Super Nova. A despedida no Ginjal Terrasse antes de um novo circuito

O Ginjal Terrasse foi palco para a despedida de mais um circuito Super Nova. A receita manteve-se: o circuito nasceu e arrancou no Maus Hábitos, no Porto, correu algumas salas de norte a sul e coube a Almada receber a última data da mini-digressão que juntou Throes + The Shine, 10 000 Russos e Whales, no passado dia 3 de Março.

O mau tempo que se fez sentir à beira-rio, ali mesmo com Lisboa à mercê da vista de todos, foi adversidade mas não impedimento de repetir uma noite quente como aquela que se passou no mesmo espaço em Novembro. Recorde-se que nessa vez coube a Ermo, Killimanjaro e The Parkinsons de tratar de “arrumar” a sala. Em ambos os circuitos teve-se a especial intenção de misturar estilos de música diferentes, uma aposta de diversidade na emergência de talentos nacionais. Quem nos conta é Daniel Pires, director artístico do Maus Hábitos, que nos fez o balanço de mais um circuito Super Nova antes de apresentar um novo. A intenção é mesmo “juntar vários públicos de várias tribos” e “criar elos de proximidade entre bandas que não se conhecem” ao mesmo tempo que se fazem concertos fora dos grandes centros urbanos (à excepção da casa-mãe, o Porto), onde a massa crítica está menos presente e o público preenche a moldura de pequenas salas de concertos num projecto patrocinado pela Super Bock. Um projecto de descentralização, onde se fogem das grandes cidades, como ajuda a perceber a deslocação de uma eventual data em Lisboa para a outra margem do Tejo. Se o ideal é ajudar a “descobrir as casas de música ao vivo que sobrevivem fora dos grandes centros urbanos”, a Super Nova assim o faz enquanto constrói uma corrente de confiança entre agentes, músicos e donos destas casas, de modo a que a “desertificação do interior seja mais lenta”.

Em jeito de balanço, Daniel conta-nos também que, apesar das “casas completamente esgotadas”, esta tour não foi tão fácil como a primeira – os projectos são assumidamente menos comerciais que os da anterior, mas a Super Nova “não tem de ser um espaço de conforto e sim de confronto”. Juntar Whales, 10 000 Russos e Throes + The Shine fez parte da “vontade de misturar o que aparentemente não se mistura”. A receita mantém-se, de certa parte. O próximo circuito Super Nova faz-se com Scúru Fitchádu, Sunflowers e Stone Dead no Salão Brazil (Coimbra), Stereogun (Leiria), GrETUA (Aveiro), CCOB (Barcelos), SHE (Évora) e, claro, no Maus Hábitos (Porto). Arranca já em Abril e as datas já estão cá fora, como adiantámos entretanto, aqui.

Texto e Entrevista: Nuno Bernardo
Fotografia: João Rosa