FUNDAMENTAIS DO PROGRESSIVO: Please Don’t Touch e Brave

Estes dois discos são bastante diferentes e foram concebidos em décadas bem diferentes, e tiveram recepções bastante díspares. Mais uma vez apresentamos aqui um disco de Steve Hackett, e pela quinta vez apresentamos Marillion, um dos grupos mais marcantes na história do rock progressivo.

Steve Hackett – 1978 – Please Don’t Touch

Este é o segundo álbum a solo do guitarrista e o primeiro após ter saído dos Genesis, frustrado por não aceitarem as suas ideias para os álbuns do grupo, o nome do disco provém de uma faixa que ele compôs para os Genesis mas que não foi aceite, intitulada “Please Don’t Touch”. É reconhecido como um dos grandes álbuns do lendário guitarrista e um óptimo sucessor do excelente Voyage of the Acolyte, lançado apenas três anos antes.

Seguindo o modelo de interpretação do primeiro álbum, Please Don’t Touch contém diversos músicos convidados como Richie Havens, Chester Thompson, Randy Crawford e Phil Ehart, entre outros.

Lista de faixas para Please Don’t Touch:

01. NarniaPlease_Don't_Touch
02. Carry On Up the Vicarage
03. Racing In A
04. Kim
05. How Can I?
06. Hoping Love Will Last
07. Land of a Thousand Autumns
08. Please Don’t Touch
09. The Voice of Necam
10. Icarus Ascending

O disco acaba, muitas vezes, por ter duas partes, as primeiras quatro faixas bastante mais complexas e rápidas e com uma toada mais entusiasmante, instrumentalmente, no entanto a partir de “How Can I?”, interpretada pela voz fantástica de Richie Havens, verifica-se um processo crescente de emoção e de menor progressividade instrumental. Algo que pode ser péssimo se a diferença for surpreendente e se a disparidade for muito grande, mas neste caso isso não acontece, acrescentando muito potencial e qualidade a um dos grandes discos da segunda metade da década de 70.

Steve Hackett – Please Don’t Touch (álbum na íntegra)

Marillion – 1994 – Brave

É um dos mais controversos álbuns do grupo britânico já que divide opiniões e se baseia numa história verídica. Apesar das várias opiniões e críticas que possam ser feitas ao disco, Brave recebeu diversas condecorações por parte de diversas revistas da especialidade como um dos melhores álbuns da década e um dos melhores discos conceptuais de todos os tempos.

A história ficcional incide sobre a história verídica de uma jovem que foi encontrada a vaguear pela polícia, sem saber onde estava e o que estava a fazer, e recusando-se a falar seja com quem for. Steve Hogarth ouviu esta história pela rádio e decidiu, com o grupo, compor um álbum conceptual sobre como poderá ter sido a vida da jovem, e o que a pode ter levado a vaguear de forma tão apática e vulnerável.

Lista de faixas para Brave:

01. BridgeMarillion - Brave
02. Living With The Big Lie
03. Runaway
04. Goodbye To All That
05. Hard As Love
06. The Hollow Man
07. Alone Again In The Lap Of Luxury
08. Paper Lies
09. Brave
10. The Great Escape
11. Made Again

O ‘argumento’ está, de facto, muito bem escrito com grande parte das faixas a incidirem no terrível caminho e combate mental que a jovem poderá ter enfrentado ao longo da sua vida, até aquele ponto. Grande parte da crítica provém da dificuldade em absorver e entender inteiramente o conceito do disco. É um álbum bastante emocional e com uma toada muito melancólica, com uma forte incidência nas possíveis histórias de desgosto, depressão, tristeza e abandono da jovem. O disco é longo com mais de uma hora de duração, que poderá arrastar-se senão se prestar a devida atenção ao álbum. “Hard As Love” e “Paper Lies” quebram o ambiente de melancolia e depressão que o grupo tenta impor, com estas duas últimas a serem as mais rockeiras e fortemente dominadas pela guitarra e ritmo entusiasmante.

Marillion – Brave (álbum na íntegra)

// João Braga