A 22ª edição do festival Super Bock Super Rock realizou-se no Parque das Nações nos passados dias 13, 14 e 15 de Julho e contou com 56 mil presenças, 20 mil das quais a esgotar o último dia.
As modificações no espaço foram aparentemente bem recebidas contando, no entanto, com alguns comentários menos positivos sobre a gestão do espaço, principalmente para quem comparava com a edição do ano passado. Aproximando cada vez mais a sua vertente urbana num festival com raízes citadinas, ainda são notórias as saudades da praia do Meco, havendo ainda quem preferisse a sua realização naquele local. De referir que este ano, seguramente, teria sido mais apreciado junto à praia devido às noites tropicais.
Conhecido já pela empática e dinâmica interação com o público, o festival recorre actualmente a estratégias de marketing inteligentes, procurando assim aproximar-se do consumidor. No entanto, a que gerou mais discórdia foi a política dos Ecocups que, se por um lado contribuem para um sistema ecológico e ambiente amigável e desprovido de lixos, por outro levam ao desagrado extremo de quem tem obrigatoriamente de pagar dois euros (para além do valor cobrado pela bebida em si) para poder consumir líquidos, nomeadamente cervejas e refrigerantes. Muito embora a polémica gerada em torno do ambientalismo festivaleiro, os copos, cada um alusivo ao seu dia, não deixaram de marcar a diferença para quem pretendia levar uma memória física para casa daquele que foi um festival com tradições do rock a esgotar num dia dedicado ao hiphop.
A correria para as grades parece que está démodé ou de repente se tornou #vintage – ninguém faz questão de a usar. Pelo menos não neste festival. Seja pelo carácter urbano, sendo que os headliners actuam no MEO Arena e, desse modo, passar um quase-infinito número de horas sentados num pavilhão com muito pouco para ver – ao contrário do restante recinto – parece pouco convidativo. Seja pela falta de bandas que façam valer a pena a correria ao primeiro lugar às três da tarde, ou até mesmo pelo calor que se fazia sentir, a verdade é que se contavam pelos dedos os que queriam assegurar os lugares da frente.
Dia 1 – 14 de Julho
Surma, a artista convidada pela Tradiio a actuar no Palco EDP, tem andado a convencer os portugueses com o seu projecto one-woman-band, confirmando o seu sucesso pelo número de pessoas que rumou naquela escaldante tarde de quinta-feira para a escutar. À semelhança de Isaura, há um ano atrás na mesma posição, a surpresa pelo número de festivaleiros no seu concerto geraram sentimentos de orgulho e reconhecimento pelo seu trabalho, visível no seu sorriso nervoso. Exclusivamente para este evento, fez-se acompanhar pela harpista Carolina Caramujo, embelezando a sua sonoridade, num concerto que deslumbrou quem as escutava. Das teclas sobre a toalha floreada surgiam notas para “Maasai”, o seu single de estreia, e em “Wanna Be Basquiat”, a sua música mais energética, houve até direito a palmas para acompanhar as cordas electrizadas pelas mãos da amável Débora.
Foi logo à segunda actuação que se identificaram as primeiras falhas, com o som de Villagers aquém do esperado. Ainda assim, o público manteve algum fervor, num espetáculo que se iniciou com “Courage” e consolou algumas mentes mais introspetivas. Mais tarde foi possível observar o vocalista, Conor O’Brien, na assistência do concerto de Jamie xx.
Seis anos após a última actuação em terras lusas, coube aos The Temper Trap darem um concerto que agradou aos que já se encontravam no MEO Arena, aqui apelidado de Palco Super Bock, trazendo à memória músicas como “Sweet Disposition” ou “Love Lost” e alegrando a plateia com alguns dos novos lançamentos entre “Alive” e “Fall Together”, num espaço referido como pouco usual para a banda.
Já no Palco EDP, o vento quente levava-nos até à lotada actuação de Kurt Vile, apresentando os hits do mais recente B’lieve I’m goin down. Escondido atrás do seu cabelo fazia questão de associar a cada música a respectiva justificação, alternando do mesmo modo entre instrumentos que iam desde o banjo à guitarra, com a qual se escutou “Wakin on a Pretty Day” do seu álbum de 2013, recebida por pessoas encavalitadas e cartazes elevados no ar.
The National deram um concerto à moda do “velhinho” Pavilhão Atlântico, com uma enchente no MEO Arena com quem partilharam mais de uma hora de boa música, percorrendo a sua história desde os sucessos mais antigos ao mais recente álbum de 2013, iniciando com “Don’t Swallow the Cap” passando por “I Should Live in Salt” e “I Need My Girl”. Com algum público nas bancadas foi mesmo na plateia, de pé, que se fez a festa. Esta foi, provavelmente, a atuação onde demos conta das melhorias na acústica deste pavilhão, contemplado com a estreia de “I’m Gonna Keep You”. Para o final ficaram guardados os trunfos “Mr. November”, “Terrible Love” e “Vanderlyle Crybaby Geeks”, esta despida de amplificação e de microfones nas vozes, juntando o público para a entoar.
Ainda Matt Berninger saudava os portugueses quando, no Palco EDP, já rodavam os pratos de Jamie xx. O tímido DJ e produtor que estivera a assistir junto do público ao concerto de Kurt Vile minutos antes apresentava-se àquela hora em palco com os seus êxitos de In Colour de 2015. Desse disco constam, entre outros, o hit “Loud Places”. Além de dividir atenções com o palco principal, parece que as suas batidas acabaram por fatigar algumas pessoas que inicialmente tinham preferido a sua pista de dança ao concerto rock.
Disclosure, o duo inglês dos irmãos Lawrence, continua a aquecer os portugueses e ninguém percebe qual é o seu segredo. Nem a falha técnica no início do concerto fez quebrar a energia inerente a tal espectáculo de dança. Bandeiras de diversos países demonstravam a dimensão que esta dupla representa. Com mais maturidade, aproximaram-se do público num discurso simpático, expressando o seu agrado pelo país e congratulando os portugueses pela conquista do campeonato europeu de futebol. A sua atuação foi ainda enriquecida pela presença de Kwabs – que actuou no dia seguinte mas no Palco EDP – para “Willing and Able” e Brendan Reilly com quem partilham “Moving Moutains”, encerrando com a aclamada “Latch”, regressando à estreia Settle depois de mostrado a Portugal, pela primeira vez, o álbum Caracal lançado no ano passado.
A electrónica prosseguiu noutro espaço nas horas seguintes. Ora com a fusão de cumbia com esteróides dos colombianos Bomba Estéreo, ora com a mestria arte do sampling de DJ Shadow, os corpos mais resistentes encontraram-se então no Palco Carlsberg para fechar o primeiro dia de festival.
Dia 2 – 15 de Julho
Iniciada a tarde, foi no Palco EDP que começámos a observar as primeiras movimentações de fanatismo com meia-plateia a escutar Petite Noir. O belga de ascendência sul-africana ofereceu um momento de tranquilidade àqueles que, na sua maioria, aparentavam já conhecer o seu trabalho. Na verdade, foi com o público que se envolveu na sua actuação, com direito a contagens «one, two, three – wow», em coro. Resumiu a sua atuação afirmando «be the change you want to see» com o público reagindo afectuosamente.
Já no Palco Antena 3 foi com os Pista que se fez a festa que, como de tem sido costume, juntou Alex D’Alva Teixeira para os acompanhar em “Sal Mão” e “Queráute”. A assistir podíamos encontrar público nacional alternativo e bastante jovem que de imediato se dispunham a criar um moshpit alegre mas vigoroso em “Puxa”. No final (e desta vez sem tempo para apanhar Pokémons), Alex agradeceu o apoio à música nacional e saiu-se com um «Segure o Tchan, amarra o Tchan». Para quem apresentava destreza física ou omnipresença, desfrutou simultaneamente do concerto de Kwabs noutro palco, admirado por muitos, principalmente após surgir com uma versão de “Love Yourself”, original de Justin Bieber.
Bloc Party abriram o segundo dia do Palco Super Bock, num concerto de plateia preenchida mas que se poderia ter apresentado numa configuração diferente, ainda que a banda o tenha sentido a voar, de divertido que estava. Tocando algumas das faixas mais antigas como “Banquet” ou “Mercury” aproveitaram também para apresentar algumas das mais recentes como “The Love Within”, encerrando com “Ratchet”, de 2012. Em clara apresentação esteve o mais recente Hyms, claro, com destaque para “Different Drugs”.
Os aguardados Rhye então surgiram no Palco EDP e fizeram-se acompanhar de dois hipnotizantes violinos que enalteceram, sem qualquer dúvida, os temas de “Woman”. Parece evidente que este álbum de 2013 continua a servir de conforto ao povo luso. Foi nesta catarse que muitos olhos brilharam e corações bateram, inspirados pelo ritmo da música que abraçava o vento e as mentes inquietas. Não fosse Iggy Pop a tocar àquela hora no Palco Super Bock e maior teria sido a assistência. Ainda assim, eram muitos os espaços por preencher numa sala onde um ídolo dos anos 70 mostrava, não só o peito despido, mas principalmente as competências que mantém para enfrentar uma plateia ávida de rock. “Lust For Life” continuou a animar os presentes depois de desfilar malhões como “I Wanna Be Your Dog” e “The Passenger” logo a abrir, contemplados também com banhos de água de garrafas que esvoaçavam das mãos do “avô Iggy”. Do seu toque de anca à rebeldia das suas ações onde se incluiu saliva no chão e manguitos no ar, foi na palavra F que encontrou a sua rendição. Para sorte de muitos, desceu até ao público e partilhou a sua loucura com quem se foi cruzando, fechando-se uma lição de rock com a nova “Sunday” e com o hino “Search and Destroy”.
Se de correrias se fez o dia, nova aconteceu até ao Palco EDP para escutar as canções de 2, Salad Days e Another One de Mac DeMarco. O canadiano é uma das peças fundamentais dos últimos tempos para os ouvintes de indie rock e este devolveu o carinho com o concerto que todos esperavam, servindo o que se queria ouvir. Assim passou por “My Kind of Woman”, “Another One” e “Salad Days”, por exemplo. Quase a fechar, deixou todos os presentes a cantar a calma e introspetiva “Chamber of Reflection”, terminando depois com “Still Together”. Não sendo a sua primeira actuação em Portugal (nem em Lisboa), longe disso até, pareceu-nos que a sede de o ouvir – e ver – ainda não se esgotou e todo o psicadelismo inerente às suas produções está a deixar agarrado um público mais jovem. No final, houve ainda tempo para desejar um feliz aniversário à sua namorada, Kiera McNally.
Os Massive Attack repetiram passagem pelo outrora Pavilhão Atlântico, mas desta vez como cabeça-de-cartaz do Super Bock Super Rock, como já havia sido em 2014. Chegaram para arrefecer o calor de mais uma noite abrasadora, com toda a tranquilidade (de certo modo, até abusiva) que os caracteriza. Dividindo o espaço com os Young Fathers em quatro temas que, desde já, se enquadravam em beleza nesta perspectiva de festival rock/hip-hop em nome próprio. Dos próprios Young Fathers foram interpretados dois temas, “Old Rock n Roll” e “Shame”, intercalados por dois outros partilhados com o nome maior do triphop de Bristol. Contando também com as vozes de Azekel e Deborah Miller no início e no fim do concerto, respectivamente, os Massive Attack pegaram numa partida morna e transformaram-na em algo belo, culminando o concerto em “Inertia Creeps”, do clássico Mezzanine. Com uma plateia menos cheia, era das bancadas que uma grande parte do público desfrutava, sentado, de um concerto que se veio a revelar como uma bandeja de conhecimento que nos chegava, primeiro, em código binário e, mais tarde, por mensagens de respeito, igualdade e paz, que arrebatavam com as informações recentemente chegadas sobre mortes e atentados sucessivos da humanidade contra ela própria. “Unfinished Sympathy” foi fecho ideal para um concerto muito seguro de si, não tremendo na hora de deixar “Angel” ou “Teardrop” de fora.
Após o banho de civismo, era hora de acordar para a fera Lion Babe que aqueceu logo de imediato o Palco Carlsberg. Foi mesmo o calor (e pokémons, vá) que deixou à porta da Sala Tejo do MEO Arena as dezenas de pessoas que queriam aproveitar a noite. Com uma juba exótica, foi através do híbrido voz neo-soul a roçar a dança pop que se iniciou o ritual que prosseguiria pela noite fora, pelo já distinguido Moullinex, em apresentação dupla nesta edição do Super Bock Super Rock. A fechar este segundo dia e depois de uns largos minutos na mesa de mistura, Luís Clara Gomes partiu de um competente DJ set para um live de apresentação de Elsewhere e puro relacionamento com a pista de dança.
Dia 3 – 16 de Julho
Num dia caracterizado pelo hiphop também a população se modificou: além dos caps, dos ténis, das calças largas e restante roupa mais desportiva, era também nítida a diferença geracional, no geral diminuída face aos dias anteriores – ainda que os GNR figuraram em cartaz para comemorar e recriar os 30 anos de Psicopátria.
O início do fim deu-se com The Parrots, banda madrilena que nos tem visitado algumas vezes nos últimos tempos. No Palco EDP ficou bem claro que a tarde não estava para garage punk, pelo que se destacaram como a banda com menos público, ainda que tenham feito a festa com e para quem os foi escutar.
Já Slow J foi o primeiro a admirar(-se) com o preenchimento da plateia junto ao Palco Antena 3, tomando as rédeas de um concerto onde se reivindicou o hiphop nacional, num dia de orgulho e celebração para este estilo musical. Eram ininterruptas as filas de pessoas que se dirigiam para o anfiteatro ao ar livre de onde saltavam braços no ar conjugados com os beats do português João Batista Coelho, que fez questão de enaltecer um dos maiores cantores da história da música nacional, Zeca Afonso, com uma referência a “Canção de Embalar”. Desfalcada de alguma plateia neste período ficou Kelela, que no Palco EDP confirmou todo o potencial que apresentou em Cut 4 Me e no EP Hallucination. Com certeza que irá correr mais tinta sobre esta norte-americana.
No mesmo espaço de Slow J, Mike El Nite ou O Justiceiro, como intitulou o último álbum, lotou mais uma vez o espaço onde a música portuguesa tem lugar cativo. As mais recentes faixas “Santa Maria”, “Horizontes” e “T.U.G.A” são os exemplos em voga e que mais agradam ao público em geral, provavelmente devido aos versos que expõe sobre um imaginário mais ou menos sombrio que se resguarda em cada mente ao refletir sobre a vida real. Com uma lista recheada de convidados, chamou Da Chick para “Só Badalhocas”, L-Ali para “Drones” e NoFake para “Malucos do Riso”. Com toda a plateia a cantar, foi ao ver ProfJam para “Mambo N.1” que o público foi levado ao êxtase. Despediu-se com um banho de água sobre a primeira fila e, já que vestia uma t-shirt da seleção nacional portuguesa, fez questão de cantar com o público o já hino “Foi o Éder que os F.!”.
Mais sorte que os primeiros da tarde tiveram FIDLAR, a banda de garage punk eletrizou o Palco EDP num concerto com direito a mosh, crowdsurfing e muito suor. “Fuck It Dog Life’s A Risk” é a sigla que dá nome à banda – o risco foi colocá-los neste dia do festival, passando algo despercebidos à maior parte dos festivaleiros. O homónimo disco de estreia encontrou-se finalmente com Lisboa, depois de uma passagem pelo Porto em 2013, mas foi o mais recente Too que teve mais destaque num alinhamento propício a agitar corpos.
A abertura do Palco Super Bock neste dia coube a Orelha Negra, a única banda portuguesa a pisar este palco nesta edição do festival. Estes levaram as suas batidas numa sessão groove à moda antiga saudada por todos, com casa cheia para os ver. Por detrás de uma cortina, percorreram hits como “Gravel-Pit” dos Wu-Tang Clan e chamaram para a festa o sucesso de Drake “Hotline Bling”, encerrando a sua atuação com “Parte de Mim”, o mais recente single da banda.
Dois anos após o seu concerto no SBSR, no Meco, num dia meteorologicamente inverso, ei-la: Capicua. «A comandante da guerrilha cor-de-rosa» regressou para confirmar que, de facto, ser-se rapper feminina em Portugal é possível, é bonito e aplaudido de pé. Trazendo consigo M7 e os seus habituais companheiros nos pratos e nas projecções, teve ainda a participação especial de Blaya, T-Von, W-Magic e Blink para dar voz a “Maria Capaz”, como hino ao feminismo. Mesmo passados dois verões, “Vayorken” continua a encantar os portugueses com a história da Ana. Do mesmo modo, foi com a mais recente “Fumo Denso” e com a emotiva “Casa no Campo” que se associaram alguns dos momentos de maior conexão com o público.
Decorrente de um convite especialíssimo da Antena 3, encontrávamos pela segunda vez neste festival o versátil Moullinex, desta vez gerindo o tributo a Prince, falecido em Abril último. Para esta sessão contou alguns dos melhores artistas do panorama atual. Da Chick, Samuel Úria, Marta Ren, Selma Uamusse, Best Youth e Getthoven relembraram aqui temas incontornáveis como “Most Beautiful Girl in the World”, “Kiss”, “Get off”, “Musicology” e “Controversy”.
Já no Palco Super Bock, a noite prosseguiu com De La Soul, que inspiraram os seguidores da velha escola do hiphop. Aos autores do já longíquo 3 Feet High and Rising não faltou dinâmica de espectáculo, interagindo bastante com o público e referindo que se preparam para lançar um novo disco em Agosto. Para o final guardaram os seus versos de “Feel Good Inc.”, faixa que gravaram com Gorillaz, preparando em definitivo o terreno para o último e mais esperado rapper da noite.
Faltavam dez minutos para o dia mudar e Kendrick Lamar acabava de lotar o maior dos palcos deste Super Bock Super Rock. Com uma mensagem de George Clinton de fundo, «Look both ways before you cross my mind», verso que figura em “Wesley’s Theory”, subiu a palco com todo o poder e segurança que os mais recentes discos lhe deram. A faixa escolhida para este momento não tem nome ao certo – faz parte do conjunto de untitleds que o rapper de Compton lançou este ano, mas já todos a conhecem por “Levitate”. Percorrendo os seus singles de good kid, m.A.A.d city e To Pimp a Butterfly, levou-nos a uma viajem irrecusável pelo imaginário do jovem que, aos 29 anos e após ter conquistado inúmeros prémios a nível internacional, voltou a Portugal para confirmar a sua aceitação deste lado do oceano. Às faixas que já tinha apresentado no Porto em 2014 juntou-lhes a febre de “These Walls”, os ritmos de “Hood Politics” e “Complexion (A Zulu Love)” e a viciante “King Kunta”. Em completa união com o público, a vibração foi constante. Da plateia às bancadas, ninguém – ninguém mesmo -, estava parado. Já perto do final, antes de “i”, ainda houve tempo para uma entoação arrepiante de hino ao Éder por 20 mil pessoas, antes de se repetirem constantes palavras direccionadas ao palco. Kendrick gostou do que viu, sorriu e fez questão de ouvir o público durante alguns minutos. Tamanha empatia com o público fez com que aceitasse, num momento quase inédito, jogar-se a “For Free?” a pedido de uma fã nas primeiras filas. O encore ficou para “Alright”, que testou os limites sonoros e estruturais da sala. Confirmamos assim as melhorias e atestamos a viabilidade do pavilhão porque, acreditem, se resistiu ao “King” Kendrick Lamar, resiste a tudo.
A encerrar a noite estiveram ainda no Palco Carlsberg DJ Ride, Batida e Daniel Haaskman, que em três sets que fizeram esgotar a restante energia das baterias já descarregadas após três grandes dias de música. À segunda edição realizada no Parque das Nações parece que a fórmula e o conceito já estão afinados. Para a continuidade, resta agora esperar pela 23ª edição, a concretizar-se de 13 a 15 de Julho de 2017 no mesmo local.
Texto: Ana Margarida Dâmaso
Fotografia: Nuno Bernardo
Galeria: Retratos 22º Super Bock Super Rock