Na passada quarta-feira, a soprano Tarja Turunen regressou ao nosso país para o seu primeiro concerto a solo em Portugal, desde a sua saída em 2005 da banda Nightwish. A expectativa era muita, e uma grande curiosidade rondava o acolhedor recinto da Aula Magna em Lisboa.
Com a abertura das portas marcada para as 8 e meia, os primeiros fãs chegaram cedo, ansiosamente aguardando o início dos concertos. Assim que as portas do anfiteatro foram abertas, foi com grande alarido e muitos tropeções que acorreram aos seus lugares, aguardando ansiosamente o início dos concertos.
A primeira banda, os gregos Hannibal, pareceram entusiasmar pouco a plateia, com um pequeno concerto com cerca de meia hora, durante o qual fizeram a antevisão do seu segundo álbum, Cyberia. Seguiram-se os franceses Benighted Soul, recebidos já por uma sala praticamente cheia, que conseguiram cativar um pouco mais a atenção do público. Apesar de alguma falta de maturidade a nível sonoro, é de salientar a energia e a cativante presença em palco da vocalista, Géraldine Gadaut.
Ao som de “Anterrom of Death”, música de abertura do segundo álbum de Tarja, What Lies Beneath, a soprano subiu finalmente ao palco, recebida com uma sonora ovação e levando a plateia ao rubro. O entusiasmo era mais do que evidente, e assim se manteve ao longo de todo o concerto, deixando a cantora sem palavras, desdobrando-se inúmeras vezes em agradecimentos, lamentando ter demorado tanto tempo a regressar a Portugal.
Com uma setlist baseada essencialmente nos dois álbuns da soprano, My Winter Storm e What Lies Beneath, que de resto dá nome a esta tour que agora encerra, Tarja mostrou todo o seu potencial enquanto cantora lírica e líder de uma banda de metal, mostrando uma energia cativante, saltitando por entre os restantes membros da banda e dançando, numa prestação irrepreensível que deixou rendidos até os mais cépticos. Um surpreendente solo do baterista Mike Terrana, anteviu mais uma série de músicas que incluíram o êxito “Nemo” dos Nightwish.
Como é habitual nos seus concertos, o espectáculo incluiu um set acústico, criando um momento verdadeiramente especial para todos os presentes. As músicas “Rivers of Lust, “Minor Heaven”, “Montañas de Silencio”, “Sing for Me” e “I Feel Immortal”, surgiram com uma encantadora nova roupagem, criando inclusive a oportunidade de ver e ouvir Tarja Turunen sentada ao piano em “I Feel Immortal”.
“In for a Kill” encerrou provisoriamente o concerto, seguindo-se o esperado encore, que incluiu uma versão da música “Phanton of the Opera”, e os originais “Die Alive” e “Until My Last Breath”. Com uma espantosa ovação, Tarja despediu-se carinhosamente dos fãs, prometendo regressar brevemente e, quem sabe, até num formato clássico.
A grande questão que estaria na cabeça de todos aqueles que ali se dirigiram seria se Tarja seria capaz de demonstrar as mesmas qualidades enquanto artista a solo, que demonstrara durante os nove anos que permaneceu na banda Nightwish. Depois da sua saída, no mínimo, polémica, o futuro tanto da vocalista como dos próprios Nightwish parecia incerto aos olhos dos fãs. Contudo, se ainda havia dúvidas em relação à carreia a solo de Tarja, essas foram completamente desfeitas com este concerto espantoso que deixou o público completamente rendido. De resto, é impossível não ficar com a ideia de que a sua saída foi sem dúvida uma mais valia, criando a oportunidade de evoluir enquanto artista. Mais difícil do que desfazer as dúvidas, deverá ter sido o regresso a casa para todos aqueles que iam ainda embalados pela doce voz de Tarja Turunen.
Texto por Rita Cipriano.
Fotografias por Rui Almeida.