Vagos Open Air 2013 @ Quinta do Ega, 9 e 10 de Agosto

Fotografia por: Marina Silva
Texto por: David Matos

O Ano da Afirmação

V de Vagos, V de quinta edição, V de viragem. Anunciado no spot publicitário como o ano da afirmação, esta edição foi mais o ano da mudança, com o festival a justificar mais do que nunca o seu nome, ao deslocar-se da nossa velha amiga Lagoa do Calvão, que tão bem nos recebeu desde 2009, para a vila de Vagos, mais precisamente para a belíssima Quinta do Ega. No cartaz mais controverso de sempre e no meio de muita desconfiança em relação ao novo local, foi preciso grande esforço e força de vontade para realizar o festival com condições que reconquistassem os metaleiros reticentes e ao mesmo tempo angariasse novos públicos.

Como muitos previam, desde o anúncio de bandas como Sonata Arctica e Lacuna Coil, este foi o ano com mais presença feminina em Vagos, bem como muito pessoal da velha guarda, atraído pelas sonoridades clássicas de Heavy e Power e pelos míticos Testament. Relativamente à adesão, o primeiro dia teve o público habitual em média dos últimos 2 anos, enquanto que o segundo surpreendeu com uma das maiores (senão mesmo a maior) enchentes de sempre do Vagos Open Air, com o recinto muito bem composto nas últimas 3 bandas da noite. Porventura estaria ainda mais pessoal, não fosse o infeliz cancelamento dos Saxon, provavelmente a banda que mais gente atraia de todo o cartaz.

Perfeito no que toca a condições para ver e ouvir música, numa recepção ao campista este ano sem “fogo-de-artifício”, esta edição do Vagos pecou pelas condições de campismo e algum excesso de zelo. Não foi o ano da afirmação de todo, uma vez que dividiu ainda mais as opiniões e mostrou potencial para ser melhor. Foi sim mais um ano com um ambiente espectacular e, goste-se ou não, com bandas de renome internacional que fizeram a sua parte e deram alguns concertos memoráveis, como vamos testemunhar no seguimento desta análise.

 

Os Concertos

Esta edição do Vagos ficou marcada pelo cartaz menos pesado de sempre, com um leque de artistas virado sobretudo para o Heavy/Power Metal, com o primeiro dia a abrir e fechar com algo mais gótico e o segundo a fazer o mesmo mas com Thrash. Mais agressivo, além do Thrash, só mesmo Moonsorrow e Rotting Christ, ambos a aquecer o final de tarde após as bandas nacionais. Aqui ficam as reportagens de ambos os dias:

DIA 9

Secret Lie – Bizarra Locomotiva – Moonsorrow – Evergrey – Sonata Arctica – Lacuna Coil

DIA 10

Web – Tarantula – Rotting Christ – Iced Earth – Gamma Ray – Testament

 

O Local: Quinta do Ega

A primeira impressão à chegada ao local, com uma visão magnífica sobre todo o espaço cá em baixo, é a de que o Vagos está a crescer e a parecer-se cada vez mais com os grandes festivais. Ainda antes, cá fora, a salientar as boas condições de estacionamento e o acesso fácil a supermercados, padarias, multibanco e farmácias; muito melhor do que o Calvão nesse aspecto. Também por oposição ao Calvão, a entrada este ano foi mais controlada, feita por um estreito carreiro delimitado por grades e guardado por seguranças, não sendo o acesso ao campismo tão “livre” como estávamos habituados na lagoa.

Por falar em campismo, esse foi o grande ponto negativo da Quinta do Ega. A zona de mato com sombra é simplesmente insuficiente, tendo enchido rapidamente na quinta feira. As restantes pessoas tiveram que ficar na zona de campismo ao sol, que também não é tão vasta assim, tendo os mais atrasados que acampar numa zona relvada mesmo ao lado das casas de banho. Não ajudou também a proibição na quinta-feira de levar garrafas de vidro para a zona de campismo, que acabou por ser levantada, mas que causou alguma indignação. Houve ainda na quinta-feira falta de torneiras para lavar as mãos e os dentes, havendo apenas uma instalada ao lados dos chuveiros, algo que acabou por ser corrigido na sexta com a montagem de mais três (salvo erro). A única melhoria no que ao campismo diz respeito foi o permanente patrulhamento dos seguranças, tornando o local mais seguro.

Em relação ao recinto para os concertos, esse sim, foi uma melhoria significativa. Um relvado acolhedor e um palco montado contra o sol, projectando alguma sombra sobre o público, fizeram esquecer a bancada do estádio no Calvão. A oferta em termos de restauração e merchandising também melhorou, com preços acessíveis para um festival, embora sem margem para aumentar. Já a acústica do local foi perfeita, com o som nítido e perfeitamente audível em qualquer local do recinto.

Em suma, a Quinta do Ega é um local melhor para ver e ouvir música e ter acesso aos bens essenciais. No entanto, é manifestamente pior para o campismo, um ponto crítico que tem que ser revisto. Ficam saudades da vasta sombra da Lagoa…