James Holden @ Lux Frágil, 18/4/2015

Mais de seis anos passaram desde o lançamento da pedra basilar no percurso de James Holden, “The Idiots Are Winning“, em 2006, pela Border Community, editora fundada pelo próprio e que hoje engloba cúmplices como Nathan Fake, Luke Abbott ou Extrawelt.

Em 2013, “The Inheritors“, apresentado na passada noite de sábado, intrigou e surpreendeu muitos ouvidos – um paradigma simbiótico entre o arcaísmo analógico, folk, e o futurismo digital, o jazz, a electrónica e o techno; o produto final do background rico e extenso a que Holden já nos acostumou. Do techno ao house progressivo (recorde-se o longínquo “A Break in The Clouds” de 2003), ao trance (lembrado nos singles “Horizons” e “Solstice”), passando pelas colaborações com Caribou, Four Tet ou Thom Yorke e os seus Atoms For Peace.

Ao vivo, acompanha-o o baterista Tom Page, treinado em jazz, pois bem, que afincadamente compasseia os meandros sonoros e os engenhos do sintetizador modular. “Rannoch Dawn”, desconcertante, frenesim eléctrico crescente entre bateria e sintetizador repetitivos, faz as honras de abertura (álbum e live) e abre caminho a “Renata”, acompanhada pelo loop de animações de Jack Featherstone (o responsável pelo artwork de “The Inheritors“), um incrível crescendo de bateria galopante sobrepondo um ritmo quadricular subtil, blips electrónicos díspares que se alastram até ao ponto perfeito de clímax/desintegração.

“Blackpool Late Eighties” serve de ilustração perfeita do híbrido analógico/digital, pelo compasso rítmico electrónico consistente envolto num drone especial, melancólico de sintetizador.  O final avizinhava-se épico, com o primeiro travo de “The Caterpillar’s Intervention”, uma das pedras preciosas deste LP – rasgos de bateria tribal, sinuosa, de uma intensidade a relembrar Battles ou até Fuck Buttons, e uma qualquer melodia cósmica, ancestral, alicerçada nas sopradas frenéticas de saxofone (da responsabilidade de Etienne Jaumet, convidado a participar nas gravações), num culminar realmente hipnotizante.

Fotos e Texto: Telma Correia