Korn no Campo Pequeno. O tão almejado concerto

A passada edição do Rock in Rio Lisboa não culminou da melhor maneira para os fãs de Korn, sobretudo aqueles que já aguardavam há mais de nove anos pelo regresso da banda a Portugal. Com o infeliz desfecho desta anterior passagem da banda por cá, a expectativa dos fãs estava agora ainda mais aguçada, sem mencionar a surpresa que foi The Serenity Of Suffering, o décimo segundo álbum da banda que viu a luz do dia ainda no final do ano passado. Tudo somado, resultou num concerto quase esgotado que era o derradeiro tira-teimas à reputação da banda californiana.

Mas first things first. Ao chegarmos à Praça do Campo Pequeno, era grande o aparato cá fora. Os texanos HELLYEAH já haviam inaugurado o palco, mas a grande maioria parecia ainda estar a aproveitar o cair da noite lá fora. Já dentro das quatro paredes (por assim dizer), o quinteto, mais conhecido por conter na sua formação o vocalista Chad Gray (Mudvayne) e o baterista Vinnie Paul (ex-Pantera), agarrava como podia o público que se chegava à frente. Também com um álbum lançado no final do ano passado, Unden!able surgiu logo inicialmente com os temas “!” e “X”, seguidos de três temas do álbum anterior, e findando o curto mas coeso espetáculo, com mais dois temas do recente trabalho.

O cenário alterou-se pouco antes dos Heaven Shall Burn entrarem em palco, com a plateia a preencher-se agora a passos largos, não fossem também eles já um nome bastante conhecido dentro metalcore, e que conta mais de 20 anos de estrada. A energia desde alemães começou avidamente a criar tensão nas filas da frente, o que originou os primeiros pits da noite e também ao início dos efusivos crowdsurfings, com temas como “Hunters Will Be Hunted” ou “Voice of the Voiceless” a servirem de mote aos mais entusiastas. Também com novo álbum na bagagem, Wanderer fez-se ouvir com “Downshifter” e “Passage of the Crane”, mas foi com a poderosa Endzeit” que a banda ditou o final da actuação.

Chegado o derradeiro momento da noite, o Campo Pequeno – já quase lotado – esperava ansiosamente pelo que se escondia atrás da cortina. Ouvem-se os primeiros acordes de “Right Now”, e o pano cai revelando os seis músicos, emoldurados por uma parede de gigantes cubos de luzes e uma tela com o logótipo da banda.  A plateia entra em euforia imediata, e assim continuou até ao final do concerto. A um ritmo quase de tirar o fôlego, fomos bombardeados com single atrás de single, num espectáculo que podia ser facilmente denominado por “Best of Korn”, quase como que uma recompensa aos fãs pela tremenda falha do ano passado.

Do ultimo álbum, apenas “Rotting in Vain” e “Insane”, é que emergiram no meio da compilação, meio que despercebidas, mas que deixaram alguma água na boca, não fosse este ultimo um dos mais coesos trabalhos da banda. Depois de uma divertida “Word Up!” – cover de Cameo – e uma “Coming Undone” intercalada por trechos de “We Will Rock You”, o aguardado pedido de desculpas aparece, feito por Jonathan Davis, ao qual o público bastante aplaudiu e que diga-se de passagem, a esta altura já estava mais que esquecido.

Um valente “Fuck That” instigado pelo vocalista traz à mesa “Y’All Want a Single”, seguindo por temas icónicos como “Make Me Bad” e “Shoots and Ladders”, com Jonathan a aparecer em palco com a sua gaita de foles, e ainda a finalizar com um pequeno excerto da “One” dos Metallica. “Blind” continua a ser dos temas que mais faz vibrar os fãs, e aqui não foi excepção, introduzido por um pesadíssimo solo de bateria de Ray Luzier.

“Good God” fecha a primeira parte do concerto e são “Falling Away From Me” e “Freak on a Leash” os temas que nos dão o encore final, continuando a ser dois dos principais cartões de visita da banda que claramente ainda atraem novas gerações consigo, e mantêm os “clientes” da casa com vontade de repetir. É sensato dizer que a espera apesar de longa, valeu a pena!

Texto: Rute Pascoal
Fotografia utilizada: Débora Jacinto