Esta semana a música volta a ser explorada no OUT.FEST

O OUT.FEST – Festival Internacional de Música Exploratória do Barreiro celebra esta semana a sua 16ª edição e promete preencher a cidade da Margem Sul de música nova, desafiante, inclassificável e sobretudo original. De 3 a 5 de Outubro somam-se 26 espectáculos em 9 locais diferentes, numa lógica da extensão da reformulação celebrada no festival no ano passado, que o aproximou ao centro da cidade e obrigou as pessoas a percorrer as suas ruas de palco em palco.

A noite inaugural caberá à Igreja Paroquial de Santo André, onde o jazz se mostrará livre e arrojado. Aqui o baterista Gabriel Ferrandini e a Camerata Musical do Barreiro vão apresentar a sua peça, “Kimbo Slice”, que presta homenagem dupla ao homónimo pugilista bahamiano e a “Only The Lonely” de Sinatra, isto antes de Peter Evans testar a reverberação do seu sopro virtuoso, de regresso ao OUT.FEST agora que se mudou de Nova Iorque para se radicar em Lisboa.

Já o dia 4 também arranca num espaço religioso. A música, compositora e improvisadora Kali Malone tem background em canto clássico e em guitarra, mas tornou-se efectivamente criadora na prática do órgão. É nesse instrumento que tem desenvolvido a sua arte e o órgão da Igreja da Nossa Senhora do Rosário estará nas suas mãos ao final da tarde, em concerto de entrada livre, sujeito ao limite da lotação. À noite de sexta-feira, a já habitual ADAO vai receber uma mini-maratona de concertos que divergem em sonoridades mas divergem no experimentalismo e na capacidade transgressiva de diferentes linguagens: seja do regresso em força do vocabulário próprio de Calhau! ao glitch de Alpha Maid; ou da electrónica crucial de Ilpo Väisänen (a outra metade do duo Pan Sonic, do falecido Mika Vainio) à rockalhada de Deaf Kids via Neurot Recordings; e mesmo da bravura de pai e filha em Yeah You até à batida de DJ Firmeza (que suplanta o cancelamento da dupla MCZO & Duke), o que é garantido é que o OUT.FEST, como nos/vos tem ensinado ao longo dos anos, não vê fronteiras nem barreiras no não-conformismo musical.

O derradeiro dia, 5 de Outubro, faz-se em dois tempos. Primeiro, durante a tarde, é sugerida a mobilidade no centro do Barreiro, estando em cartaz vários concertos entre as 16h e as 19h30 em diferentes espaços: a Biblioteca Municipal, a Arte Viva – Teatro Municipal, o recuperado Moinho Pequeno e ainda o Largo do Mercado 1º de Maio (de entrada livre) vão ser palcos distintos do 16º OUT.FEST. O maior destaque vai para a colaboração inédita do visionário compositor e improvisador norte-americano Keith Fullerton Whitman com André Gonçalves, Clothilde e Simão Simões, em residência durante uma semana para apresentar uma estreia absoluta. Esse concerto será na Biblioteca Municipal, onde vão actuar também Angélica Salvi e Raw Forest. Ao Moinho Pequeno destinam-se as actuações de Violeta Azevedo, Luar Domatrix e Bezbog, enquanto a Arte Viva – Teatro Municipal abre as portas a Candura e Brynje. Já no Largo do Mercado 1º de Maio é recebida a estreia nacional de Davy Kehoe e ainda o sexteto Chão Maior.

Já à noite as atenções centram-se na sala maior, o pavilhão da SIRB Os Penicheiros, um dos pontos mais históricos da cultura e da evolução da cidade. Essa importância transmite-se aos nomes, saltando à vista Dälek, duo feroz de hiphop pós-apocalíptico, de manifestação raivosa e ruidosa, condizentes com o cenário industrial do Barreiro. Mas do Barreiro conta também a história pluricultural e a música do mundo da egípcia Nadah El Shazly, da África branca quase anti-ocidental, não será estranha à abertura de portas às origens de cada um. O arranque da noite estará a cargo de um dos artistas mais influentes da última década no que toca à ética da estética musical e vice-versa, James Ferraro, apresentará o seu requiem de uma Terra que precisa urgentemente de uma renovação (nuance pós-apocalíptica, mais uma vez?), estando o fecho do palco d’Os Penicheiros sobre os ombros de Still, o projecto recente de Simone Trabucchi, um dos nomes mais activos e activitas da música independente do Norte de Itália.

O fim desta edição do OUT.FEST promete ser longa e duradoura com DJ sets de Mo Probs, Bonaventure e Viegas no Edifício A4, na Baía do Tejo, que avançará pela madrugada e, quiçá, para se olhar a luz quente do nascer do Sol no enorme mural de Vhils que é um dos símbolos deste novo Barreiro, que cada vez mais expande as suas artes e ofícios, singulares e originais, às ruas, como este OUT.FEST também propõe.

Os passes gerais para o OUT.FEST – Festival Internacional de Música Exploratória do Barreiro já se encontram esgotados (excepto se restar alguma sorte na Flur Discos, em Lisboa, ou no Posto de Turismo do Barreiro). Os últimos bilhetes diários podem ser adquiridos na rede Bilheteira Online, lojas associadas e nos dois pontos de venda já referidos acima.