Web + Madame Violence + AngerLord @ Texas Bar, 12/6/2015

Foi numa acolhedora noite de sexta feira, precedendo o segundo fim de semana do mês de Junho, que a tour Everything Ends dos veteranos Web passou por Leiria. O palco escolhido foi o Texas Bar, pisado nessa mesma noite por duas novas e promissoras bandas locais. Os AngerLord trouxeram Thrash puro e duro e os Madame Violence algum Death com um gostinho sinfónico, mostrando-se ambas à altura do desafio de abrir para uma das melhores bandas de Metal nacionais.

Formados na Marinha Grande em 2011, o percurso dos AngerLord tem testemunhado várias mudanças de elenco desde o seu concerto de estreia, registado aqui pela Ruído Sonoro. Abrindo com Inner Demons, cedo deu para perceber que a banda evoluiu imenso nestes quatro anos. Com uma técnica apurada, sem grandes floreados mas com momentos bastante interessantes, foram quarenta minutos de puro Thrash , onde se destacou pela positiva uma lead guitar enérgica e um bom acompanhamento no baixo e bateria. Já o vocalista, para quem o conhecesse de projectos anteriores, mostrou uma voz mais controlada e no caminho certo.

Apesar de terem Thrash na alma, as t-shirts que envergavam representavam várias sonoridades de Death: o groove dos Lamb Of God, a técnica dos Obscura, o som clássico dos Cannibal Corpse e a brutalidade de Homer Simpson! Com momentos altos em Lies’ Infection e Leeches, pareceu faltar à banda tocaram mais vezes juntos, porque se individualmente estiveram irrepreensíveis, a nível colectivo denotou-se alguma falta de interacção. Fica a surpresa pela sua evolução exponencial e o desejo de ouvir um álbum de estreia!

Há quem diga que à terceira é de vez, mas bastaram duas tentativas para o concerto dos Madame Violence arrancar, após um pequeno problema técnico inicial. Juntando esta falsa partida ao primeiro tema, Obsolescence, relativamente desinteressante quando comparado com os restantes, ficou no ar um falso prenúncio de um concerto mediano. A verdade é que logo a seguir, com Intelectual Gallows, a banda impulsionou o espectáculo para outro nível; a partir daí, foi um crescendo a nível técnico e musical, não fossem seis os músicos a dar o seu contributo, num palco demasiado pequeno para toda a banda e para tanto jovem talento.

Tocando o seu EP de estreia Vengeance Through A Dying World na íntegra, houve também espaço para três novos temas, a incluir no futuro álbum de estreia. Com três guitarras em tons diferentes, um baixo de seis cordas bastante técnico, uma voz poderosa suportada por outra entre o excelente e o mediano, uma furiosa bateria com ocasional pedal duplo e um delicioso toque sinfónico, houve muito pormenor para o público apreciar. Energicamente apoiados por fãs chegados à banda, que proporcionaram os primeiros moshes da noite, foi com uma sonoridade agressiva e brutal, mas com melodia e progressão nos momentos certos, que a banda nos presenteou durante cinquenta minutos. Na memória fica, além da boa música, a sua mascote suína e o seu invulgar contributo em The Swine Dialectic.

A noite já ia longa; foi preciso esperar pelas duas da manhã para os cabeças de cartaz subirem a palco. Certificando-se que os presentes estavam de pé e chegados à frente, foi com o primeiro de sete temas do álbum novo, Taking The World, que a experiente banda abriu as hostilidades. Cerca de uma centena de pessoas assistiam, número que se manteve mais ou menos constante durante toda a noite. Não foi preciso esperar muito para a banda mandar tudo abaixo com o seu peso, incluindo o pano de fundo com o nome da banda.

Os Web são sem dúvida uma banda interessante de ver ao vivo, transbordando autenticidade naquilo que fazem. A comicidade do guitarrista Victor Matos e do baterista Pedro Soares contrastam com a séria e concentrada postura do virtuoso guitarrista Filipe Ferreira, num quarteto completado pelo vocalista e baixista Fernando Martins, sempre comunicativo, profissional e capaz de criar uma forte empatia com o público.

Revisitando três temas do álbum anterior e um clássico do álbum de estreia, foi sobretudo com temas do novo álbum que a banda brilhou. Músicas longas e complexas, sobretudo o épico de quase dez minutos Everything Ends Part I, a brutalidade de God Of Nothing e o inteligente momento de descontracção e interacção com o público na wall of dance de False Prophets.

Como um bom vinho, os Web apuram com o passar do tempo. Numa noite com ementa de Thrash, foram também o prato principal, com a qual o público se deliciou do primeiro ao último minuto. Talvez não fosse a maior nem a mais efusiva das plateias, mas as expressões dos presentes confirmam o brilhantismo do álbum que dá nome à tour, imperdível ao vivo.

Fotografia: Marina Silva
Texto: David Matos

Setlist de AngerLord
Setlist de Madame Violence
Setlist de Web