Jurassic Club Fest @ Santiago Alquimista, Lisboa, 4-6 de Maio

Para comemorar o seu 15º aniversário, a Xuxa Jurássica organizou o Jurassic Club Fest, que teve como objectivo lembrar as grandes bandas das suas origens e ao mesmo tempo promover algumas bandas nacionais mais recentes, como os vencedores do concurso CHALLENGE, FIRST CLASS TRAGEDY e ainda THE IDYLL’S END.

A primeira noite foi dedicada ao Punk, com os veteranos 7 SECONDS como cabeças de cartaz.
Os CHALLENGE deram início aos concertos, seguidos pelos nortenhos STEPBACK! que, embora dessem tudo em palco, sofreram com o facto de o ambiente ainda não se encontrava propício aos esperados stage-dives e circle-pits. Foi preciso os espanhóis GODFARTS tomarem o palco para a plateia ganhar vida. Os rapazes de barcelona, com o seu espírito punk inconfundível, deram um concerto de encher as medidas a qualquer amante do estilo. O seu som era puro e cru, com uma energia contagiante, chegando até a tocar uma versão de uma música dos BLACK FLAG.
De seguida foi a vez dos portugueses ALBERT FISH contagiarem o Santiago Alquimista com a sua música. Com a plateia repleta de já antigos seguidores da banda, os ALBERT FISH conseguiram aquecer bem o público para os tão aguardados 7 SECONDS.
Pouco depois a banda com mais de 30 anos de experiência no Punk/Hardcore subirem ao palco. Os americanos deram um concerto com um alinhamento que passou por diversos momentos da sua carreira e que fez jus à célebre frase “Punk’s not Dead!”. Kevin Seconds, embora engripado, demonstrou uma enorme energia durante todo o concerto, bem como os restantes membros da banda, sendo de facto razão para gritarem “Young Till I Die!”.

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A noite de sábado foi a noite de eleição para os metaleiros, e também a mais concorrida.
A banda portuguesa de metalcore, FIRST CLASS TRAGEDY, que de momento anda nas bocas do underground, foi a primeira a actuar, mais uma vez mostrando o quanto as novas bandas se empenham nas suas apresentações ao vivo. De seguida os ADAMANTINE, que lançaram recentemente o seu 2º álbum, subiram ao palco representando a nova geração do trash-metal português. A banda lisboeta apresentou um som potente e conciso ao qual o público reagiu bastante bem, tanto com “sing-alongs” como com o “mosh”.
Depois de alguns problemas de som, nomeadamente com o baixo, os ATENTADO começaram a tocar. Embora sem tempo para grandes conversas (devido ao atrasado causado pelos problemas de som) a banda portuguesa “mandou o palco abaixo” com uma raça descomunal com o público oa rubro cantando com a banda.
De seguida subiram ao palco os Holocausto Canibal, uma banda portuguese de Grind já com 15 anos e muita estrada. Os Holocausto Canibal aproveitaram o tempo para apresentar temas do seu mais recente trabalho “Gorefilia” tocando também os temas mais conhecidos.
Um pouco mais tarde foi a vez de os tão esperados NAPALM DEATH. O concerto dos ingleses, que tocaram cerca de 25 músicas passando por todos os álbuns lançados (de notar algumas músicas como “Errors in the Signals”, “Practice What You Preach”, “Dementia Access”,“Suffer the Children”, entre outras) passando ainda por um cover dos Dead Kennedys, foi de longe o melhor da noite. Foram frequentes os stage-dives e circle-pits, e a banda deixou tudo em palco.
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Já a terceira e última noite do festival foi mais dedicada ao Hardcore, contando com grandes bandas nacionais representantes do movimento (BACKFLIP e REALITY SLAP). O cartaz foi encabeçado pelos norte-americanos Dog Eat Dog que vieram a Portugal lembrar-nos os seus tempos aureos, com clássicos como “Who’s the King?”, mas já lá chegaremos.
Embora com cerca de uma hora de atraso, os THE IDYLL’S END subiram ao palco para uma plateia relativamente pequena, talvez devido a ser Domingo ou talvez por causa da crise, tal como a vocalista dos BACKFLIP referiu. No entanto, o empenho dos jovens foi notável e acabaram por dar um bom concerto, embora o som também não estivesse no seu melhor.
De seguida foi a vez dos BACKFLIP darem à pequena (mas empenhada) plateia um “gosto” do seu “female-fronted hardcore”, demonstrando que são uma banda de alto calibre na cena underground em Portugal.
Pouco tempo depois foi a vez dos VERA CRUZ tomarem o palco de assalto. Os franceses, que ha cerca de 6 meses abriram o concerto de EVERYTIME I DIE na mesma sala, demonstraram mais uma vez uma presença em palco demolidora e uma dedicação tremenda, agradecendo aos poucos (embora eu não perceba o porque da pouca projeção do grupo) que cantavam as suas músicas. A setlist incluiu os temas mais conhecidos da banda com “The Game”.
Mais tarde, os REALITY SLAP deram início a mais um imparável concerto (tal como já nos habituaram). O tema “Breaking Out” foi o mais bem recebido pelo público que se juntou na frente do palco para lutar pelo microfone. De notar a energia do vocalista (Johnny Slap) e do baterista (Tiago Pereira, integrante também da banda DEVIL IN ME).
Com algum atraso finalmente chegou a altura de ouvir os DOG EAT DOG. A atitude inconfundível de John Connor, característica da cena underground dos anos 90 de NY e New Jersey, foi o que deu vida ao concerto. é de notar que a banda se reuniu em 2010 depois de uma longa paragem e que apenas John Connor e Dave Neabore (baixista) pertencem à formação original da banda. A setlist passou por diversas eras da banda, tendo o seu ponto alto no hino “Who’s the King?”, no entanto foi pena deixarem de fora músicas como “Numb”. Fez-se também um minuto de silêncio em honra do falecido “beastie boy”, MCA.

Resumindo, a XUXA JURÁSSICA fez um óptimo trabalho na realização deste festival e espera-se que possamos contar com ele nos anos que se seguem.

Texto e fotografias por Manuel Casanova.
Agradecimentos: Xuxa Jurássica