VAGOS OPEN AIR 2012 – Dia 1

Disaffected

Progressive Death Metal  –  Portugal

 
A honra de abrir a quarta edição do Vagos Open Air coube aos portugueses Disaffected, que responderam com um concerto tecnicamente bom mas algo morno, fruto de uma presença em palco que deixou algo a desejar (o que é de estranhar, para uma banda com 21 anos de existência) e do facto de muita gente estar ainda do lado de fora do recinto, a montar tendas, cumprimentar amigos e preparar-se para os uma longa noite de concertos. A banda passou por isso ao lado de quase todos e não aproveitou da melhor forma a oportunidade de se darem a conhecer à comunidade metaleira nacional, o que foi pena, visto em estúdio demonstrarem um potencial interessante. Fica a sensação que a banda resulta melhor em CD do que ao vivo.

Northland

Melodic Death/Folk Metal  –  Espanha

 
Pode-se dizer que foi com os Northland que o Vagos a que nos habituámos realmente começou. Folk e Melodic Death Metal é uma combinação que atraí sempre muita gente, mas mesmo assim foi com alguma surpresa que se viu a banda espanhola a conquistar o público daquela maneira em tão pouco tempo. Com o microfone do vocalista mudo durante quase a totalidade do primeiro tema, o resto do concerto desenrolou-se sem problemas técnicos e trouxe ao Vagos os primeiros momentos de mosh pit e crowd surfing. Enérgicos e com uma grande presença em palco do vocalista (pelo menos, tendo em conta a curta existência da banda e a relativa inexperiência), os Northland certamente conquistaram novos fãs, num concerto cujo ponto alto foi o alegre tema The Old Town’s Inn, onde Pau Murillo meteu o público a entoar a melodia de abertura do refrão. Melhor aquecimento para Eluveitie não se podia pedir!

Setlist
Where The Heroes Die | Northland | Whispers In The Wind | The Old Town’s Inn | Immortal Forest Song | Revenge

Eluveitie

Melodic Death/Folk Metal  –  Suíça

 
De todo o cartaz do V:O:A 2012, pode-se dizer que os Eluveitie eram a única banda mais para “meninas”, dado a sua natureza folk melódica. No entanto, quem estava à espera de um concerto mais calmo, depressa tirou essa ideia da cabeça, porque a banda suíça veio ao Vagos com uma energia tremenda e uma setlist agressiva, agressividade essa acentuada por uma presença em palco incansável de Chrigel Glanzmann. Com 10 temas retirados do seu último álbum, Helvetios, os Eluveitie cantaram em Vagos a história e cultura do povo helvético. Chrigel fez questão de frisar o prazer de voltaram a tocar em solo nacional, “não só pelas lindas mulheres portuguesas, mas também por Portugal ser um país com um forte legado histórico, muito próprio”. Muito boa esteve também a voz de Anna Murphy, que gritou sem desafinar o concerto todo e teve o seu momento no tema A Rose For Epona. Destaque ainda para a wall of death pedida pelo vocalista na abertura do tema Kingdom Come Undone, que resultou num dos maiores circle pits que Vagos viu este ano.

Setlist
Prologue | Helvetios | Luxtos | Neverland | Bloodstained Ground | Meet the Enemy | A Rose for Epona | Inis Mona | Alesia | The Uprising | Kingdom Come Undone | Havoc | Epilogue

Enslaved

Progressive Black Metal  –  Noruega

 
Depois de duas bandas de quente e animado Folk, eis que surgiu o gélido negrume do Black Metal norueguês! Iguais a si mesmos, os Enslaved trouxeram a Vagos uma lufada de ar frio cortante e deram um concerto a roçar a perfeição, que tão bem fez a ponte entre Eluveitie e Arcturus. Abrindo com uma potente Ethica Odini, foi pena o público presente não ter estado à altura, longe daquilo que se viu nos restantes concertos. Muita gente acabou por aproveitar a hora de Enslaved para ir jantar, e um concerto que tinha tudo para ser mágico a todos os níveis, acabou por pecar apenas na plateia, quase estática. Não obstante, foi com grande atitude que os experientes Enslaved nos presentearam com uma boa setlist, da qual apenas retirava a cover da Immigrant Song: para um concerto de apenas hora e meia, preferia ter ouvido mais um tema do longo catálogo da banda. De resto, excelentes momentos ao longo de toda a actuação, com a boa disposição do vocalista a contrastar com os temas de profunda e quase solene temática nórdica. Destaque para a voz limpa de Herbrand Larsen, sempre bem colocada e dando momentos de fria melancolia a temas como Raidho e Giants.

Setlist
Axioma | Ethica Odini | Raidho | Fusion of Sense and Earth | Ground | Return to Yggdrasil | Giants | Ruun | As Fire Swept Clean the Earth | Immigrant Song (Led Zeppelin cover) | Allfaðr Oðinn | Isa

Arcturus

Avant-Garde Metal  –  Noruega

 
A seguir aos gigantes Enslaved, não se esperava menos dos Arcturus do que um concerto ao mesmo nível ou melhor ainda. Infelizmente, esteve longe disso, por diversos motivos. Primeiro, os problemas técnicos que perduraram praticamente todo o concerto, sobretudo notórios no início, com falhas no som de quase tudo. O som foi melhorando com o desenrolar do concerto, mas parece que nunca chegou a encaixar bem, especialmente no que toca à guitarra e aos teclados. Segundo, pela voz do Vortex, que apesar de ter tido grandes momentos, acabou por desafinar nas notas mais agudas, além de que a sua presença em palco parecia mais movida a whisky que outra coisa (mesmo assim, melhor que o resto da banda). Terceiro, pelo atraso em relação à hora marcada, o que forçou a banda a cortar temas da setlist. Apesar de tudo isto, os Arcturus acabaram por dar um bom concerto, fruto da qualidade dos temas e da experiência dos membros; o problema é que deles não se pedia menos do que excelência, e disso estiveram longe. Não sei se a própria banda teve noção disso, mas fica no ar a sensação que os Arcturus nos ficaram a dever um concerto em solo nacional mais próximo do brilhante Shipwrecked In Oslo. Se é verdade que Arcturus resulta melhor em estúdio que ao vivo, também é verdade que conseguem fazer bem melhor em palco!

Setlist
Evacuation Code Deciphered | Ad Absurdum | Nightmare Heaven | Shipwrecked Frontier Pioneer | Alone | Deception Genesis | The Chaos Path | Master Of Disguise | To Thou Who Dwellest In The Night | Painting My Horror

At The Gates

Melodic Death Metal  –  Suécia

 
Na sequência daquela que foi para muitos a maior desilusão do Vagos, a missão dos At The Gates era a de reacender o público e dar ao Vagos mais um momento único. Missão mais que cumprida! Com uma brutal abertura com o tema Slaughter Of The Soul, os suecos mostraram que ainda têm a energia dos velhos tempos e deram aquele que foi sem dúvida o grande concerto do primeiro dia. Pouco mais de uma hora de pura intensidade e loucura, com um Tomas Lindberg incansável e a voz melhor do que nunca, trouxeram de volta os mosh pits e a loucura generalizada. Com uma execução técnica excepcional, os At The Gates percorreram, como já é hábito nesta segunda tour de reunião, temas de todos os seus registos discográficos. Foi um concerto absolutamente alucinante, em que a banda mostrou bem o porquê de serem para muitos a primeira e melhor banda de Melodic Death Metal de sempre. Ainda se nota uma excelente química dentro da banda. Porque não aproveitar a reunião e lançar um último álbum, para ensinar às muitas pseudo bandas de Melodeath como se fazem as coisas a sério?

Setlist
Intro | Slaughter of the Soul | Cold | Terminal Spirit Disease | Raped by the Light of Christ | Under a Serpent Sun | Windows | World of Lies | The Burning Darkness | The Swarm | Forever Blind | Into the Dead Sky | Suicide Nation | Nausea | The Beautiful Wound | Unto Others | All Life Ends | Need | Blinded by Fear | Kingdom Gone

Nasum

Grindcore  –  Suécia

 
A noite ia longa e os At The Gates esgotaram a energia de muita gente em Vagos. Foi por isso sem surpresa que os Nasum tiveram uma plateia bastante reduzida, algo que frustrou o vocalista. Apesar disso, o primeiro e quase de certeza último concerto da banda em Portugal foi marcado por uma brutalidade extrema e implacável, numa infernal explosão de riffs e berros, o momento mais extremo das quatro edições do Vagos, não fossem os Nasum os senhores do Grindcore. Para a memória fica um concerto aquém das expectativas em público, mas irrepreensível da parte dos músicos, que fizeram questão de dar a Portugal um momento histórico. Foi com este gritante ruído sonoro que o primeiro dia do Vagos chegou ao fim.