de “Abyss The Time – Countdown To Singularity” que os Epica entraram em palco, a primeira da setlist que iria incluir uma conjugação perfeita de algumas das suas músicas mais icónicas, ao mesmo tempo que nos apresentaram as novas do último álbum, Omega.

Os vocais líricos da talentosa Simone Simons inundavam o espaço, sendo poderosamente apoiados pelos guturais do guitarrista Mark Jansen. Uma mistura singular que une a sonoridade clássica à energia do metal, algo que os Epica usam com mestria. Eram muitos os que aplaudiam vigorosamente no final de cada música e cantavam em uníssono temas mais conhecidos como “Unleashed” ou “Cry for the Moon”. De destacar também os fantásticos efeitos visuais que iam, música após música, adornando o palco e criando um ambiente perfeito. Ainda que não tivéssemos um Coliseu a abarrotar, tivemos com certeza uma plateia bem envolvida e que inclusive obedeceu ao pedido de Jansen para um wall of death já quase na recta final.

 

Com a multidão energizada e pronta para mais uma ronda, os Apocalyptica seguiram com um set tão electrizante quanto os seus antecessores, sendo o mote da tour assinalado por um regresso às origens com a apresentação do seu último álbum Cell-0, o primeiro disco totalmente instrumental desde Reflections de 2003.

O set envolveu uma mistura bem nivelada dos seus trabalhos mais clássicos com algum material mais recente, como foi o caso das músicas “Ashes of the Modern World” e ”En Route to Mayhem”. A celebrar os 30 anos de carreira, a banda liderada por Eicca Toppinen mostrou-se mais em forma do que nunca, tocando com um entusiasmo contagiante e criando uma atmosfera imersiva. Fizeram-se acompanhar do cantor Frankie Perez, que com eles gravou o álbum de 2015 Shadowmaker, para dar voz ao tema homónimo, “I Don’t Care” e “I’m Not Jesus”. Perez não foi o único a partilhar o palco com Apocalyptica, já que a inigualável Simone Simons voltou a roubar os holofotes uma vez mais, desta feita ao lado do quarteto finlandês para apresentarem o mais recente single “Rise Again”.

Foram as covers de Metallica que catapultaram o grupo para as luzes da ribalta, por isso, claro que não podiam faltar os clássicos “Nothing Else Matters” e “Seek and Destroy”, êxitos esses que foram entoados a plenos pulmões pelo público e que mereceram elogios por parte de Perttu Kivilaakso. Também a versão “Inquisition Symphony”, de Sepultura, se fez ecoar com toda a sua brutalidade pelas paredes da sala, seguida de um encore com “Farewell” e rematando com a clássica “In the Hall of the Mountain King”, do compositor norueguês Edvard Grieg.

O quarteto despediu-se assim de Lisboa, terminando também aqui a primeira parte da digressão europeia.