Nuno Bernardo

Jinjer no LAV. Força, garra e resistência

Texto: Ana Rodrigues | Fotografia: Nuno Bernardo

Já poucos bilhetes restavam para assistir ao regresso da aclamada banda ucraniana Jinjer a Portugal. Lisboa, mais precisamente a sala LAV, recebeu um concerto singular de uma digressão com passagem pelos principais festivais de metal na Europa, como Hellfest, Resurrection ou Graspop. Encabeçando uma noite em nome próprio, tiveram duas bandas portuguesas, Sotz’ e Okkultist, que aqueceram o palco para o muito público que chegou mais cedo.

Sotz, que significa morcego na língua quiché, que faz parte do mundo maia, mostraram-se bastante competentes para abrir para Jinjer, ao som do death metal de Popul Vuh. Também Okkultist foi uma escolha acertada. O poder vocal de Beatriz Mariano não desiludiu e reforçou a ideia de que as mulheres são tão capazes como os homens e de que é necessário mais front leaders femininas no mundo do metal.

 

Perto das 21h entraram em palco Tatiana, com uma super maquilhagem e sapatos néon verdes gritantes, o que proporcionou um impressionante visual, imaculado até ao fim, e os restantes membros Roman, Eugene e Vladislav. Soubemos que não estavam para brincadeiras quando abriram com músicas extremamente pujantes como “Call me a Symbol”, “On the Top”, “Pit of Consciousness” e “I Speak Astronomy”. Puxaram por um passinho de dança diferente com a “Judgement (& Punishment)” marcada por sons de reggae. De seguida, foi focado o mais recente álbum Wallflower, como seria de esperar, visto que era um concerto de apresentação do mais recente trabalho de originais do grupo.

Em tom de ironia, esperamos nós, afirmaram que iriam tocar uma música que há muito não tocavam, “Pisces”, uma balada que acaba com uma poderosíssima energia desconcertante que fez tremer a sala. Não poderia falhar umas palavrinhas contra a guerra e contra Putin. Fomos apelidados como «país civilizado», nas palavras de Tatiana, o que gerou uma grande salva de palmas e gritos de apoio. Terminaram com “Vortex” e, depois de um encore bem apaparicado, “Colossus”, ambas do mais recente álbum.

A terceira passagem por Portugal não desapontou de maneira nenhuma. Vieram fortes, concisos, bem-dispostos, modestos, mas repletos de garra, dignificando uma bandeira ucraniana segurada a mãos durante todo o espectáculo.