Sala esgotada, ambiente extasiante, público ao rubro! São estas as palavras que definem o que se passou no Coliseu dos Recreios em Lisboa no passado Sábado. Depois de um excelente, mas curto concerto no festival Optimus Alive, os Mumford & Sons retornaram ao nosso país para mostrar mais uma vez a sua valia.
Os bilhetes estavam esgotados antes do final do ano transacto, muito antes ainda dos vários prémios que os Mumford & Sons amealharam com as suas actuações ao vivo e com o mais recente trabalho, ‘Babel’. Tudo isto eram ingredientes suficientes para se esperar uma noite vibrante ao ritmo folk da banda britânica.
A abertura das hostes esteve a cargo de Jesse Quin e Deap Vally. O primeiro, a solo em palco, pouco tenho a dizer já que devido à entrada tardia no recinto, só deu para acompanhar a última música, mas deu para reparar que o entusiasmo do público no final da actuação não foi muito relevante. Deap Vally, essas sim, duas ‘miúdas’ cheias de vitalidade e de garra, com um rock explosivo e de entusiasmo contagiante. O grande problema centrou-se no desconhecimento da banda por grande parte do público, mas não foi isso que as demoveu de dar um espectáculo deveras competente, cumprindo com distinção o papel que lhes cabia.
Terminadas as actuações de abertura, chegava a hora do tão esperado espectáculo de Mumford & Sons. A banda entrou em palco com uma pujança imensa, mostrando logo à partida o porquê de serem considerados na actualidade uma das melhores bandas ao vivo. ‘Babel’ entrou com uma intensidade que foi levada aos extremos pelo público que lotava o Coliseu dos Recreios. A banda segue para o álbum ‘Sigh No More’, com a interpretação de ‘The Cave’ enquanto o público entoava a música em uníssono. Este é daqueles concertos em que ‘até o maior hater não deixa de ter tremeliques nos pés’! Ritmos vibrantes, um banjo que puxa à dança, tudo nesta banda pode ser considerado sinal de festa.
Há uma coisa que marca os espectáculos dos Mumford & Sons, a facilidade e harmonia com que conseguem debitar a sua curta discografia ao vivo, conseguido intercalar o álbum ‘Sigh No More’ com ‘Babel’ com uma facilidade impressionante. Poder-se-à dizer que ritmos e melodias iguais não carecem de tanto esforço, mas não é isso que a banda transparece. Se o primeiro álbum espoletava bom prenúncio, o segundo não lhe fica atrás. Tudo soa de maneira perfeita ao vivo, mérito à banda, que dá sinais que trabalha imenso para que tal aconteça.
Destacar momentos altos na noite é difícil, já que mesmo com ritmos mais parados o público nunca baixou a guarda, e cada ritmo musical mais entusiasmante o Coliseu acordava com um vigor como tal paragem nunca se tivesse passado. Mas destaco a interpretação de ‘Little Lion Man’ e ‘Roll Away Your Stone’, estas duas músicas foram daquelas que fazem uma casa vir abaixo!
No encore houve de tudo, os convidados em palco para tocar uma cover de Marvin Gaye e ainda a visita aos dois álbuns da banda, começando pela ‘Winter Winds’ e terminando em apoteose com o o single ‘I Will Wait’. Terminava assim hora e meia de concerto, que poderia ter durado mais uma hora que o público não se teria incomodado certamente, falta reportório, fica para mais tarde.
Não há muito mais a dizer, os adjectivos já foram bem empregues. Não se ficou somente por uma actuação extasiante, juntava-lhe sim ainda o termo arrebatador. Os Mumford & Sons estão bem, muito bem, e recomendam-se. A banda faz por isso e como tal, promete voltar a Portugal o mais breve possível, porque se nota que o carinho com que os portugueses os acolheram nas duas vezes que cá estiveram não lhes é indiferente, eles próprios o denunciam. Eles que voltem, serão com toda a certeza recebidos com nova enchente e com um entusiasmo imenso como ‘nós’ bem sabemos ter, fazer e transparecer!
Setlist
Babel | The Cave | Whispers in the Dark | White Blank Page | Holland Road | Timshell | Little Lion Man | Lover of the Light | Thistle & Weeds | Ghosts That We Knew | Awake My Soul | Roll Away Your Stone | Dust Bowl Dance
Encore
Baby Don’t You Do It (cover de Marvin Gaye c/ Deap Vally) | Winter Winds | I Will Wait
Texto: Ricardo Raimundo
Foto: Johanna Bocher (Creative Commons)