Dez concertos a não perder no 25º Super Bock Super Rock

Está à porta a 25ª edição do Super Bock Super Rock, que irá consumir então o seu regresso à Herdade do Cabeço da Flauta, no Meco, cinco anos depois. O festival decorre de 18 a 20 de Julho e aposta num cartaz diversificado e recheado para públicos díspares, à margem do que tem desenvolvido nas edições anteriores no Parque das Nações. Os horários de toda a programação podem ser consultados, aqui, mas em baixo deixamos dez dicas de nomes a ter em conta nesta edição.

#01 Lana Del Rey

Elizabeth Woolridge Grant, conhecida na música como Lana Del Rey, é já há alguns anos uma das mais fascinantes artistas pop. Depois de um início de carreira discreto, o fenómeno Born To Die, de 2012, lançou a norte-americana para a ribalta. Um ano depois actuava no Super Bock Super Rock, onde agora regressa como headliner do primeiro dia e com o somatório de canções dos discos que antecederam, Ultraviolence (2014), Honeymoon (2015) e Lust For Life (2017). No alinhamento hão-de constar ainda temas do novo álbum, a lançar ainda este ano, intitulado Norman Fucking Rockwell, como é o caso de “Venice Bitch” e “Mariners Apartment Complex”.

#02 Janelle Monáe

Continuando na senda pop, Janelle Monáe é também hoje uma das artistas de referência do género. Fez cair a projecção de futurista de The Electric Lady, por exemplo, e fez do mais recente álbum Dirty Computer uma colecção de arranjos e temas pensados ao pormenor, estendendo-se a múltiplas colaborações – Pharrell Williams e Brian Wilson, entre outros – e o público português tem finalmente oportunidade de testemunhar esta nova “máscara” do R&B, da soul e do funk que circundam a pop de Janelle.

#03 Kaytranada

O haitiano Louis Kevin Celestin, criado e radicado em Montreal, no Canadá, é já hoje um dos talentos maiores do hiphop mundial. O seu nome explodiu para o topo num par de anos, mas há muito que preparava este boom rodeado de beats e pela cultura R&B. Kaytranada é uma espécie de sucessor de J Dilla pelo recorte das suas batidas, mas também um “réptil” capaz de casar o hiphop com a música de dança. Com o disco de estreia 99.9%, de 2016, e o EP Nothin’ Like U/Chances, de 2018, promete transformar o Meco numa grande pista.

#04 Phoenix

Dos subúrbios de Paris para o mundo, os Phoenix são uma declaração de amor aos anos 70 em forma de banda. As boas indicações deixadas no álbum de estreia, United (2000), foram estritamente seguidas em Alphabetical (2004) e It’s Never Been Like That (2006), abrindo espaço e lugar para uma das maiores obras-primas da década passada, que é o caso de Wolfgang Amadeus Phoenix, em 2009. A pressão não foi acusada a fasquia manteve-se alta em Bankrupt! (2013) e finalmente em Ti Amo (2017), disco recheado de sintetizadores dominados com uma rara mestria em função da música. Será esse álbum mesmo a apresentar na condição de headliners do segundo dia do Super Bock Super Rock.

#05 Jungle

Josh Lloyd-Watson e Tom McFarland constituem, no que toca a fazer dançar, a dupla Jungle. Os britânicos podem ser dois em estúdio, mas a sua execução ao vivo, especialmente no toca a reproduzir toda a musicalidade neo-soul do álbum de estreia e dos mais recente For Ever (2018), exige a presença de sete músicos em palco. A festa prometida é de tons quentes, condizentes com o Meco e a fazer a ponte com a inspiração de Los Angeles, como evidenciam temas como “Heavy, California” ou “House In L.A.”.

#06 Charlotte Gainsbourg

No grande ecrã, Charlotte Gainsbourg é talvez uma das caras mais reconhecidas do cinema europeu; na música, Charlotte não se limita porém a ser filha de Jane Birkin e Serge Gainsbourg. O seu sucesso deve-se ao seu talento e não à questão genética, pois soube aproveitar da melhor maneira a herança com que nasceu. Depois de 5:55 (2006) e IRM (2009), foram precisos oito anos para novo álbum, Rest, que apresenta um punhado de canções adultas sobre a perda, a morte, o medo e uma série de conflitos interiores. Tudo isto sempre com uma musicalidade francófona e também de inspiração nos 70’s, ou não fosse um disco com as colaborações de Paul McCartney ou Guy-Manuel de Homem-Christo, dos Daft Punk.

#07 Conan Osiris

O ano de 2019 até podia estar a ser um autêntico carrossel para Conan Osiris, mas Tiago Miranda, o seu nome original, mantém-se fiel a si próprio. De vencedor incontestado do Festival da Canção até à eliminação prematura na Eurovisão, o mesmo mote mantém-se para a música original de Conan. “Telemóveis” pode ter sido apenas um rotunda na estrada da sua criatividade, pois a frescura de Adoro Bolos (2017) e a irreverência intocável do seu alter-ego mantêm em alta as expectativas de um artista muito pouco consensual. Seja no lançamento de novos singles ou no momento de pisar um palco, a indiferença não tem lugar no seu dicionário.

#08 Shame

Se há banda em cartaz que faz jus ao nome Super Rock, os Shame são claros candidatos a reclamar esse estatuto. São uma das bandas britânicas mais estimulantes da actualidade  e prova natural de que o rock inglês continua a surgir “do nada”. Songs of Praise, editado em 2018, está cheio de momentos pós-punk, mesmo com alguns rasgos de punk cru ao jeito de compatriotas do passado. Os concertos de Shame são apenas mais uma forma de se estenderem ao público, sendo a interacção directa uma ordem.

#09 Cat Power

O regresso de Charlyn Marie Marshall é também o seu regresso ao Meco. Foi precisamente na edição anterior do festival neste recinto, em 2014, que Cat Power actuou por cá pela última vez. No ano passado voltou aos álbuns, Wanderer, o primeiro seis anos e o sucessor do luminoso Sun, sendo este mais um capítulo de uma das carreiras mais singulares da música dos últimos trinta anos. You Are Free e The Greatest, de 2003 e 2006, podem estar para trás mas Cat Power continua a ser hoje tão ou mais alarmante como antes.

#10 Metronomy

Os Metronomy de Joe Mount não são hoje apenas uma máquina de fazer dançar. Nunca o foram. Mas é assim que funcionam ao vivo: batida viciante aliada à riqueza pop dos sintetizadores e do baixo cheio de groove que nos deixa irrequietos. Tem sido assim desde o boom de The English Rivieira (2011), álbum que catapultou a banda para o mundo, tendo-se chegado mais recentemente a uma maturidade cuidada do indie que se faz dançar. Summer 08, de 2016, continua a ser o álbum mais recente, mas em Setembro há Metronomy Forever, disco que já devem visitar através de alguns temas no regresso ao Meco, onde actuaram no Super Bock Super Rock em 2014.

Para além destes dez nomes, neste Super Bock Super Rock vão ainda actuar outros destaques como Migos, The 1975, Christine and the Queens, Disclosure (DJ set), FKJ, Capitão Fausto, Branko, Masego ou Superorganism, para além de um warm-up na véspera do arranque, a 17 de Julho, com a curadoria da Discotexas.

Autor: Nuno Bernardo