Spoon no Coliseu do Porto. Pensamentos quentes em sala fria

Após passagem recente pelo festival NOS Alive, em Julho passado, os texanos Spoon trouxeram agora o seu indie rock inconfundível até ao Coliseu do Porto para o penúltimo concerto da digressão europeia, que terminou no dia seguinte no Coliseu dos Recreios, em Lisboa.

A abertura da noite ficou a cargo dos Husky Loops, «our friends from London» disse Britt Daniel aquando dos agradecimentos finais, que apesar do início tímido foram conquistando o público com um concerto bastante competente.

Chegada a hora do prato principal, foi com uma plateia bem composta e bancadas praticamente vazias que os Spoon subiram ao palco do Coliseu do Porto. “Do I Have To Talk You Into It” e “Inside Out” deram início a um alinhamento que percorreu quase toda a discografia da banda, seguindo-se “I Turn My Camera On” e “The Beast and Dragon, Adored” do antigo Gimmie Fiction, lançado em 2005. Na primeira de quatro visitas ao recentemente remasterizado Ga Ga Ga Ga Ga, de 2007, lançaram-se a “Don’t You Evah” e regressaram então a temas mais actuais como “Do You” e “Via Kannela”, um tema instrumental em tom mais electrónico, que serviu como um interlúdio musical para introdução de “I Ain’t The One” em que o vocalista surge deitado numa plataforma em palco e lá permanece até ao final da mesma. Sem tempo para digerir brindaram o público com “Everything Hits At Once” resgatado do primeiro álbum da banda, Girls Can Tell de 2001, “Can I Sit Next To You”, um dos temas mais celebrados da noite, “My Mathematical Mind” e “Don’t Make Me A Target”.

Na recta final do alinhamento principal aparecem “The Underdog”, “Got Nuffin”, retirado do álbum Transference editado em 2010, e “Black Like Me”, que deixou o público a pedir mais enquanto a banda abandonava o palco. O início do esperado encore fez-se com “WhisperI’lllistentohearit”, passando por “Pink Up” e terminando com a dupla “Hot Thoughts” e “Rent I Pay”.

Talvez a falta de adesão do público, provocada por uma agenda musical bem preenchida, tenha deixado a banda menos entusiasmada em palco. Ainda assim, o concerto cumpriu as expectativas sem no entanto deixar aquela água na boca para um regresso tão rápido como este.

Texto: Diogo Lourenço
Fotografia: Lara Jacinto / Everything Is New