Apesar das seguintes bandas serem bastante conceituadas e respeitadas na indústria musical, estes dois álbuns são muitas vezes menosprezados por uma boa parte dos seus fãs e pela crítica profissional. Os dois discos, apesar de serem tecnicamente dotados e de serem de excelente qualidade, surgiram em alturas complicadas para ambas as bandas.
Pink Floyd – 1994 – The Division Bell
É o terceiro álbum, dos Pink Floyd, que apresento neste Fundamentais do Progressivo. De facto, a banda britânica oferece uma discografia rica em discos de grande qualidade no meio do rock progressivo. Este disco lançado em 1994, The Division Bell, é um dos que eu mais gosto e um dos mais viciantes de se ouvir. Adoro a sua sonoridade e conceito.
Este disco é muitas vezes mencionado, seja pela positiva como pela negativa, não só porque é o último álbum da banda, mas também, porque apresenta uma sonoridade menos experimentalista e não tão irreverente e atrevida como noutros tempos. Devido às guerras pessoais entre a banda e Roger Waters, The Division Bell é muitas vezes criticado por Waters tendo dito e cito: “Just rubbish … nonsense from beginning to end.” (trad: “Só lixo … sem sentido do início ao fim”), quando questionado sobre o lançamento do novo álbum da banda em 1994.
Lista de faixas para The Division Bell:
01. Cluster One
02. What Do You Want From Me
03. Poles Apart
04. Marooned
05. A Great Day For Freedom
06. Wearing the Inside Out
07. Take it Back
08. Coming Back To Life
09. Keep Talking
10. Lost for Words
11. High Hopes
Apesar do álbum ter recebido prémios e alguma crítica ser favorável ao álbum, uma grande parte da crítica aquando o lançamento de The Division Bell foi bastante desfavorável em relação ao disco, muitos considerando-o como um dos piores lançamentos da década. Acho que é um claro exagero dizer que é um dos piores lançamentos da década ou que o álbum se aproxima de “lixo”, antes pelo contrário o álbum tem a estranha capacidade de ser um dos lançamentos mais emocionantes dos últimos 20 anos e um dos mais inteligentes com a crítica política e internacional na faixa “A Great Day For Freedom”; o genial instrumental “Marooned”; a emocional “Wearing the Inside Out” que se tornou ainda mais simbólica após a morte de Rick Wright; e a espectacular “High Hopes” que é, na minha opinião, uma das músicas mais introspectivas e emocionais de todos os tempos. O álbum consegue apresentar uma solidez e uma consistência fora do vulgar com uma carga simbólica muito acima da média.
Ao contrário de uma grande parte da crítica profissional, penso que The Division Bell aproxima-se bastante da perfeição e apesar de não ser um dos melhores trabalhos da sua discografia, Pink Floyd teve a capacidade de se renovar e mesmo assim compor um disco de elevada complexidade instrumental e cheio de inteligência tanto em termos técnicos como conceptuais. Não faço parte do lote de fãs da banda que fica com “um pé atrás” em relação a este disco, considero que é um dos trabalhos mais bem orquestrados dos últimos 20 ou 30 anos.
Pink Floyd – The Division Bell (álbum na íntegra)
Genesis – 1976 – A Trick of the Tail
A Trick of the Tail foi lançado em 1976 numa das épocas mais atribuladas dos lendários Genesis. Após o lançamento da obra-prima The Lamb Lies Down on Broadway em 1974, Peter Gabriel decidiu dedicar-se à sua carreira a solo e abandonar o grupo que passou a ser formado por apenas 4 membros. A Trick of the Tail e Wind & Wuthering fazem parte da fase de transição pós-Peter Gabriel, e que muitas das vezes é ignorada pelos fãs mais acérrimos dos Genesis.
Existe uma clara mudança de estilo que saiu de um estilo de rock progressivo mais fantasioso e muitas vezes teatral como se via em The Lamb Lies Down on Broadway ou Selling England by the Pound, para algo bem mais directo com um conceito menos ambicioso e alegórico. Apesar de tudo, a complexidade instrumental continua bem presente tanto neste álbum como no seguinte intitulado Wind & Wuthering.
Lista de faixas para A Trick of the Tail:
01. Dance on a Volcano
02. Entangled
03. Squonk
04. Mad Man Moon
05. Robbery, Assault & Battery
06. Ripples
07. A Trick of the Tail
08. Los Endos
09. It’s Yourself (b-side)
Com Phil Collins na bateria e voz, a banda ganhou uma espiritualidade diferente e uma abordagem completamente diferente nos seus discos. Muita crítica profissional tem uma opinião desfavorável em relação a este álbum, à semelhança com os fãs dos clássicos Genesis. A Trick of the Tail é um dos álbuns mais injustiçados da banda, pelo que considero-o, juntamente, com The Lamb Lies Down on Broadway o melhor álbum na discografia da banda. Consegue ser bastante consistente, mesmo tendo faixas muito diferentes, com as lentas “Ripples” e “Entangled”, a rápida “Robbery, Assault & Battery”, a fantasiosa “Squonk” e as progressivas “Dance on a Volcano” e “Los Endos”.
Genesis – A Trick of the Tail (álbum na íntegra)
// João Braga