O Porto/Post/Doc ataca baixa da cidade invicta já no próximo sábado. De 26 de Novembro a 4 de Dezembro o festival vai celebrar no Teatro Municipal Rivoli, no Passos Manuel e no Maus Hábitos o melhor do cinema contemporâneo, acompanhado de música. Uma selecção de cerca de 100 filmes, debates, masterclasses, sessões Q&A, festas e concertos são ingredientes do programa.
A programação de concertos, com o condão da Lovers & Lollypops, surge no topo das prioridades de quem se move pela música. No dia de inauguração do festival há sessão Understage no Rivoli com concerto da suíça Aïsha Devi (na foto). Traz-nos Of Matter and Spirit, álbum de estreia, registo que cruza as linguagens electrónicas com as volúpias do psicadelismo. Também em cartaz está Tunnel Vision, concerto a partir do disco com o mesmo nome e orientado por Jonathan Uliel Saldanha e Diogo Tudela, a acontecer a 29 de Novembro no Passos Manuel. Seguem-se Filho da Mãe (1 Dezembro, Passos Manuel) e Patrulha do Purgatório (2 Dezembro, Cave 45).
Uma das modalidades de programação é o Transmission, que exibe o filme documental feito a partir da sua relação com a música. É aqui que se inserem os concertos acima citados e é aqui também que se mostra Gimme Danger, de Jim Jarmusch, filme que documenta os The Stooges. Mencionamos também Oleg y Las Raras Artes de Andrés Duque sobre o compositor russo Oleg Nikolayevich Karavaichu; Pontas Soltas de Ricardo Oliveira sobre o terceiro álbum de Capitão Fausto; Konono No. 1 meets Batida Making Of de Catarina Limão que se explica no título; Rendufe de Miguel Filgueiras que detalha o dedilhar de Filho da Mãe; Enterrado na Loucura – Punk em Portugal, 77-88 – a 2ª Vaga, capítulo de Miguel Newton e Hugo Conim que estuda o impacto sociocultural que o punk teve por cá em décadas anteriores; Raving Iran de Susanne Regina Meures que conta a trajectória de dois amigos que fazem música “satânica” de acordo com a República Islâmica do Irão; Fonko de Göran Hugo Olsson, Lamin Daniel Jadama e Lars Lovén que, com a ajuda de Neneh Cherry e Fela Kuti, testemunham o derrubar de regimes totalitários africanos através da música. Esta selecção de filmes não fica completa sem Bowie, l’homme cent visages ou le fantôme d’Hérouville, documentário francês de Gaetan Chataigner e Christophe Conte, que explora o mito de David Jones a Ziggy Stardust antes da sua morte.
O centro da programação é no entanto o cinema sensorial, conceito que convoca as novas tecnologias digitais e abordagens inovadoras, e também por aí passa parte da competição do festival. Em grande foco está também a retrospectiva que o Porto/Post/Doc dedica ao Sensory Ethnography Lab, da Universidade de Harvard, um dos laboratórios de documentários mais entusiasmantes da última década. A acompanhar estes focos estão as cenas poéticas da checa Jana Ševcíková e do brasileiro Eryk Rocha.